Musa: Jessica Lange

Now she walks through her sunken dream
To the seat with the clearest view

And she’s hooked to the silver screen
But the film is a saddening bore

‘Cause she’s lived it ten times or more
She could spit in the eyes of fools as they ask her to focus on
Life on Mars?, David Bowie

Antes tarde do que nunca. Não sei se atribuo a frase a mim mesma, a todo mundo, a Hollywood, a própria atriz ou a um de seus personagens. Fato é que agora a vejo no Olimpo, ao lado de Meryl, Julianne e Fernanda. Pois é, entrei para o grupo dos fãs de American Horror Story (AHS). Assisti às três temporadas e meia de uma vez – o que faço agora com um episódio por semana, somente?

Bom, estou falando de Jessica Lange. Ela ganhou fama e reconhecimento no final dos anos 70 e começo dos 80. O primeiro Oscar veio por seu desempenho como atriz coadjuvante em Tootsie, uma comédia maravilhosa com Dustin Hoffman, em 1982. Já o primeiro sucesso veio antes. Eu, inclusive, tenho a versão de 1976 de King Kong como uma das minhas mais antigas memórias cinematográficas. Também é memorável sua participação em outro clássico das telas, um Scorcese, Cabo do Medo (1991). Em 1994, veio outro homenzinho dourado, dessa vez de melhor atriz pelo filme Céu Azul (quem assistiu?). Muitas atrizes já foram premiadas e tal, mas nem todas ganham realmente aquele status de über estrela, principalmente perante o público, e Jessica passou uns 20 e muitos anos na gaveta.

Jessica-Lang-King-Kong
King Kong

tootsie
Tootsie

jessica meryl 1983
Recebendo o primeiro Oscar, ao lado de Meryl Streep, que levou de melhor atriz por A Escolha de Sofia

O passado provava que muito talento e beleza ela tinha, só faltava alguém resgatar. Um pouco antes dos espertíssimos produtores a escalarem para AHS, ela fez o papel de Big Edie, ao lado de Drew Barrymore, em Grey Gardens (2009), um filme para TV que virou cult. E por ele, ganhou um Emmy de melhor atriz. Uma ocorrência que temos visto muito: obras e performances da telinha superarem as da telona. Como não posso deixar de fazer: eu recomendo muito assitir. Infelizmente, não consegui encontrá-lo disponível em meios legais para dar a dica. Sorry.

Seu estilo em AHS é uma ótima inspiração de moda. A cada temporada, surge uma personagem com suas próprias características, mas todas têm um ar de femme fatale retrô. Mesmo que o enredo se passe em tempos contemporâneos, o figurino sempre traz um perfume de outras décadas, o que combina com suas feições delicadas como as de atrizes de film noir, herdadas da mãe finlandesa e do pai alemão. Jessica também fica perfeita emulando estrelas dos anos 30 e astros do rock com um toque andrógino… porém, não gosto de spoilers, então paro de fazer referências por aqui. Na vida real ela faz uma linha mais classy e sempre aparece lindíssima nos tapetes vermelhos.

jessica very young
DNA de diva

jessica fiona2
Jessica como Fiona Goode, temporada 3 de AHS

elsa bowie fx
Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

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Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

64th Annual Primetime Emmy Awards - Arrivals
No Emmy Awards 2014

Aos 65 anos, ela está com tudo. É garota-propaganda da linha de maquiagens do Marc Jacobs. Seu próximo trabalho em Hollywood será uma comédia dirigida por Andy Tennant, de Hitch, ao lado de Demi Moore e Shirley MacLaine. Suas covers de hits do rock feitas para AHS atingiram picos de vendas no iTunes. O episódio de estreia da atual e quarta temporada da série teve a maior audiência da história do canal FX, onde é originalmente transmitida nos EUA, com 10 milhões de espectadores.  E a atriz está NEGOCIANDO sua participação na próxima. O produtor-executivo disse que não desistirá dela fácil. Esperamos que a senhora Lange veja o tremendo sucesso que pode deixar para trás. Cabe mencionar que esse trabalho já lhe rendeu dois Emmys e um Globo de Ouro. Sempre dá para encaixar um filme entre gravações. E ganhar outro Oscar. Todos rezam.

