Três dicas de museus diferentes em Paris

Gente, sei que o Real não tá para peixe, mas, algum dia a gente acaba viajando. E sempre teremos Paris <3

Piadas e trocadilhos infames à parte, estive explorando outros ângulos da cidade e resolvi compartilhar dicas fora do roteirão básico de turista. Afinal, Paris é a capital de tanta coisa, afe Maria, moda, gastronomia, arte. Tem um mundo de coisas a ser explorado. Aqui vai uma leva, de museus.  Não se engane, parece que só tem moda aí, mas tem arte, tem design, tem arquitetura 😉

pierre cardin formas diferentes

Pierre Cardin, Past, Present and Future: Num prédio desses bem europeus, pequenos, mas com três andares, num bequinho meio escondido no bairro Les Marais, fica o museu de um dos mais importantes estilistas da história. Pierre Cardin hoje não está mais sob os holofotes e seu nome nos remete a produtos populares nos anos 80 – eu lembro de anúncios de calça jeans, um amigo dos óculos de sol da mãe… Pois é, ele licenciou muita coisa com o seu nome, mas suas criações e a sua influência para o que vestimos ainda hoje têm uma força que não se vê com frequência. Cardin começou sua carreira nos anos 50 no ateliê de Christian Dior. Mas, foi quando saiu de lá que deixou sua marca na moda. Inspirado pelo Japão e pelas visões de um futuro tecnológico, diante da exploração espacial que ocorria nos anos 60, Cardin quebrou tradições e definiu novas formas para o vestuário feminino. Cortes planos, vestidos trapézio, moldes geométricos, cores fortes e metalizados. Também foi o primeiro a trazer a ideia do Prét-à-Porter (pronto para vestir) para o mercado de moda, com uma coleção desfilada na loja de departamentos Primtemps. Isso foi um rebuliço entre seus pares, que só faziam alta costura (roupas encomendadas e sob medida) para clientes privados. O episódio causou sua saída do Comitê de Alta Costura parisiense. Bom, para saber tudo isso e ver mais de 200 peças criadas por esse gênio, agende uma visita ao museu pelo site. Garanto que vale a pena!

art decoratif

Les Arts Decoratifs: Esse museu é dedicado à decoração. Mas, pense em decoração do ponto de vista francês, ou seja, exposições belíssimas e muito bem curadas (tá certo falar assim?). Quando eu o visitei, estava abrigando uma mostra dedicada à Coreia, uma vez que 2015 é o ano do país na França. A exposição estava dividida em duas partes, ambas dedicadas a designers atuais, de moda e mobiliário. Simplesmente de cair o queixo! E a Coreia é tendência para tudo, não tem inocência aqui. Aquele que está atento no que sai de novidade no mundo da música (Gangnam Stlye), da cosmética (BB Creams vieram de lá e mais mil coisas que já estamos usando ou vamos querer logo), e da moda (a Cruise Collection 2016 da Chanel foi desfilada em Seul) sabe do que estou falando. E o edifício fica na Rue de Rivoli, pertinho de vários outros lugares gostosos de visitar. Entre eles o Angelina Café, que tem simplesmente o melhor chocolate quente do mundo (juro!). Clique para ver o site do museu.

louis vuitton 2

Fondation Louis Vuitton: Bom, não é exatamente um museu, mas é como se fosse. Afinal, tem exposições ótimas, é um lugar lindo, feito pelo mesmo arquiteto do Guggenheim de Bilbao, Frank Gehry, então pode aparecer neste post. Quando estive lá, vi a exposição Pop & Music, com quadros de Basquiat e Warhol, que são da coleção permanente deles. Tinha também uma exibição especial em parceria com outros museus, como a Tate Modern de Londres e o Centre Pompidou de Paris, com peças de Matisse, por exemplo. E o prédio em si já é uma obra de arte. Concertos e os desfiles da marca também acontecem lá. A programação está no site, claro. Dica esperta: a Fundação fica no meio de um parque, então para chegar, siga as placas que já estão colocadas desde a plataforma na estação Les Sablon, da linha 1, do metrô.

Porto – não é só o vinho que interessa

Uma combinação de Ouro Preto com Paraty, Porto é belíssima. A comparação com a cidade litorânea brasileira é uma licença poética minha, uma vez que o município português é margeado em sua maior parte por um rio, o Douro, e não é famoso por suas praias. E tem um porto, claro.

