Sobre consumo e estilo: é hora de desacelerar

Nós gostamos de moda, design, tecnologia, bons produtos que nos sirvam na vida. Mas, toda vez que respondemos se é crédito ou débito, acabamos comprando não só funcionalidade e beleza, mas também valores implícitos, como status, amor (já viu a nova propaganda do iPhone?), conforto, familiaridade, entre tantas outras características e emoções que a publicidade nos vende. Precisamos de tudo isso? Claro! Queremos sentir todas essas e muitas outras coisas, porém não serão produtos, necessariamente, que nos proporcionarão as subjetividades da vida.

E estamos exagerando. Acho que nem é preciso argumentar muito em cima disso. Quem é que já não está com problemas de espaço no guarda-roupa e tem sapatos enfiados lá no fundo da prateleira? Acabam nem sendo usados… Quem nunca doou uma peça ainda com a etiqueta? Ou comprou uma calça esperando perder aqueles dois quilos que nunca foram embora?

Estamos, além de contribuindo para uma economia desenfreada que produz em demasia, com qualidade de descarte, vivendo uma vida que não nos representa. Aquela calça super em conta da loja de fast-fashion passeou por quantos verões com você? É uma roupa que tem a sua cara mesmo? Não seria muito mais coerente e te faria mais feliz ter um guarda-roupa só com peças de qualidade, que você ame, que combinem entre si, te representem, que você vista e se sinta especial, TODA VEZ?

Sim, gente, isso é possível. E faria uma bela diferença na sua postura como consumidor. Pense globalmente e aja localmente, disse John Lennon. Afinal, comprar menos e mais assertivamente, já contribuirá para uma economia mais sustentável, com menos descarte. Ao mesmo tempo, procure gente que faça um trabalho autoral, com matéria-prima de qualidade, que dura um tempão, com design diferenciado, que movimente a economia local. Ah, mas isso custa muito caro. Não, nem sempre, só custa mais que o produto feito com mão de obra explorada em países subdesenvolvidos. E comprando menos e melhor, no final, não se gasta mais. E assim, nós continuamos amantes da moda, do design, da tecnologia, consumidores. Só que conscientes.

Reparem que estou usando a primeira pessoa do plural aqui. Por que, de fato, o contexto atual nos coloca submersos num sistema, numa cultura, em conceitos que estão intrínsicos no nosso dia a dia. Muitas coisas de que precisamos vem de origens duvidosas de produção. Eu sei, não é fácil achar alternativas, mas, com informação, podemos procurar o caminho que nos serve, decidir nossas prioridades. Além disso, vou dar um passo atrás e dizer que as lojas de fast-fashion tiveram – e ainda têm – sua função significativa de democratizar a moda. Deram acesso a um mundo de design que antes era permitido apenas a quem tinha dinheiro. Por que moda, é muito mais que roupa. É expressão visual, memória afetiva, comunicação, integração social, arte, cultura… e todos nós temos algum tipo de relação com ela. Mudar essa relação, é um processo, leva tempo e requer disposição. Não é fácil, portanto, desapegar das fast-fashion. Porém, hoje, sabendo o que implica vender barato, podemos pensar muito bem antes de comprar algo que foi feito por um representante dessa indústria.

Cada um pode buscar o que é essencial para si. E aprendemos naquele emblemático livro infantil, o essencial é invisível aos olhos.

Valorizar um consumo com mais significado não é novidade no mundo da moda, minhas mestras do estilo já têm isso como base para seu método de consultoria, jornalistas já vêm falando do tema há algum tempo. Mas, a empresa de identificação de tendências BOX 1824 fez há poucos dias um vídeo muito bacana que resume de forma genial essa história toda.

Na imprensa, esse movimento de prestar mais atenção ao que se compra, valorizar a origem e os materiais, buscar um design mais autoral, vem sendo chamado de slow fashion (moda lenta, em contraponto ao fast-fashion, ou moda rápida). Já a BOX, ampliou o termo para todo tipo de consumo, chamando-o de lowsumerism (consumo baixo). Aqui, faço uma ressalva: o consumo consciente não é uma “nova tendência”, no sentido passageiro da coisa. As tendências surgem como novos caminhos, que podem se dissolver e se desvirtuar de maneira fugaz ou se consolidar como comportamento estabelecido. Consumir de forma consciente deve ser encarado como um estilo de vida, não como um modismo.

Caso queira saber mais sobre a indústria da moda e o impacto sócio-ambiental que o consumo desenfreado implica, recomendo o documentário The True Cost, disponível no Netflix.

 

*Foto de destaque: The True Cost – reprodução

Grey Gardens, uma lição de estilo

Grey Gardens (2009) é o filme que reconta a história do documentário de mesmo nome, sobre a tia e a prima de Jacqueline Onassis (as duas chamadas Edith Bouvier Beale ou “Big Edie e Little Edie”). Feito para a HBO, é um pouco mais palatável ao gosto atual da audiência do que o documentário original, e com um ponto, ou melhor, dois, incríveis: Jessica Lange e Drew Barrymore nos papéis principais. O filme está disponível no catálogo do Now, da Net, na oferta da HBO, entre aqueles que não temos que pagar. Ótima oportunidade.

