Dez dicas para arrumar a mala de viagem

Uma mala que leve tudo o que você precisa, nem mais e nem menos, permite que seu foco seja o que deve ser: a viagem! Parece óbvio, mas, muitas vezes, não é assim. Ser humano é bicho ansioso por natureza e costuma sofrer por não estar adequado ou ACHAR que não está. Em uma viagem de negócios, esse tipo de sentimento pode ser maior ainda. Mas, há situações em que não é um sentimento apenas: em um destino onde o clima é frio, se suas roupas não estiverem adequadas à temperatura, o sofrimento é real. E mala pesada, com mais coisas que o necessário, sempre é um problema. Então, que tal ter consigo uma companheira de viagem bem organizada que facilite os dias fora de casa? Uma consultora de estilo te auxilia a fazer isso, esse é um dos serviços que realizo. E compartilho aqui algumas dicas:

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Vamos passar disso…

  1. Escolha uma mala de material firme e de quatro rodinhas – muito mais prática e fácil de empurrar
  2. Com as próximas dicas, você pode fazer tudo caber em uma mala de mão. É prático para viagens de avião e de carro – a sua coluna e o porta-malas agradecem.
  3. Coloque tudo o mais aberto possível, fazendo menos dobras – amassa menos e assim cabem mais peças
  4. Em viagens de avião, se for despachar a mala principal, leve uma troca de roupa e uma nécessaire com itens essenciais na bolsa, afinal extravios acontecem (não são lenda urbana)
  5. Coloque acessórios e meias dentro de sapatos e outros objetos ocos
  6. Dobre blazers e casacos do lado do avesso, pois amassam menos
  7. Escolha peças de tecidos sintéticos, que amassam menos
  8. Eleja uma paleta de três cores para que as peças combinem entre si e você não precise levar muitas
  9. Nunca leve sapatos novos. Sapato bom para viagem é sapato que já foi bastante usado. Claro que não precisa ser sapato degastado, mas um par com o qual você se sinta confortável para caminhar, mesmo que por muitas horas.
  10. Sempre leve uma troca de roupa do clima contrário ao que você encontrará no destino escolhido. Não é difícil que, num dia bem quente, faça uma noite mais geladinha.

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…para isso 🙂

 

Se interessar uma ajuda profissional com a sua mala, me manda um e-mail: camilarochaestilo@gmail.com

 

Fotos: Dreamstime, Roberta Calucci, Bazar das Luluzinhas e Hoje Mais.

Três dicas de museus diferentes em Paris

Gente, sei que o Real não tá para peixe, mas, algum dia a gente acaba viajando. E sempre teremos Paris <3

Piadas e trocadilhos infames à parte, estive explorando outros ângulos da cidade e resolvi compartilhar dicas fora do roteirão básico de turista. Afinal, Paris é a capital de tanta coisa, afe Maria, moda, gastronomia, arte. Tem um mundo de coisas a ser explorado. Aqui vai uma leva, de museus.  Não se engane, parece que só tem moda aí, mas tem arte, tem design, tem arquitetura 😉

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Pierre Cardin, Past, Present and Future: Num prédio desses bem europeus, pequenos, mas com três andares, num bequinho meio escondido no bairro Les Marais, fica o museu de um dos mais importantes estilistas da história. Pierre Cardin hoje não está mais sob os holofotes e seu nome nos remete a produtos populares nos anos 80 – eu lembro de anúncios de calça jeans, um amigo dos óculos de sol da mãe… Pois é, ele licenciou muita coisa com o seu nome, mas suas criações e a sua influência para o que vestimos ainda hoje têm uma força que não se vê com frequência. Cardin começou sua carreira nos anos 50 no ateliê de Christian Dior. Mas, foi quando saiu de lá que deixou sua marca na moda. Inspirado pelo Japão e pelas visões de um futuro tecnológico, diante da exploração espacial que ocorria nos anos 60, Cardin quebrou tradições e definiu novas formas para o vestuário feminino. Cortes planos, vestidos trapézio, moldes geométricos, cores fortes e metalizados. Também foi o primeiro a trazer a ideia do Prét-à-Porter (pronto para vestir) para o mercado de moda, com uma coleção desfilada na loja de departamentos Primtemps. Isso foi um rebuliço entre seus pares, que só faziam alta costura (roupas encomendadas e sob medida) para clientes privados. O episódio causou sua saída do Comitê de Alta Costura parisiense. Bom, para saber tudo isso e ver mais de 200 peças criadas por esse gênio, agende uma visita ao museu pelo site. Garanto que vale a pena!