Segunda cidade mais importante do país, tem arquitetura e patrimônio histórico impressionantes, em uma dimensão pequena, o que lhe confere charme. Dá para conhecer tudo a pé. Não à toa, é considerada pela Unesco patrimônio mundial da humanidade. Esse foi meu destino escolhido para começar a viagem por Portugal. Daqui, dei um pulo na Espanha, em Santiago de Compostela, depois fui descendo pelo Douro, parando em Coimbra e Óbidos, até chegar a Lisboa.

A área do porto, ou zona ribeira, é uma graça, cheia de restaurantes e bares, que ficam lotados de turistas. Apesar de parecer furada, é um passeio que vale muito a pena.

Por conta das universidades, a cidade também tem muita ‘vida jovem’. Eu não fui para as baladas, pero que las hay, las hay.

Onde ficar: Eu me hospedei em um flat, o Porto Central (Rua Mouzinho da Silveira, 149,). Saiu um bom custo benefício, o prédio era antiguinho, mas remodelado e superfofo, com todas as comodidades, inclusive wifi free. Bem de frente, está o Cantinho do Avillez, um dos restaurantes do Alex Atala dos portugas, o chef José Avillez, nada mal, né? Descendo a rua, chega-se à zona ribeira e subindo à Estação São Bento e ao centrinho histórico. Localização perfeita.

Como se locomover: Fiz tudo a pé. Eu prefiro assim. Mas, se quiser descansar as pernas – afinal a comparação com Ouro Preto significa também cidade com muitas ladeiras – Porto tem ótima distribuição de transportes públicos, com funicular e metrô, sendo que este liga o aeroporto ao centro.

Por onde turistar:
Na zona ribeira, já dita 😉
zona ribeira

Na Catedral da Sé, de onde se tem uma das mais encantadoras vistas de Portugal
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Pela Rua das Flores e adjacentes, no centrinho antigo, cuja bela arquitetura abriga restaurantes e lojinhas fofas. Duas que gostei foram a Mercearia das Flores (Rua das Flores 110), que vende conservas, queijos, cervejas, para levar e comer lá; e a Chocolateria Equador (Rua Sá da Bandeira 637), maravilhosa, que vende trufas de Vinho do Porto.
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No Café Majestic (Rua Santa Catarina 112), que é a Confeitaria Colombo de lá. Porém, achei os quitutes bem mais gostosos. Peça o Toucinho do Céu que, apesar de ser um doce vendido em todo lugar em Portugal, é especialidade da região do Porto e muito bem feito na casa.
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A Livraria Lello (Rua das Carmelitas 144) é uma das mais antigas de Portugal, fundada em 1869. Sua arquitetura impressionante também lhe rende o título de uma das mais belas do mundo em diversos rankings de turismo e design. O acervo de livros é grande. Eu amo livrarias, mas mesmo que você não compartilhe desse sentimento, uma entradinha para admirá-la não vai te causar arrependimento.
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A Estação São Bento é, claro, apenas um terminal de trens, mas seu saguão principal é tão lindo e eu tirei fotos tão legais, que, sim, recomendo uma passada.
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Do Porto, ainda é possível fazer um cruzeiro pelo rio Douro, visitar vinícolas produtoras de Vinho do Porto (dã) e até começar o Caminho de Santiago de Compostela. Eu optei por visitar as vinícolas um pouco mais para baixo, na região de Peso da Régua, onde também se produz o vinho licorado, e ir até Santiago confortavelmente de carro (hehehe). Portanto, as minhas dicas sobre esses passeios, você encontrará nos próximos posts.

*Foto Zona da Ribeira: Best Guide

Berlim, a cidade mais legal da Europa

“I can remember standing, by the wall
And the guns shot above our heads
And we kissed as though nothing could fall
And the shame was on the other side
Oh we can beat them, for ever and ever
Then we could be Heroes, just for one day”
David Bowie, Heroes

Ai, Camila, mas que título besta. É gente, só que é isso mesmo e eu quero ir direto ao ponto. Tem cidades que são lindas, outras charmosas, outras históricas… sei lá… e Berlim é tudo isso. É cosmopolita e moderna, mas despretensiosa. Tudo é bacana. Tudo te agrada. Eu escolhi ser direta e simples (e também quebrei a cabeça, mas não achei outra coisa para definir sem ser brega).