Para mim, além de uma história maravilhosa, é um belo exemplo do que se pode chamar de estilo pessoal. Principalmente a figura da Little Edie. Isso porque, os dicionários e afins – você pode verificar aqui e aqui – deixam a desejar e não explicam muito bem o que seria estilo quando se trata de um adjetivo aplicado a pessoas. E com elas vemos o que é sendo.

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Little Edie em duas etapas da vida

Eu, como consultora de estilo pessoal, posso dizer que é o conjunto de escolhas, gostos e prioridades que traduzem a personalidade de alguém. Quando colocado em expressão visual, em roupas, acessórios, cabelo, maquiagem, indumentárias ou na falta delas também, pode ser chamado de estilo. Uma pessoa que se destaca entre as outras, que quando vemos algo e nos lembramos imediatamente dela e soltamos “nossa, esse lenço (gravata, colar etc) é a cara de fulano”, que tem sempre uma coerência ao se apresentar, uma presença marcante – ainda que use roupas discretas, tem um estilo bem definido. Isso não quer dizer que aquele seu amigo que veste a primeira camisa da gaveta não tem estilo nenhum. TODO MUNDO tem estilo. Afinal, todos fazemos escolhas, mesmo que seja vestir qualquer coisa – quem é assim quer mostrar que não liga para moda, que tem um estilo descontraído ou rebelde. Alguns sabem expressá-lo bem, outros nem tanto.

Voltando ao filme, as personagens principais tem um estilo muito próprio e seguem assim até mesmo quando perdem o senso de convívio em sociedade, até mesmo quando estão em um mundo à parte. Um exemplo muito claro de autoconhecimento e expressão. Eu fiquei fascinada.

Bom, a história, já devo ter causado curiosidade, é sobre mãe e filha que vêm de uma alta linhagem nova-iorquina, porém, por conta dos revezes da vida e da falta de tino para sobreviver financeiramente, acabam perdendo tudo o que têm. Assim, vivem isoladas na casa de praia da família, a Grey Gardens, num mundo onde pensam ter glamour, mas onde só há insalubridade e decadência.

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Mãe e filha em tempos áureos e depois vivendo a duras penas, mas ainda mantendo o estilo

Além de uma aula de estilo, a história nos faz pensar sobre valores e determinação. De alguma forma, essas duas mulheres se mantiveram firmes em suas crenças. O ar kitsch e o evidente viés fashion fez da obra original um cult entre o povo indie e fashionista. Contudo, acho que é muito mais interessante olhar para essa história com a cabeça aberta e despida de preconceitos. O que quero dizer é que não devemos encarar as Edies como duas criaturas excêntricas e divertidas em sua viagem autoalienante. Acredito que elas foram mulheres a frente de seu tempo, em uma sociedade onde não havia espaço para que crescessem. Aferradas em seus valores, sucumbiram e não tiveram meios para sobreviver.

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O antes e depois de Grey Gardens

Se interessar ver também o lado real dessa história, tá aqui o documentário, de 1975, inteirinho no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=GP2KjNge1FY

Coloração pessoal: descubra como realçar seus tons naturais

Sempre que toco nesse assunto, o interesse das pessoas cresce. E acho que não à toa. Na consultoria de estilo pessoal, umas das ferramentas que ajuda muito a fazer o brilho de cada cliente emanar é identificar qual é sua coloração pessoal para, a partir disso, definir uma cartela personalizada. Com isso, ele saberá quais cores fazem seus tons de pele, cabelo, lábios e olhos se destacarem e ainda pode montar um guarda-roupas em que tudo dentro combina entre si. Não é muito legal?

Como isso funciona? Vamos saber primeiro de onde veio. Era uma vez, uma das mais importantes escolas de design da história, surgida na Alemanha, a Bauhaus. Foi lá que o professor Johannes Itten, no estudo de composições harmônicas, percebeu em seus alunos um padrão de comportamento: ao escolherem cores para pintar uma obra, iam nos tons que se aproximavam da sua própria coloração… Aqueles com cabelos escuros, com olhos em cores intensas, acabavam escolhendo cores vivas e puras. Alunos com cabelos mais claros, olhos mais acinzentados, pele suave, optavam por cores mais opacas e delicadas.

Algum tempo depois, nos anos 70, mulheres que se reuniam para vender maquiagem, roupas e até tupperware, perceberam que a teoria do professor alemão poderia ser transferida das artes plásticas para o dia a dia, sendo aplicada para realçar a maneira de se vestir, se maquiar e tingir o cabelo. Hoje, esse sistema se chama “análise de cores sazonal expandida”, pois usa as estações do ano na nomenclatura como, por exemplo, “verão suave” e “inverno profundo” – não é lírico?