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Les Arts Decoratifs: Esse museu é dedicado à decoração. Mas, pense em decoração do ponto de vista francês, ou seja, exposições belíssimas e muito bem curadas (tá certo falar assim?). Quando eu o visitei, estava abrigando uma mostra dedicada à Coreia, uma vez que 2015 é o ano do país na França. A exposição estava dividida em duas partes, ambas dedicadas a designers atuais, de moda e mobiliário. Simplesmente de cair o queixo! E a Coreia é tendência para tudo, não tem inocência aqui. Aquele que está atento no que sai de novidade no mundo da música (Gangnam Stlye), da cosmética (BB Creams vieram de lá e mais mil coisas que já estamos usando ou vamos querer logo), e da moda (a Cruise Collection 2016 da Chanel foi desfilada em Seul) sabe do que estou falando. E o edifício fica na Rue de Rivoli, pertinho de vários outros lugares gostosos de visitar. Entre eles o Angelina Café, que tem simplesmente o melhor chocolate quente do mundo (juro!). Clique para ver o site do museu.

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Fondation Louis Vuitton: Bom, não é exatamente um museu, mas é como se fosse. Afinal, tem exposições ótimas, é um lugar lindo, feito pelo mesmo arquiteto do Guggenheim de Bilbao, Frank Gehry, então pode aparecer neste post. Quando estive lá, vi a exposição Pop & Music, com quadros de Basquiat e Warhol, que são da coleção permanente deles. Tinha também uma exibição especial em parceria com outros museus, como a Tate Modern de Londres e o Centre Pompidou de Paris, com peças de Matisse, por exemplo. E o prédio em si já é uma obra de arte. Concertos e os desfiles da marca também acontecem lá. A programação está no site, claro. Dica esperta: a Fundação fica no meio de um parque, então para chegar, siga as placas que já estão colocadas desde a plataforma na estação Les Sablon, da linha 1, do metrô.

Lisboa, como é boa

Cidade especial. Cada canto lembra algum lugar do Brasil: uma rua de bares que parece São Paulo, uma ladeira de casas coloridas como as de Olinda, um largo aberto com os do centro do Rio de Janeiro… mas, só lembra por que de igual mesmo não tem muita coisa. Talvez as pedrinhas da calçada.

O ideal é ficar lá muitos dias. Conheço pessoas que inclusive resolveram passar alguns anos. Porém, sei que a maioria vai para aproveitar as férias, então, sugiro no mínimo quatro dias inteiros. Isso, sem contar passeios para as vizinhas Cascais, Estoril e Sintra.

Onde ficar: Hotel Botânico (Rua Mãe D’água, 16-20). É ok, funciona, tem café da manhã, é bem localizado, mas não é bonito. Esse foi o que eu fiquei. Como outras capitais europeias, Lisboa tem preços mais caros de hospedagem se comparada a outras cidades, então não é tão simples achar um bom custo-benefício. O Airbnb pode ser uma saída. Nele, você procura apartamentos ou quartos nas casas das pessoas e negocia um preço que costuma ficar mais baixo do que na indústria hoteleira. E, muitas vezes, acaba sendo uma experiência superagradável.

Por onde turistar:
Lisboa Baixa: Largo do Rossio, Rua Augusta, Praça do Comércio. Essa é a parte, ÓBVIO, baixa da cidade. É também o centro fervilhante, onde todo mundo caminha rápido, sabe? Os restaurantes daqui são, em sua maioria, pega-turista. Vá até a área do Chiado ou se guie pelo Trip Advisor (tem app para o celular) para encontrar onde comer. O legal nessa área é passear a esmo, observar a arquitetura, entrar nas mil lojinhas de artesanato, louças e afins.
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Souvenirs que podem ser encontrados nas lojas do Baixo Lisboa

