Três dicas rápidas para ouvir nesse verão

Não se trata de Jack Johnson. As músicas e artistas não têm muito a ver com a estação, não remetem a sol, praia, piscina ou a uma preguiçosa rede. Bom, um dos clipes tem um clima agradável de verão sim, mas só isso. Uso o termo aqui mais para designar a temporada em que farão sucesso. Na minha playlist, pelo menos. Ficam as sugestões. Coincidentemente, todas trazem compositores para os holofotes.

1. Sia – Elastic Heart
Conheci essa cantora australiana, Sia, por indicação da minha amiga Fernanda – obrigada, querida! Sia tem uma carreira de 14 anos, porém só alcançou fama internacional quando se uniu a David Guetta para compor Titanium e a Flo Rida para fazer Wild Ones. Soa familiar? 😉

A australiana me ganhou quando fui apresentada ao clipe de Chandelier. Nele, uma garotinha de peruca platinada arrebenta de dançar. E é isso do começo ao fim. A cantora se encantou com a menina após tê-la visto no divertido reality show Dance Moms e a convidou para estrelar o vídeo. A bailarina prodígio mandou tão bem, que foi convocada para uma trilogia de videoclipes. O de Elastic Heart, o segundo e da música que acho que vai bombar, conta ainda com Shia LaBeouf que, com ou sem polêmicas no Twitter, é um ator bastante interessante. A dupla interpreta um embate visceral entre os alter egos de uma pessoa. Coloco os dois vídeos abaixo. Aguardo ansiosamente o terceiro. É um som para ouvir antes da balada, se maquiando. Ou quando estiver bem cansada do boy lixo.

Chandelier

Elastic Heart

2. Karen O – Day Go By
Essa é outra que um dia ganha um post especial como musa deste blog. Day Go By é uma canção que tem o embalo suave e sentimental de suas obras mais recentes, diferente da pegada energética no vocal do Yeah Yeah Yeahs, ainda assim tão bom quanto. Com as composições para trilhas sonoras – The Moon Song para o filme Ela e diversas faixas para Onde Vivem Os Monstros – e seu primeiro álbum solo – Crush Songs – Karen vem demonstrando a excelência de sua capacidade musical.

O clipe de Day Go By tem uma fotografia linda, uma luz de verão, um ar de férias, de romance sob temperaturas altas, música para ouvir apaixonada.

Day Go By

Foi dirigido por um casal superjovem, ela é Wanessa, americana-brasileira de 19 anos, ele Wilson, 20, francês, ambos criados em Miami e hoje morando em Nova York. Profissionalmente respondem pela alcunha de Wiissa. Em uma dica musical, você ganha também uma artística: vale acompanhar o trabalho da dupla, bem moderno, bem normcore e geração Z.

3. Mark Ronson e Bruno Mars – Uptown Funk
Olhaaa, nunca pensei que indicaria Bruno Mars no blog, essa tentativa de Michael Jackson frustrada. Porém, a música é boa mesmo. A qualidade foi alcançada graças ao produtor-magya Mark Ronson, o mesmo que trabalhou com Amy Winehouse no álbum Back to Black. Ronson compôs e produziu, Bruno só canta. O ritmo é bem groovy, funky, lembra bastante o Michael das antigas, afinal é mesmo um tributo da dupla ao R&B dos anos 80, e faz jus. Aposto que vai ser a “Get Lucky de 2015”, animando festas, baladas, churrascos e aniversários. Não à toa, está há cinco semanas no topo da parada britânica e lidera o número de streamings com 2, 45 milhões de execuções.

Além do clipe, vou colocar uma foto do Mark para reforçar como vale a pena ficar de olho em tudo dele o que ele faz. Numa analogia tosca, o moço é tipo um Pharrell Willians britânico, o que toca vira ouro, onde aparece, chama atenção.

Gato
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Uptown Funk

A faixa faz parte do recém-lançado álbum Uptown Specials, para o qual Mark chamou colaboradores de peso como Stevie Wonder e Kevin Parker do Tame Impala. E a obra está todinha no Spotify:

De nada 🙂

Fotos: Instagram do Mark Ronson e Facebook da Karen O

Musa: Stevie Nicks

Em 2014, ela voltou para o mainstream de uma forma avassaladora. Para escrever esse post, que vai tratar do estilo visual e de expressão da musa, fui pesquisar sobre sua vida, claro, e fiquei bastante impressionada com o quanto ela está em evidência. Stevie Nicks acabou de lançar um álbum solo e está em turnê – sold out – com sua banda dos anos 70, o Fleetwood Mac, o que ajuda a melhorar a exposição na mídia, mas não é só isso. São citações nos mais variados tipos de matérias e não apenas sobre seu trabalho, elogios extremados vindos de celebridades e espaços de destaque em programas populares nos EUA, como o Tonight Show e a série American Horror Story.
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Ela nunca saiu de cena totalmente, porém o momento favoreceu o reemergir dessa mulher poderosa, que carrega além de muitas vitórias ganhadas com suor e desgaste do gogó, uma aura mística.