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As cores que ficam bem em uma pessoa são aquelas que a complementam, emolduram seus tons naturais, harmonizam com eles. Fazendo uma analogia com o conceito que pensamos para as roupas, devem fazer o ser humano aparecer e não se destacarem mais do que ele, capisce? O tom ideal pode dar um rubor nas bochechas, amenizar olheiras, destacar a cor dos olhos. Sem truque, é uma mágica feita com técnica 😉

E como é feita a análise? Coloco no cliente um avental e uma faixa no cabelo para isolar outras cores que não sejam as do rosto. E com tecidos coloridos, sob luz natural, vou analisando os efeitos de diferentes temperaturas, intensidades e profundidades para, com muita técnica e concentração, chegar na coloração pessoal. A cartela definida será uma ótima aliada para escolher peças que destaquem seus tons naturais e também que combinem entre si, uma vez que vai conter cores que se harmonizam umas com as outras.

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Porém, ninguém é obrigado a ficar preso à cartela da coloração pessoal (ainda que muita gente se apegue com amor a ela). O bacana é que, uma vez sabendo o efeito das cores sobre nós, podemos usá-las de forma inteligente. Se eu tenho uma blusa preta que me deixa muito abatida, por exemplo, posso usá-la com um colar cuja cor me favoreça, ou fazer uma maquiagem que equilibre e pronto! Vale dizer que as cores da cartela pessoal fazem mais sentido perto do rosto, onde temos mais variação de tons. Então, posso usar uma saia no meu laranja preferido, mas que está fora da cartela. Além disso, cores têm mensagens e códigos culturais embutidos nelas. Vermelho-paixão, azul-tranquilidade… não é? E essas informações também contam na consultoria e são consideradas no momento de montar a cartela para o cliente, somadas, É CLARO, ao gosto pessoal. Mas, isso é assunto para outro post 😉

Se te interessou descobrir qual a sua cartela de cores pessoal, me deixa um recado aqui ou me manda um e-mail que eu te conto como posso fazer isso para você! camilar80@gmail.com.

*Com informações de Oficina de Estilo e Color Revival

*Foto de destaque: doloresamabile/ Foto das celebridasdes: selfishseamstress

O que usar em casamentos? O Oscar, o Grammy e o Emmy respondem

Passado o carnaval, todo mundo sabe, o ano começa de verdade. O calendário oficial de eventos, portanto, entra em vigor a partir de agora e se você tiver um casamento em vista, já pode começar a pensar no que vai usar.

E para tratar do assunto estamos em um bom momento, uma vez que acabamos de ter uma temporada de tapetes vermelhos (fiz post aqui  e aqui). Os vestidóns das celebridades nos ajudam a visualizar como pode ser uma bela roupa de festa. Sabemos que a esmagadora maioria delas conta com a ajuda de consultores de estilo que observam o que vai cair bem tanto nelas quanto na ocasião. Então, vou tomar essas produções de exemplo para dar umas dicas de como escolher um belo look, caso você seja madrinha ou convidada. Para as noivas, o assunto merece um capítulo à parte 😉

Em primeiro lugar
Existem códigos de vestir (dress codes) que até podem vir indicados no convite do enlace. Seja qual for, tenha em mente o seguinte: é legal e demonstra respeito e cuidado ir a um evento vestida da forma que os anfitriões esperam. Porém, atualmente, tanto a moda quanto a sociedade já não têm regras tão engessadas quando se trata de se vestir de forma adequada. Vale escolher uma roupa de festa, mas expressar no visual sua personalidade, seu estilo. É muito importante, também, escolher um modelo que não te deixe desconfortável, não aperte, não saia do lugar, não pinique e que você goste de verdade. Ninguém merece ficar encanada o tempo todo, verificando no espelho do banheiro se “está tudo bem” ou com medo de se jogar na pista de dança e alguma coisa desmontar.

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Vestidos curtos como o Balenciaga usado por Chloé Moretz na festa pós-Oscar 2015 são permitidos em quase todos os tipos de festa. Só o black tie exige longo.

Aqui vale uma ressalva: a noiva pode pedir que as madrinhas sigam direções de roupa. Algumas pedem para ir de longo, outras não querem que as cores se repitam no altar, outras sugerem que todas as madrinhas escolham vestidos da mesma cor. Ainda assim, dá para escolher o modelo que valorize mais o seu corpo, mostrar seu estilo na combinação de acessórios e maquiagem. E vale trocar ideias com a noiva e as madrinhas para que tudo saia de acordo, de forma natural e divertida – alô, grupos de Whatsapp.