Por ali também ficam os Armazéns do Chiado, ótimos para fazer compras, sobre os quais falarei mais abaixo. Tem também a rua homônima a nossa aqui de São Paulo, a Augusta. Só que essa é mais comportada, praticamente ocupada pelo comércio. Tem Zara, H&M, Mango… termina na Praça do Comércio, um belo largo com vista para o Tejo, que mais parece um mar. Se você for seguindo pela margem do rio, chega até a zona do Cais do Sodré, e no caminho passa por bares gostosos de sentar e por um “jardim” estilizado feito por um artista local. É um passeio legal, que pode ser feito de bicicleta.
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Rua Augusta

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Bonde que liga a parte baixa à alta
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“Jardim” na margem do Tejo

Antes disso, sugiro parar no MUDE (Museu do Design e da Moda) que fica na Augusta. A entrada é grátis. Tem um acervo bem bacana, que vai de Pucci a irmãos Campana, e sempre tem alguma exposição extra. Eu vi uma do André Saraiva, artista português moderno, que faz instalações baseadas na cultura pop e no grafite. Gostei bastante.
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Fachada do museu

Zona do Porto – Cais do Sodré: essa é a região próxima ao porto. Hoje, já não é tão movimentada por conta do comércio hidroviário, mas sim, por conta da vida gastronômica e noturna que surgiu por lá. Tem também uma importante estação de trem e metrô, de mesmo nome, com interligações para várias áreas da cidade. O Mercado da Ribeira, centro de comercialização de alimentos tradicional da cidade, foi reformulado e hoje abriga estandes de chefs renomados, assim como de restaurantes e doçarias. Imperdível! Lá perto também fica a rua cor-de-rosa, cujo pavimento é pintado nesse tom, cheia de baladas, que ferve depois das 23h.
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Rua cor-de-rosa

Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém: essas duas atrações estão bem próximas, por isso tome o trem (elétrico 15E) que sai da Praça da Figueira e vá às duas no mesmo dia. Uma dica: a estação Belém fica próxima à Pastelaria de Belém e não à Torre de Belém. Para chegar à Torre, desça na estação Mosteiro dos Jerónimos. Ou desça antes, coma uns três pastéis e vá andando 😉 A Torre e o Mosteiro são obras arquitetônicas impressionantes. E foi da Torre que Cabral saiu para descobri o quê? Pois é, tem que ir e comer o pastel, que também é uma obrigação cultural em Portugal, não custa reforçar.
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Mosteiro dos Jerónimos

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Torre de Belém

Chiado e Bairro Alto: você pode chegar até essa região andando desde a parte baixa, mas, obviamente, terá que ter força nas canelas. Caso prefira, pegue o metrô e desça nas estações de mesmos nomes ou tome um taxi. Taxi não sai tão caro em Lisboa. Esses são bairros cheios de bares e restaurantes. Alguns lugares que valem uma passada: 1. Cervejaria Trindade (Rua Nova da Trindade 20 C), que era um convento e hoje serve cervejas e iguarias culinárias tradicionais muito boas. Os doces são feitos lá e são divinos. Aproveite para sair um pouco dos pastéis e peça um mousse de chocolate ou um pavê. Eles também são craques em mousses em Portugal, gente, descobri isso lá. Olha, se eu não voltei com diabetes foi por que Deus não quis, viu? 2. O Café A Brasileira (Rua Garrett 120) foi fundado em 1905 e vendia o melhor café brasileiro. Não fazia muito sucesso por lá até que virou ponto de encontro de grandes poetas, escritores e intelectuais da época. Na frente, tem uma estátua do Fernando Pessoa, ótima para fazer aquela foto de turista. 3. A Livraria Bertrand Chiado (Rua Garrett, 73-75) é a mais antiga do mundo em atividade. Fundada em 1732, ainda tá lá e registrada no Guinness Book. Eu fiz essa foto fofa do cachorro que não mostra nada, mas tudo bem.
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Cervejaria Trindade

Onde comer: Mercado da Ribeira, Cervejaria Trindade, Pastelaria de Belém e restaurantes do José Avillez- Café Lisboa, Belcanto e Mini Bar.