Como sambar na cara da dramaturgia é pouco, ela ainda é uma exímia fotógrafa, com dois trabalhos publicados, QUE SERÃO APRESENTADOS EM SÃO PAULO, em fevereiro de  2015.  E a artista deve vir para a abertura da exposição, tá?

elle EUA november
Capa da revista ELLE dos EUA, novembro de 2014

Bônus e mini spoiler: Você não precisa baixar as músicas que Jessica Lange canta em AHS. Fiz uma playlist da série 🙂

P.S. Se Jessica te causou interesse em American Horror Story, vá em frente. Como me disse a Márcia, do blondenoir – que sempre tem ótimas dicas culturais – você nem percebe e já está aplaudindo o desempenho de Lange na série em pé, sozinha, no meio da sala. Cada temporada tem uma história diferente e independente da outra, mas com um elenco-base que se repete. A primeira começa muito bem e termina mal. Mas, as três que a sucedem são excelentes. Eu acho legal ver desde a primeira, pois é muito divertido acompanhar o elenco “reencarnando” em novas histórias. Todas contam com Jessica Lange. E, à partir da segunda, atores muito bons como Sarah Paulson, Evan Peters e Lily Rabe ganham mais espaço, enquanto o time recebe grandes reforços com Kathy Bates, Emma Roberts e Angela Bassett. O Netflix tem as duas primeiras e a Net promete colocar em breve todas no Now. A quarta temporada está no ar na FOX.

Fotos: NY Post, IMDB, Elle, FX, Just Jared

RuPaul’s Drag Race

“When you become the image of your own imagination, it’s the most powerful thing you could ever do”, RuPaul

Eu simplesmente agarrei um amor nesse reality show que nem sei dizer. Minha amada amiga Márcia me falou umas 37 vezes para começar a assistir, na 38a eu resolvi dar ouvidos e fiquei viciada. Vi seis temporadas alucinadamente.

Bom, o RuPaul’s Drag Race é uma competição para eleger a drag queen superstar dos Estados Unidos do ano em questão. Tipo America’s Next Top Model, só que elevado a enésima potencia de mais legal. É comandado por RuPaul, drag queen que ficou mundialmente famosa nos anos 90, com uma música que emplacou, chamada Supermodel. Hoje, acho que Mama Ru é mais conhecida por ter sido a garota-propaganda da Viva GLAM, uma linha de batons da MAC, marca de maquiagens babado.

rupaul

Parece muita purpurina para um único show… e é. Mas, não se acanhe. Além de ser divertidíssimo, educa, emociona e incentiva. E sobretudo inspira. Quem assiste entende o que estou falando. Como não sei bem como desenvolver um texto analisando um programa tão peculiar, vou fazer tipo o BuzzFeed e elencar as razões pelas quais você tem que começar logo a assisti-lo, sem order, nem critério, nem número redondo. Depois eu conto quantas deram e coloco no título:

1. Ver RuPaul desfilar vestidos maravilhosos que fazem sombra em Tyra e Heidi.
2. Babar com as produções das drags. São absurdamente fantásticas.

courtney asas
3. Melhorar a autoestima com as pílulas de sabedoria que Ru solta a cada episódio, como por exemplo: “Olhe para mim: sou um velho  grande, embaixo de muita maquiagem. Se eu posso ficar linda, você também pode”
4. Saber como esconder os documentos quando decidir usar um biquini
5. Rir de verdade com as avaliações dos jurados quando as queens se apresentam na passarela. E isso vale muita coisa depois de um dia de trabalho na frente da telinha, dizae
6. E ganhar um bônus de humor com os jurados convidados para cada programa
7. Voltar à infância com as apresentações de fantoches. Não, pera.
8. Descobrir o que significa shade
9. Conhecer a RAJA (ficou curioso?)
10. Conhecer a Latrice Royale
11. Se apaixonar pela Adore

adore im fuk cool
12. Ver a Khloe Kardashian desabafar sobre as agruras de ter uma pomba gordinha :/
13. Chorar litros com as histórias de rejeição e homofobia contadas pelos participantes
14. Chorar litros com os reencontros familiares, as amizades reatadas e os noivados proporcionados pelo programa
15. Ter vontade de fazer lip sync todo dia no chuveiro (ou na rua, no busão, no Pão de Açúcar enquanto escolhe tomates)
16. Amar ainda mais a Cher, a Madonna, a Diana e a Gaga
17. Conversar depois com os amigos no bar – ou no Whatsapp, escolha seu meio – sobre suas drags favoritas, quais não deveriam ter sido eliminadas etc
18. Ficar louco para baixar RuPaul’s Drag Race Allstars, uma edição especial do programa, que contou com participantes de várias temporadas, reunindo um time de elite
19. Aprender truques de maquiagem infalíveis, como afinar o nariz e até aumentar o volume dos seios com sombra marrom (!)

nina make
20. Deixar de se vestir e começar a se montar
21. Aprender que não se deve vestir um corset depois de ter comido muito
22. Incluir no seu vocabulário as seguintes expressões: Loca!; Can I get an amen?; Halelu e Heiii
23. Aprender de uma vez por todas que leitura é FUNDAMENTAL.

Se eu te convenci, tá facinho: todas as temporadas estão no Netflix. E corre para entrar na tendência, pois as drags vão dominar geral, como cantou a bola minha querida Márcia. Elas estão na novela, em matéria em revista de moda, teve a Conchita Wurst ganhando o Eurovision 2014… e não, não é só mulher e gay que vê o programa não.

*Todas as fotos do post são de divulgação da Logo TV e RuPaul’s Drag Race Facebook