Dress code
Em geral, roupa de casamento tem que parecer de festa. Ou seja, algo que você não usa no dia a dia, um visual mais caprichado. Se o casamento for black tie, quanto mais elementos dos que vou citar que passam a mensagem de “roupa de festa” você usar, mais adequada estará. Porém, para alívio de todo mundo, quase ninguém casa nesse estilo. Outras denominações como passeio, passeio completo, esporte fino ou garden chic causam muita confusão, então minha sugestão é que você se atente para o horário da celebração, o local e o número de convidados.

Se for uma festa grande, em local suntuoso (igreja famosa, local de eventos mega produzido etc) e à noite, muito mais chances de que as pessoas se vistam de forma mais opulenta, com brilhos, tecidos finos, vestidos mais rebuscados. Se for um almoço só para os próximos, é mais livre, dá para usar vestidos curtos, estampas mais alegres. Um casamento no meio termo, digamos na praia, permite descer do salto e também aproveitar as estampas tropicais. Contudo, se esse evento for uma festa caprichada, num resort à beira-mar, por exemplo, vale refletir isso no look também e junto com a rasteira e a estampa, escolher um tecido mais sofisticado, usar bijuterias mais elegantes, alguns elementos mais festivos. É tudo uma questão de ir adicionando e coordenando as peças para que, no conjunto, o visual reflita a ocasião.

Looks para o dia – Festival de Cannes 2014:

Eva Herzigova in Dolce & Gabbana
Eva Herzigova de Dolce & Gabbana

Sofia Coppola in Michael Kors cannes
Sofia Coppola de Michael Kors

Looks para a Noite – Oscar 2015:
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Emma Stone de Elie Saab

 

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Rosamund Pike de Givenchy – mesmo sem brilho, o vestido é todo cheio de detalhes, de tecido fino, com cara de festão

Estampas, cores e tecidos
Tecidos finos e naturais, como seda, mousseline, crepe de seda, cetim e tafetá combinam com festa. Quanto mais brilho tiver, mais para um visual noturno ou de festa formal ele será. Cores e estampas diversas estão liberadas para qualquer ocasião. Contudo, vale observar, principalmente no caso de estampas, quais transmitem mais sensação de dia, ar livre, natureza e quais combinam mais com eventos noturnos e festas fechadas. Cores claras, estampas grandes, florais e tropicais ~na maioria dos casos~ combinam mais com dia e informalidade. Estampas menores, abstratas ou mais escuras, com menos cores na padronagem, remetem à noite e formalidade.
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Hailee Steinfeld, na Festa pós-Oscar da Vanity Fair, mostra como usar uma estampa chamativa à noite

Os tecidos naturais, além de terem melhor caimento, deixam a pele transpirar e têm uma aparência mais polida. Existem algumas peças de tecido sintético (como poliéster) que são bonitas e podem encarar uma festa, mas tenha em conta que elas esquentam – para um casamento de dia, em janeiro, pode ser uma má ideia. Em compensação, se você tiver que encarar a estrada ou um avião para ir ao casamento podem ser uma boa, pois não amassam.

E atenção: proibido branco e preto no altar, o primeiro por competir com a noiva e o segundo por ser a cor do luto. Mesmo se você for uma convidada, é altamente recomendável evitar branco e off white, porém preto está liberado.

Com essas informações em mente, vale tentar equilibrar o look com a ocasião. Brilhos, por exemplo, não são proibidos durante o dia, mas um vestido inteiro de paetês fica melhor usado à noite. Se o modelo tiver somente alguns bordados brilhantes, use sem medo em uma festa diurna, mas observe se dá para “controlar” esse brilho usando acessórios mais neutros, de material opaco, por exemplo. Vale a pena dar uma olhada em como as estrelas de Hollywood se “desmontaram” para ir à festa da Vanity Fair, logo após a cerimônia do Oscar, que era um pouco mais relaxada do que a entrega dos prêmios no Teatro Kodak.

Modelos
Altar de igreja pede compostura. Então, as madrinhas devem tomar cuidado com decotes, fendas e transparências muito abusivas. Se o casal escolheu fazer os votos em uma igreja, algo de recato deve ter ali e vale respeitar seus modos e valores, afinal esse momento é deles, certo?

Bom, cabe também lembrar das indicações da noiva. Fora isso, tudo é permitido, em comprimento e modelo. O que vai determinar o grau de formalidade são tecido, estampa e acabamentos (bordados brilhosos, recortes, mangas pronunciadas e afins). Vestidos com bordados, tecido fino, design sofisticado, formas mais chamativas e exageradas (caudas longas, golas grandes), que estejam na linha do tapete vermelho do Oscar, são mais formais. Já os que são estampados em cores vivas (amarelo, laranja, vermelho), com menos elementos de design, de tecidos mais leves (basta reparar no efeito) costumam ser mais informais. Pense nos tapetes vermelhos de Cannes, cidade praiana em que muitas premiéres acontecem durante o dia.

Para escolher o modelo que melhor veste seu corpo, a dica é prestar atenção onde está seu peso visual. Dos pés à cabeça, onde você tem proporções maiores? É válido também analisar como são suas formas: mais retas e angulares ou mais curvilíneas?