O Mercado da Ribeira é maravilhoso! Tem opções para todos os gostos. E também dá para comprar quitutes para trazer pro Brasil. Eles estão super acostumados com isso, embalam a vácuo e tals. Dá para trazer queijo da Serra da Estrela, bombons de vinho do Porto, presunto de belota, vinhos, tem noção!? Bom, conto o que comi para ajudar na decisão de alguém, quem sabe? Experimentei o porco confitado, a salada de polvo e o cuscuz do Henrique Sá Pessoa, o menu degustação de cinco pratos da Marlene Vieira e o mousse de chocolate da Nós é Mais Bolos, cujo pão de ló também é de comer chorando. Sai por volta de 2o e poucos euros uma entrada, um prato, uma taça de vinho e uma sobremesa. Pelamordedeus viu, se eu morasse lá ia uma vez por semana.
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Vista do Mercado

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Salada de polvo

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Porco confitado

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Menu degustação da Marlene Vieira

Bom, além disso, NÃO DEIXE DE IR na Pastelaria de Belém. Vai ter um milhão de pessoas na frente, uma fila monstra para pegar os docinhos para levar, porém não se assuste. A rotatividade é alta e logo vaga uma mesa. Sente-se e prepare-se para comer pasteizinhos de nata recém-assados, que vêm com um potinho de canela e açúcar para você polvilhar na hora. O local tem um cheiro de doce no ar, uma coisa. Essa iguaria já entrou para diversas listas de melhores comidas do mundo.

José Avillez é um chef renomado em Portugal, com livros publicados e restaurantes que vão do tradicional revisitado ao moderno. Eu só fui em um, pois assim permitia o orçamento e a paciência dos meus companheiros de viagem. Fui no Café Lisboa (Largo de São Carlos, 23), que fica anexado ao Teatro São Carlos. Um lugar fofo e com personalidade, uma vez que fica num local histórico. A comida é mais simples do que na casa mais famosa, o Belcanto, e mais comida mesmo do que os petiscos oferecidos no Mini Bar. Pode parecer mega estranho o que pedi no Café, mas achei bom de verdade. Foi um pastel, igual a esses que comemos nas feiras do Brasil, recheado de carne de panela, servido com arroz de grelos (isso é só uma verdurinha irmã da couve, calma). De sobremesa, pedi toucinho do céu com sorbet de framboesa. Não foi uma refeição muito cara, só não lembro exatamente quanto custou. Sorry. Ah, é prudente fazer uma reserva. E nos fins de semana, nem pense em tentar jantar em qualquer restaurante melhorzinho de Lisboa sem uma. Tentei encontrar algum site que faça reservas online em Portugal, mas parece que essa facilidade moderna ainda não chegou lá. O jeito é ligar nos estabelecimentos mesmo.
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Pastel de carne com arroz de grelos

Onde fazer compras: Armazéns do Chiado, Rua Pedro V, Rua do Alecrim, Avenida Liberdade e Primark.

Os Armazéns do Chiado têm esse nome estranho, mas nada mais são do que um shopping. Fica em uma ladeira, entre a parte baixa e a alta da cidade, dentro tem Sephora, Kiko e Fnac, entre outras. Na mesma rua, tem uma H&M gigante, com a parte de home décor, que ainda é rara na Europa, Zara e Muji, uma loja japonesa de tranqueiras incríveis, tipo um secador de viagem, superpotente, de 10 cm.

A Rua Pedro V é a mais fashion da capital Portuguesa, com lojas de estilistas locais e algumas multistores conceituais, daquelas tipo Urban Outfitters e Anthropologie. Já a Rua do Alecrim, é uma que sobe do cais para o bairro alto e tem um ar mais moderninho, com lojas de roupa, de objetos para casa e galerias de artistas, bem bacana. A Avenida Liberdade é a Champs-Élysées dos portugas, com flagships de Chanel para cima, mas também algumas coisas mais acessíveis tipo Mango e COS.
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Loja da Alexandra Moura, na Rua Pedro V

Por fim, a Primark é o paraíso de todos nós. Barata, com muitas opções de roupas, para todos os gostos. E quando digo barata, é baraaaaaata. Fica um pouco longe, porém, se você gosta de umas coisinhas diferentes e a preços bem legalzões, vá lá, de metrô. Fica na estação Colégio Militar, perto do estádio do Benfica. Uma ideia é: os meninos podem ver um jogo e as meninas vão comprar, que tal? Bom, eu iria ver o jogo também e depois arrastaria o boy para a loja, já que tá pertinho né.