Então, vamos lá, em vez de me estender em um texto tentando explicar o quanto incrível e atraente essa cidade é, eu te convido a ler os próximos posts e aproveitar as dicas que reuni, quem sabe assim um pouco da impressão maravilhosa que eu tive possa ser transmitida. Espero que sejam realmente úteis aos meus três leitores – cof, cof.

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Brandenburg Gate

Para começar, darei as dicas práticas. Isto porque, sim, já fui perguntada sobre elas (yay!). Além disso, acho que se alguém chegou até aqui, deve estar arrumando as malas, quer montar um roteiro, saber onde ficar, onde e como ir. Depois, vou falar do que interessa: baladas. Afinal, Berlim é a cidade do nightclubbing. Emendarei com mais coisitas sobre a viagem e irei linkando os posts aqui.

Bom, onde ficar:

Eu já me hospedei no albergue Wombats, considerado pelos usuários do Hostel.com um dos melhores do mundo, em um quarto de seis meninas e foi mesmo muito bom. Um conselho: reserve sempre direto com o estabelecimento, que fica mais barato. Sites como o Hostel ou o Booking podem ser boas referências para ver ratings e avaliações, mas eles cobram taxas a mais 😉

O albergue é superlimpo, novo, tem quartos com banheiro dentro, lockers no quarto, tudo organizado, café da manhã gostoso, um bar anexo, wifi, computadores, lavanderia, bikes para alugar. Os preços já não sei, pois fiquei lá em uma outra vez, em 2010. Mas, eram valores bem amigos (alô, Galvão).

Fica pertinho da Alexanderplatz, a Praça da Sé deles, de onde saem trens e metrôs com várias interligações, e também onde tem lojas como Primark, cinemas, farmácias, supermercados, um montão de coisas. Dá para chegar lá a pé. Do lado do Wombats, também tem uma avenida onde dá para pegar ônibus para os aeroportos e para outros pontos de turismo. Você já viu a Alex (tô íntima da praça) em filmes como A Identidade Bourne e Praia do Futuro.

Além disso, o bairro é bem moderninho, cheio de lojas e restaurantes legais. Lojas tipo MAC PRO, Khiels e Urban Outifitters, tá meu bem??? Nessa vizinhança, perto da saída do metrô Weinmeisterßtrasse, também tem uma loja de Absinto, a Absinthdepot Berlin, de morrer…

Aqui, no quesito onde ficar, já dei duas dicas, de onde turistar, Alexanderplatz, e de onde fazer compras, as ruazinhas perto do Wombats (ruas Rosenthalerstraße e Weinmeistersstraße).

Como se locomover:

Berlim é grande, então metrô e ônibus são necessários. Lá, além do metrô como conhecemos, tem o tram, que é uma espécie de bonde moderno. Você pode comprar apenas um passe que vale para todos. Compre o de quatro bilhetes, assim você paga com um descontinho. É preciso validar antes de cada viagem. Seja no metrô, tram ou ônibus, haverá uma máquina para você enfiar o bilhete e carimbar o horário. Sempre faça isso no primeiro meio de transporte que pegar, pois frequentemente sobem fiscais nos vagões para verificar os bilhetes dos passageiros. Se o seu não estiver carimbado, é multa na certa. Com o mesmo passe, você pode tomar diversas conduções no período de duas horas. Mas, algumas distâncias são tranquilamente possíveis de ser feitas a pé. Tenha um (Google) mapa à mão e pronto.

Ah, rola alugar bicicleta. Porém, eu não passei por essa experiência… se descobrir algo efetivo sobre isso, coloco um update aqui.

Por onde turistar:

Eu recomendo fazer os walking tours. O que é isso? É um rolê turístico andando hahaha. Tem diversos circuitos e são gratuitos, mas é altamente recomendável dar uma gorjeta no final para o guia. Eu fiz dois, um que era o original e outro que era o alternativo. Eu acho que vale muito a pena por que você vai no chão, próximo às coisas, ouvindo as explicações do guia, em uma cidade CHEIA de história, com locais em que muitas vezes os fatos se sobrepõem. Me explico: há, por exemplo, prédios que foram ocupados pelos nazistas e posteriormente pelos comunistas, tornando-se assim marcos de dois momentos da história de Berlim. Além disso, o tour te ajuda a se localizar para depois andar sozinho. Sobre o walking tour original: sai do Brandenburg Gate e cobre os principais pontos históricos. Já o alternativo, sai da East Side Gallery, que é uma parte do muro de Berlim pintada por grafiteiros do mundo inteiro (imperdível, a foto de destaque do post é de lá) e te leva para ver mais arte de rua e lugares ocupados por artistas (chamados de squats). Para dar uma ideia, vemos nesse tour grafites de Sean Shepard, autor daquele retrato azul e vermelho do Obama para sua campanha eleitoral, e do famigerado Banksy. Os passeios têm guias em inglês, alemão e espanhol. Para mais informações clique aqui.