Vestidos que marcam a cintura e abrem a saia em A ficam ótimos em mulheres com o tronco mais reto, sem muitas curvas:

Anna Kendrick
AnnaKendrickOscars2015
Anna Kendrick, que é magrinha e mais reta, mostra no Globo de Ouro e no Oscar 2015 que é mestra em criar uma cinturinha e até aumentar os seios com o vestido.

Já as que têm o quadril maior que a cintura e/ou os ombros podem preferir vestidos que deem volume na parte superior, com detalhes na parte de cima ou que realcem os seios ou o ombro:

Izabel Goulart cannes
Izabel Goulart usa vestido com mais informações da cintura para cima, em Cannes

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Margot Robbie usa vestido com decotão em V e colar de impacto, que chamam atenção para o colo e desviam o olhar da parte de baixo. A saia soltinha do modelo Saint Laurent cai ao lado do quadril, sem evidenciá-lo. A cor escura também ajuda a diminuir porporções.

Por sua vez, as curvilíneas, podem ficar bem em vestidos sereia, que são justos no tronco e abrem do meio para o final das pernas. Modelos com recortes e drapeados que definem a cintura e ampliam o quadril também são perfeitos. Vale a pena acentuar as formas femininas!

scarlett johansson atelier versace
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Scarlett Johansson e Zoe Saldana, ambas de Atelier Versace, maison cuja marca registrada é delinear as curvas femininas, exibem a boa forma no Oscar desse ano.

Já quem tem a parte superior do corpo com o maior peso visual, com ombros e/ou seios mais largos que o quadril, pode optar por criar volume na parte de baixo, com estampas e/ou saias mais rodadas e armadas.

Jess Weixler in Martin Grant cannes
Jess Weixler de Martin Grant, em Cannes. O top preto diminui o peso da parte de cima e a saia ampla estampada (duas técnicas juntas) dá mais volume para a parte de baixo. Decote não é proíbido, pelo contrário. Basta saber equilibrar as proporções.

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O vestido que a modelo Chanel Iman usou em Cannes é de um ombro só, com drapeado diagonal, que desvia a atenção dos olhos das linhas horizontais mais amplas dos ombros e dos seios, dando uma ilusão de ótica de tamanho menor 😉

Para as mulheres que têm peso visual no tronco, o bacana é criar curvas mais femininas e disfarçar a barriguinha com a magia das roupas! Vestidos envelope, estampas na diagonal, decote império (logo abaixo dos seios) e vestidos em formato A de tecido plano (que “cola”menos no corpo) são uma boa alternativa:

Freida Pinto in Michael Kors cannes
Freida Pinto com Elie Saab de decote império bem estruturado, no tapete vermelho de Cannes 2014.
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Viola Davis foi ao último Oscar com um modelo Zac Posen de tecido plano, com recortes e drapeados que criam curvas.

 

E as de estilo mais ousado podem ainda abandonar o vestido e ir de conjunto de calça ou macacão – opções apropriadas para convidadas a não ser que a noiva libere claramente as madrinhas. Seguindo as mensagens de tecidos, brilhos e acessórios que podem ir a uma festa, fica lindo e superestiloso:

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Gwen Stefani de Versace do Grammy 2015
Emma Stone
Emma Stone de Lanvin no Globo de Ouro 2014

Acessórios
A maneira de analisar o grau de formalidade dos acessórios não difere das roupas. Bolsas pequenas, de material brilhante, bordadas e de alça fina são bem formais. As que se afastam disso, vão ficando informais. Da mesma forma brincos estilo chandelier, de pérolas e pedras brilhantes, são formais. Já os de metal liso e desenhos geométricos são mais informais. Sapatos de cetim, salto fino, de formas mais delicadas são formais. Os de formas mais quadradas, saltos mais grossos e de couro liso são informais. Uma sugestão minha: melhor escolher bijuterias e joias de metal, ouro e prata. Materiais mais artesanais, como madeira, tecido ou pedras rústicas, são mais difíceis de coordenar com roupa de festa. Se quiser compor o visual sem arriscar, basta seguir o estilo do vestido.

Uma dúvida recorrente, que inclusive eu já passei: sim, as madrinhas podem segurar suas bolsas no altar. Mas, desliguem o celular, pelamordedeus!