Onde sair à noite: Na rua cor-de-rosa, que fica na área do cais, ou pelos bares do Bairro Alto.

Pode pular: Castelo de São Jorge. Eu achei sem graça.

Ufa, acho que é isso! Tem muito mais em Lisboa na real, porém, do que conheci, tá tudo aqui 🙂

Roteiro cervejeiro em Berlim

Alemanha e cervejas são indissociáveis, então, ir para lá e não beber algumas parece um desperdício. Nada mais adequado, portanto, do que um roteiro com os melhores lugares para tomar e comprar cerveja em sua capital, a cidade mais legal da Europa, feito pela minha querida amiga Veronica Menzel, mestre na arte e residente local. Quando fiquei uns dias em Berlim, ela foi minha anfitriã, então imagina o bem que passei 😉 Alguns desses lugares também conheci, então dei meus pitacos. Acho que ficou muito bom. Talvez o melhor dos últimos tempos. Divlguem hahahha

Vamos por itens:

1)Microcervejarias e brewpubs – produtoras que têm um bar/restaurante para os clientes

Hops & Barley – Wühlischstr. 22/23
O bairro onde fica essa pequena cervejaria chama-se Friedrichshain e é um dos mais agitados e badalados de Berlim, repleto de bares, restaurantes e baladas. O Hops & Barley é muito aconchegante e dá para provar suas ótimas cervejas por lá mesmo. Além das clássicas da casa, eles fazem mais de uma especialidade sazonal e o mestre cervejeiro é muito gente boa! Às quintas-feiras costuma rolar jazz ao vivo e se não chegar cedo fica impossível sentar. No verão, a casa abre um espaço com mesas na rua, no estilo Biergarten, que fica sempre cheio e animado. É uma ótima opção para tomar boas cervejas artesanais!

Nota da Camila: é comum na Alemanha os espaços Biergarten (ou Beergarden) que são áreas ao ar livre, com mesinhas e jardim, algumas vezes com mais de um fornecedor de cerveja e também com comidinhas. É uma delícia parar em algum desses para passar um tempo. Geralmente, a comida oferecida é o currywurst com batatas, um prato de rua tradicional que consiste em salsicha com molho agridoce parecido com catchup, acompanhada de fritas. Eu adoro!
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Biergarten em Berlim

Brauhaus Lemke – Dircksenstr. 143 – Hackescher Market e Luisenplatz 1
Microcervejaria também muito boa, especializada nos estilos clássicos alemães, sem grandes inovações. As cervejas são bem feitas e gostosas. O restaurante é muito bonito e agradável e tem uma excelente comida alemã, com bons preços. Eles têm dois endereços em Berlim, um no centro, perto da Alexander Platz, que fica embaixo de uma linha de trem (em Hackescher Market) e o outro em frente ao castelo “Schloss Charlottenburg”, por isso quando for ao castelo uma boa recomendação é acabar o passeio na cervejaria, regado a delicias típicas alemãs!

Nota da Camila: uma dica para comer aqui é o spätzle, uma massa grossinha, semelhante na consistência a um nhoque, mas que é cozida num formato compridinho. Na Brauhaus Lemke, é servido com queijo e brócolis. Maravilhoso e acho que nem tão comum no Brasil.

Heidenpeters
Cervejaria artesanal relativamente nova em Berlim e o mais legal é que ela fica dentro do mercado de comidas Markthalle Neun. Ou seja, une-se o útil ao agradável! O mercado é fofo e tem diversas opções de alimentos gourmet e tradicionais. As cervejas são gostosas e a mais famosa é a “Thirsty Lady” que é do estilo American Pale Ale, de cor alaranjada, relativamente leve mas com um sabor balanceado e tem um aroma bastante frutado, com características cítricas. Não espere encontrar as instalações de um bar, a cervejaria é apenas um estande com umas duas mesinhas, mas toda a infraestrutura do mercado está à disposição para ser usada – mais mesas, banheiros, outros estandes para pegar uns petiscos que acompanhem a bebida… vale a pena!