Glee – Landslides (2010) – Stevie foi até o set acompanhar a performance de Gwyneth Paltrow fazendo cover de sua música

American Horror Story – Seven Wonders (2014) – a musa participou da terceira temporada da série
https://www.youtube.com/watch?v=7-VdFrmv53k

Vivemos uma era de um despertar feminino, acredito eu, em que, finalmente, a maioria se vê como igual em uma sociedade ainda cheia de ranços patriarcais. Além disso, a cultura pop passou a destacar artistas por sua autenticidade e seu legado, na medida em que a indústria deixou de valorizar apenas o novo e o jovem. Suas músicas, principalmente da época do Fleetwood Mac, são clássicos que agradam o atual gosto Normcore. Nesse contexto, Stevie parece se encaixar perfeitamente.

Nicks tem um brilho que vem de dentro e emana, envolvendo os demais a sua volta. Sua história mostra que sucesso vem do trabalho, mas também de incorporar sentimentos à carreira, indo além de apenas lapidar emoção em arte – vide sua atribulada história amorosa, como conta a blondenoir. Além disso, a bruxa sabe que o poder aumenta na irmandade e sempre carregou consigo um clã de moças talentosas. Pergunte a Courtney Love, Sky Ferreira, Tavi Genvinson, Florence Welch e às irmãs Haim. Talento, portanto, não é nada sem magia. Rock on, gold dust women!

Stevie e as irmãs Haim
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Bom, uma rainha do rock desse calibre só pode ser um ícone de moda. E sua estrela se reflete no estilo de suas pupilas, assim com nas coleções de marcas de roupas que abusam da pegada Boho. Nicks, contudo, não usa designers famosos. Desde o começo de sua carreira, se mantém fiel ao estilista Margi Kent e gosta de buscar peças em brechós e mercados de pulga. “Eu não queria me parecer com ninguém, por isso nunca procurei os grandes designers” (Marie Claire, 2014), explica a cantora.
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Cabelo de leoa, chapeus, plataformas, renda, chiffon, xales, tecidos esvoaçantes, mangas-morcego, bocas de sino e babados marcam seu visual. Ela diz que o misticismo sempre fez parte de seu trabalho e, portanto, de seu figurino: “Há muito tempo, decidi que teria uma presença mística, então fiz minhas roupas, botas, meu cabelo, todo meu ‘eu’ nessa linha. Eu sempre acreditei em bruxas do bem e não em bruxas más ou fadas ou anjos” (Interview, 1998).
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stevie mangao
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Xales e echarpes que possam se expandir no palco, como asas, tecidos leves e vestidos com pontas que criam uma imagem etérea são usados para aumentar sua figura “assim todos podem me ver até lá no fundo das arenas de shows”, (Harper’s Bazaar, 2013). Uma cantora da safra atual que imita declaradamente esse artifício é a Florence Welch, do Florence And The Machine. E o estilo de Stevie inspira muitas outras mocinhas do showbizz. Veja algumas delas:
Florence Welch
florence no palco
florence de branco

Courtney Love
Courtney Love Performs At The 1 Year Anniversary Of VINYL In Las Vegas

Sky Ferreira
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 UPDATE: A Supergingerfreak me mostrou esse vídeo da Alexa Chung cantando Blue Denim e não pude resistir em colocá-la aqui entre as pupilas da Stevie. A inglesa pode até não ter o estilo mais boho do mundo, mas o filme promove a linha de jeans que desenhou para a marca do estilista Adriano Goldschmied, ou seja, a bela acha que a vibe de Stevie ajuda a criar a imagem de moda necessária para vender suas peças. Alexa explicou em entrevista que a coleção traz o guarda-roupa jeans de seus sonhos, com peças inspiradas na estética do fim dos anos 60 e começo dos 70. Então, sim, ela se demonstra fã da musa, né?

Uma curiosidade: Stevie mantém seus vestidos mais importantes guardados em uma sala com temperatura controlada. Talvez calculadamente, uma vez que seu figurino vem servindo de referência para a indústria da moda há algum tempo. Quem sabe um dia pode ser exposto? Entre as coleções mais recentes inspiradas na cantora, está a de outono 2014 do estilista Michael Kors. Philip Lim e Jill Stuart também já desfilaram modelos inspirados na diva. Ela é musa ainda da Anna Sui, que já a apontou algumas vezes como referência de suas criações.

Phillip Lim 3.1 outono 2008
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Michael Kors outono 2014
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Jill Stuart outono 2009
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Anna Sui primavera 2014
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Um de seus assessórios-assinatura é o colar com pendente de lua, que não tira do pescoço e também distribui para todas as suas pupilas, as “sisters of the moon” (as irmãs Haim ganharam os seus). O símbolo é de uma lua crescente e, apesar de Stevie nunca ter explicado o que isso significa, sabe-se que é da Deusa e da feminilidade, assim como do poder em constituição, na crença Wicca. Em “Bella Donna,” uma de suas composições, a letra diz “The lady feels like the moon that she loves…Don’t you know that the stars are a part of us?”.
2011

A legião de fãs de Stevie Nicks alimenta referências fugazes em lojas fast-fashion e também sites como gypsymoon.com e enchantedmirror.com, que oferecem chapéus, acessórios e xales como os dela. Com o perfume 70’s que a moda atual ganhou, basta um pouco de ousadia para dar mais graça na produção e quem sabe sair por aí mais poderosa, no sentido denotativo 😉
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stevie jovem cartola

Fotos: Marie Claire, Huffington Post, NYTMagazine, Harper’s Bazaar, 21leme e Style.com.