O bacana é que os acessórios podem ser usados para dar o tom, aumentar ou diminuir o grau de formalidade. E também te ajudam a dar seu toque de personalidade, em complemento ou contraposição ao vestido. Como falei lá em cima, as regras de vestir hoje são menos rígidas. Por exemplo, um vestido longo, bem chique, de seda e com bordados, pode ficar bem interessante combinado com uma sandália mais pesada (de tiras e salto mais grossos). Uma coordenação ótima para quem é moderna e fashionista. Contraste de cores é outro artifício de estilo que pode funcionar muito bem. Ou um cinto bordado pode dar um toque mais sofisticado em um vestido florido, que não parecia muito chique. Um efeito que pode ser conseguido também com um colar mais reluzente. O mais legal de ocasiões assim é se divertir montando o look, aproveitar para se sentir em um tapete vermelho mesmo! É hora de brilhar 🙂
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Taylor Swift no Grammy 2015, foi de sandália Giuseppe Zanotti mais pesada e colorida, em contraste com a cor do vestido

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Cate Blanchet apostou em um colar Tiffany turquesa no Oscar

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Lily Cole usou um loafer Valentino para diminuir a formalidade do vestido Dior no Elle Fashion Awards 2015

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Lucy Hale coordenou acessórios delicados para glamurizar o look mais informal, com barriga de fora, no VMA 2014

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E Jennifer Aniston economizou nos acessórios na noite do Oscar, mas foi com um de impacto: Justin Theroux.

 

Para mais informações e dicas boas relacionadas a casamento, sugiro acompanhar o site Casamento Bem Planejado, que é expert no assunto. Entra lá, siga o conteúdo na redes sociais 😉

Fotos: Harper’s Bazaar, Vanity Fair, Hollywood Report, Elle.uk e Perez Hilton

O fotógrafo e a cidade

Imagine alguém que passasse 50 anos fotografando regularmente as pessoas nas ruas de uma grande metrópole, que as observasse na maneira de se vestir, de usar o cabelo, nos hábitos, nas coisas que carregam em seu dia a dia. Imagine que todas essas fotos, além de publicadas estivessem muito bem catalogadas e guardadas, em seus devidos negativos, em dezenas de fichários. Agora imagine que esses fichários estivessem todos na casa do fotógrafo. Que não é bem uma casa, mas sim um minúsculo apartamento, que nem cozinha e banheiro tem. Pois esse cenário existe. E nele reside um dos maiores fotojornalistas de todos os tempos, que é também um mestre do estilo e uma pessoa adorável.

E você pode conhecer sua história no excelente documentário Bill Cunningham – New York, que o acompanha em sua rotina clicando a moda das ruas e também conta seu passado profissional. Um filme que agrada a qualquer um, seja simpatizante da moda ou não. Isso porque, a carreira do  fotógrafo é bastante interessante e o registro histórico que faz da cidade, sensacional. Seu estilo de vida é tão importante quanto daqueles que fotografa. Dá uma olhada no quarto dele, ocupado pelos fichários de negativos, na foto aí embaixo, para ter uma ideia do figura. A obra já foi lançada há algum tempo (2011), demorei bastante para ver, até que enfim o fiz e recomendo muito que você o faça também.
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Aos 85 anos, Bill publica uma coluna semanal no site e na versão impressa do The New York Times, desde 1978, onde mostra o que coletou circulando de bicicleta pela cidade, capturando o estilo dos transeuntes. Seu olhar carrega uma estética apurada, assim como um viés antropológico. Suas fotos mostram o que há de comum entre a massa (e se pode chamar de tendência), mas também a grande diversidade de estilos, contradições que formam a personalidade de uma grande metrópole.

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O veterano fotógrafo não deixa de cobrir portas de desfiles e eventos da sociedade e do circo fashion, como fazem colegas renomados e muito bons como Scott Schuman, Garance Doré e Yvan Rodic, porém ele segue ainda mais próximo do cotidiano, verdadeiramente das ruas. Afinal, aqueles que vão às semanas de moda e afins se preparam para ser vistos, tem informação e acesso a produtos antes de todo mundo. Ou seja, estão imersos na indústria da moda e, apesar de criativos e com alto senso de estilo, não têm um ímpeto tão espontâneo ao montar uma combinação de roupas quanto um cidadão qualquer, flagrado na rua. Os fashionistas são ótimas referências de moda, contudo não geram tanta empatia e identificação com a maioria das pessoas.

Além disso, a visão de Bill do que vale um clique, de que estilo está acima da moda, de que beleza está no inusitado, no espírito que se expressa na roupa, no inovador, é muito inspirado. Seu posicionamento, como observador dos fatos, é encantador. Chega a ser excêntrico. Quando vai a um evento, não aceita nem um copo d’água, afinal, está ali a trabalho. Por anos, não recebeu salário de uma revista, se recusava, pois acreditava que o dinheiro o faria dependente das imposições editoriais e ele queria fotografar de forma livre e autoral.

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No Brasil, temos o RIOetc fazendo um trabalho muito legal de registro do estilo carioca, porém ainda acho que falta alguém que retrate mais o povo da rua. Em São Paulo, alguns veículos da imprensa fazem de vez em quando, em shows e festivais, ou pontualmente para mostrar alguma tendência, mas ainda não conheço algum fotógrafo – blog, tumblr, Instagram – bacana. Se alguém tiver um para indicar, conta aqui, por favor.