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Estêncil atribuído a Sean Sephard, feito na lateral de um dos squats mais famosos de Berlim, o prédio Tacheles. No bairro judeu (Oranienburger Straße), era uma antiga loja de departamentos, foi tomado por artistas, que montaram nele seus ateliês. Há pouquíssimo tempo, foi fechado pela prefeitura, infelizmente.

Sobre museus:

Berlim tem uma ilha deles. Bom, não é exatamente uma ilha, é uma praça que tem esse nome e uma porrada de museus. Entre eles, recomendo o Neues Museum,  o museu egípcio onde fica o busto da rainha Nefertiti. Segundo os historiadores, é uma das peças mais importantes da antiguidade. Mas a visita vale se você se interessar por coisas raras da arqueologia. Se não, siga para as próximas dicas.

Museu do holocausto: fica abaixo do Memorial do Holocausto, que não é na ilha. Depois de andar no memorial, um conjunto de 2500 peças de concreto que formam um jardim de lápides duras e silenciosas, vá ao museu, que está no subsolo, para se aprofundar na história sombria do holocausto. É tenso, mas vale muito a pena.

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Memorial do Holocausto

Museu do Judaísmo: vale pelo mesmo motivo , por contar toda a história dos judeus desde a antiguidade e também por sua bela arquitetura. O arquiteto, Daniel Libeskind, é também autor do Memorial do Holocausto.

E agora, o programa mais divertido de todos: Mauerpark (Gleimstraße 55, 10437), aos domingos. Todo europeu vai aos parques no fim de semana. E em Berlim não é diferente. Aqui você vai encontrar um mercado de pulgas muito bom, uma feirinha de comidas e… um karaokê ao ar livre, com plateia gigante e animada. A galera aplaude e canta junto, mesmo com os desafinados. É muito… legal! E como um parque não basta, tem outro que é mara, o Templehof,  que era o aeroporto do Hitler! As instalações e a pista de pouso foram mantidas. Aliás, essa é uma característica de toda a capital alemã, os lugares antigos são preservados, contudo, com novos usos. Hoje o pessoal anda de bicicleta e skate onde antes os aviões taxeavam e, às vezes, rolam uns festivais de música lá, quem sabe você dá sorte e vê um?

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 Plateia do karaokê no Mauerpark 

Como se comunicar: muita gente fala inglês em Berlim, apesar de não ser um idioma superdifundido, eu me virei bem, uma vez que não falo uma palavra de alemão. Como tem muitos estrangeiros morando lá, não é raro encontrar alguém que fale francês ou espanhol, então se você for como eu, não se preocupe.

Segurança: Você pode circular de boa por toda a cidade, em qualquer horário, até sozinho. Quando há eventos nas ruas, tem policiamento não-armado e é tudo civilizado – eu passei o 1 de maio lá, quando rolam shows por toda a cidade, para todos estilos e gostos, é uma boa data para estar em Berlim 🙂 . Mas, furtos (roubos de subtração que você nem percebe, para deixar BEM claro) podem acontecer e acontecem e eu posso testemunhar, infelizmente. Não só em Berlim, mas também na Espanha, Portugal, França… presenciei e sei de vários casos. Por isso, não dê bobeira com bolsas, carteiras, celulares, câmeras e ande com uma cópia do passaporte, deixe o verdadeiro guardado. Essas dicas valem para qualquer destino na Europa, acredito eu.

A cidade tem muito mais coisas turísticas para fazer, mas esses são os meus destaques.

Se tiver mais alguma dúvida ou pergunta, coloca aqui nos comentários ou me manda um email 😉

UPDATE: Saiba quais são as melhores baladas de Berlim clicando aqui e post com um roteiro cervejeiro na cidade, clicando aqui!