Fotos: First Thoughts Films /Zeitgeist Films

Três dicas rápidas do que usar em 2015

Adeus ano velho, chega mais 2015! Vou aproveitar o ensejo e mostrar algumas coisas que devem pegar no próximo ano. Até porque, se a gente não usa esse tipo de gancho nessa época, ninguém lê porcaria nenhuma.

De toda forma, truques para ganhar cliques à parte, fiz escolhas que acredito que estão começando a despontar e são legais. Eu, pelo menos, vou adotar. 😉

Vários brinquinhos combinados com um brincão: acho que todas as minhas amigas têm mais de um furo na orelha. Nos anos 90 era de lei. E como essa década voltou com tudo… já vi fashionistas que sigo no Instagram aderindo. Hoje em dia, as lojas de bijuterias fast-fashion até vendem brincos que é só encaixar no lóbulo, para dar o truque. Bom, eu sou a favor de ser autêntica, então, daria um pulo na farmácia.
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Rímel colorido: se em 2014 a moda foi brincar de deixar o cabelo parecido com um arco-íris, agora a onda vai ser colorir os cílios. Para ilustrar, escolhi a cor  mais trendy de todas, a marsala, que foi a eleita de 2015 pela Pantone. Esse rímel aí da foto, aliás, é parte de uma coleção de make oficial da Pantone, feita em parceria com a Sephora. Já está à venda nos EUA e não há informação se chega nas lojas daqui. A cor é a do vinho de mesmo nome, de procedência italiana, que tem um tom marrom-avermelhado. Acho que logo logo vai dar para encontrar versões à venda em uma loja próxima. Se tiver a fim de adquirir um já, a Vult foi a marca nacional que encontrei com mais produtos em cores inusitadas. A Givenchy lançou uma coleção de mascáras com várias tonalidades, mas, por enquanto, só chegou a azul aqui. A Quem Disse Berenice tem verde e azul. A Avon tem azul e roxa. Espero que as fabricantes e revendedoras de maquiagem corram para aderir à tendência e nos ofertar mais opções 🙂
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Anos 70: se o minimalismo e o Normcore são tendências fortes no momento, as sobreposições, a profusão de acessórios, as sandálias rebuscadas e as estampas coloridas dos anos 70 são um contraponto e um alívio para aqueles que gostam de mais emoção no look. Há algumas temporadas que coleções têm vindo com toques dessa década: acentos hippie, disco, cigano e até um pouco de bruxismo – falarei sobre um ícone desse estilo em breve… Então, pode se jogar nas pantalonas, tecidos fluidos, batas, vestidos floridos, xales e quimonos. E deixe o cabelo crescer.
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Anna Sui, primavera 2014

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Etro, primavera 2015

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Paul&Joe, primavera 2015

*Fotos: Style.com e Pantone

As drags do RuPaul no centro da moda

Drag já não é mais tendência, é moda. Quatro rainhas saídas do RuPaul’s Drag Race (se não sabe ainda o que é isso, eu contei aqui) estampam camisetas de marcas mainstream descoladíssimas e eu já estou dando um jeito de contrabandear encomendar as minhas.

A primeira leva é da American Apparel, que convocou logo um trio: Willam, Alaska 500 e Courtney Act. Veja o vídeo de divulgação da collab e morra comigo:

A linha tem várias peças no estilo nightclubbing – como leggings, bodys, meias – mas, o que cobicei mesmo foram as camisetas.

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O segundo lançamento fashion é do Marc Jacobs, que não perde tempo jamais e fez uma t-shirt com estampa do Milk, participante meio circense da sexta temporada. A peça é de uma linha beneficente, em prol do câncer de pele, que já vendeu milhares de camisetas com a frase “protect the skin you are in” sobre a foto de alguma celebridade nua. Dessa vez a série, que já estampou Mrs. Beckham e Miley Cyrus, tem como estrela a drag queen, acompanhada de uma mensagem mais ousadinha. Toda a renda das vendas será doada para o NYU Skin Cancer Institute. Acho chique.

milk MJ

Ambas marcas vendem online. A American Apparel entrega no Brasil, apesar disso, tentarei descobrir se a linha das queens chega nas lojas daqui também e colocarei um update.

Já a Marc Jabobs, não entrega em terra brasilis, fuen 🙁 Mas, de repente, rola de mandar para a casa de um amigo que mora nos EUA…

*As fotos são de divulgação das marcas

Pamela Anderson superfashion

Quem não se lembra da loiraça de proporções avantajadas da série Baywatch, ou SOS Malibu no Brasil, que salvava os afogados e engasgava os telespectadores?

Famosa pelo desempenho televisivo assim como sextapístico, ela foi símbolo de muita coisa, mas ícone de moda não. Bom, isso até setembro de 2014, pois duas publicações decidiram estampa-la em editoriais classudos. Uma delas nada mais do que a CR Fashion, revista de Carine Roitfeld, ex-editora-chefe da Vogue francesa, uma das mais respeitáveis e reverenciáveis jornalistas de moda atualmente.

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A outra é uma revista modernete da Califórnia, que eu nunca tinha ouvido falar, chamada NoTofu, que parece muito bacaninha. Desta, a loira também é capa. Irreconhecível, né?
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Vale ainda dizer que a CR Fashion traz outros ícones pop americanos nesta edição, como a diva Beyoncé, a baby celebrity North West (filha de Kanye West e Kim Kardashian) e a vencedora do Eurovision 2014 Conchita Wurst (falei que as drags/trans são tendência). Acho que esse holofote dado por uma revista de nicho sobre o maisntream está relacionado ao Normcore, movimento sócio-cultural que coloca o “normal’ como a nova tendência, que por sua vez é alimentado pela volta dos anos 90 e pelo cansaço da “busca pelo novo” e do excesso de informações atual. Mais fácil, mais divertido e mais garantido investir nosso tempo e nosso prazer naquilo que já é consagrado, naquilo que é acessível. Pretendo discorrer sobre o assunto em outra oportunidade, quando tiver pesquisado mais a fundo.

As revistas podem ser vistas em suas versões online aqui e aqui, sendo que a CR Fashion vai soltando teasers aos poucos, até que sua quinta edição saia, em meados de setembro (a publicação é bianual).

*Fotos: NoTofu Magazine, Zoey Grossman/ CR Fashion, Johnny Dufort

Colete oversized

Uma tendencinha que vai pegar em breve: colete oversized, usado sobre roupas leves, como vestidinhos, ou sem nada por baixo.

Se a Olivia Palermo apareceu com um, pode acreditar. Quando chegar a primavera e esquentar um pouco mais, vai ser hora de encontrar o seu 😉

 

colete preto

*Fotos do site WhoWhatWear

In My Shoes – a criação da marca Jimmy Choo

“It’s really hard to walk in a single woman’s shoes — that’s why you sometimes need really special shoes!” Carrie Bradshaw

Jimmy Choo é um dos designers de sapatos mais famosos de todos os tempos. Nos pezinhos de Carrie Bradshaw, a íconica personagem de Sarah Jessica Parker na série Sex and the City, seu nome virou sonho de consumo de milhões de mulheres. O cara deve ser realmente uma baita designer mesmo, certo? ERRADO.

Pois é, amiga. Jimmy era um sapateiro muito bom, sim. Ele fazia pares sob medida para as socialites inglesas e, sabendo disso, a editora de acessórios da Vogue Britânica passou a encomendar peças para os editoriais quando tinha ideias mirabolantes, como plataformas de cetim pink, que não achava em loja nenhuma. Essa moça, porém, foi demitida e, diante desse revés da vida, teve a brilhante ideia de abrir um negócio com o tiozinho sapateiro, um imigrante malásio, avesso à publicidade, ao mundo da moda e aparentemente mal-humorado. Apegado aos velhos moldes de sapatos de senhoras e pouco disponível para o circo fashion, deixou espaço para que a sócia assumisse de fato a criação e alavancasse a marca. Foi aí que começou uma das histórias mais incríveis dessa indústria, cheia de intrigas, reviravoltas e glamour.

Tudo isso virou livro, In My Shoes (Companhia Editora Nacional),  escrito pela cofundadora da Jimmy Choo, a ex-editora da Vogue, Tamara Mellon, em parceria com um jornalista. Então, claro que é super parcial. Mas, não deixa de ser uma visão muito interessante e, pelo que andei pesquisando sobre os fatos por aí, realista.

A história nos leva para dentro do mundo da moda e, além disso, dos negócios ferozmente articulados nos altos escalões do mercado financeiro. Eu, que já passei muitos anos cobrindo e depois assessorando clientes dessa área, devo admitir que adorei as passagens que narravam reuniões de conselho e transações de private equity (acho chique entender de finanças hahaha).

in my shoes

A prosa é muito bem feita e a tradução também. Tamara é uma personagem e tanto: bela, rica, namorou o Christian Slater, é amiga de vários famosos e foi condecorada pela rainha da Inglaterra. Vale ressaltar que os bastidores do mundinho estão ali tanto quanto as tramóias nos negócios, por isso, não se assuste, a leitura vai ser divertida. E o livro traz muitas informações sobre a cena nas últimas duas décadas, daquele tipo que agrega muito e te faz parecer uma insider em qualquer conversinha em corredor de semana de moda (ui). Brincadeiras à parte, é uma delícia para quem gosta do assunto 😉

tamara-mellon

E como ninguém pergunta mas eu falo mesmo, fica aqui mais uma diquinha: Do Tornozelo Para Baixo (Rachelle Bergstein, editora Casa da Palavra). O livro conta a história do sapato, como se relacionou com a posição da mulher na sociedade ao longo dos tempos, passando pela moda, claro, pelo cinema e pela cultura como um todo. Muito bem apurado e escrito, extremamente interessante até mesmo para quem não gosta muito desse papo das modas.