Nota da Camila: provamos a Saison e também é boa!
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Entrada do Mercado

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Estande da Heiden Peters

Rollberger Brauerei – Werbellinstrasse 50
Uma ótima opção para tomar boas cervejas no bairro Neukölln (um dos mais alternativos de Berlim), que fica mais ao sul da cidade. A Rollberger não é tão conhecida e é justamente essa sua graça: ir até lá é fazer algo que os locais fazem! Inclusive suas cervejas são fornecidas para muitos bares e restaurantes no próprio bairro. É também uma brewery mais focada nos estilos tradicionais na Alemanha como Helles, Weizen, Rotes, Maibock e agora fazem a Winterbock. A Winterbock é especialmente boa nesta época do ano, pois no inverno cai muito bem uma cerveja escura, encorpada e mais alcoólica, para esquentar. (No Hemisfério Norte agora está fazendo frio, né).

Pfefferbräu – Schönhauser Allee 176
Este brewpub fica numa localização especial: em um morro chamado Pfeferberg, no bairro de Prenzlauerberg, considerado mais chiquezinho em Berlim. A cervejaria e o restaurante são lindos, supernovos, com uma decoração simples, mas muito bonita. No verão, abrem o Biergarten, na frente do restaurante, e é uma delícia sentar lá. Ainda não fazem muitos tipos de cerveja, mas as que produzem atualmente são boas (os tipos são Helles, Dunkles e alguma sazonal), sem grandes inovações ou excentricidades, talvez para não assustar o tradicional consumidor de cervejas alemão!

Alte Meierei (Potsdam) – Im Neuen Garten 10
Essa cervejaria fica em Potsdam, cidade vizinha de Berlim, a mais ou menos 40 minutos de trem, e é um ótimo passeio de um dia. Lá também fica o famoso castelo Sanssouci, que é imperdível. A cervejaria – tão imperdível quanto – fica à beira de um lindo e enorme lago, em uma antiga fábrica de laticínios (Meierei, da qual herdou o nome). O lugar é mesmo fantástico e as cervejas também. No verão, eles têm uma Berliner Weisse muito boa, que é um estilo antigo de sour beer, típica da região de Berlim, já foi muito consumida, mas está quase extinta nos dias de hoje. É uma cerveja bem leve com aproximadamente 3 – 3,5 % de álcool, ligeiramente azeda e com aroma especialmente frutado, devido ao uso da levedura Brettanomyces. É muito fresca e perfeita para tomar em dias quentes!

Nota da Camila: como assim eu não fui para Postdam? hahaha
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Vista da Cervejaria Meierei

2)Bares de cervejas especiais – não produzem cerveja, mas vendem boas

Hopfenreich
Um dos bares preferidos da Veronica em toda a cidade.

O lugar é uma graça, tem uma chopeira lindíssima construída com máquinários antigos, sobre a qual senta um pequeno porco espinho. Eles têm a maior quantidade de cervejas artesanais no tap (tipo chopeira) da cidade! Costumam dar prioridade para cervejas artesanais da Alemanha, mas têm sempre surpresas e especialidades do mundo todo. Organizam vários eventos de degustações com a presença dos mestres das cervejarias convidadas e por isso é um ótimo lugar para quem gosta de beber e falar de cerveja!

Nota da Camila: tá com o Alemão afiado? 😉

Herman
Este também é um top favorito: o Herman é um bar pequenino, que não tem nem placa, na frente só uma lousa onde se lê “Belgian Beers”, com uma bandeirinha da Bélgica pintada do lado. O dono, um belga muito figura chamado Bart, entende profundamente das cervejas belgas que vende. Uma dica para quem gosta de trocar ideia é sentar no balcão para ficar conversando com ele e aprendendo um pouquinho mais sobre as maravilhas que tem lá!

Nota da Camila: acho uma boa aproveitar para tomar uma Lambic, se o figura tiver. Esse é um tipo raro e caro de cerveja belga, que é fermentada espontaneamente com levedura e tem um sabor mais azedinho. No exterior vai ser cara também, mas no Brasil é um olho da cara!

Ja.Ok. Craft Beer & Food – (Karl Marx Alle 109)
Esse acabou de abrir no último verão e vem organizando muitos eventos com diferentes cervejarias artesanais da Europa como, por exemplo, a hypada Brew Dog. Além disso, oferecem muitas variedades no tap, no mínimo 10 a 15 cervejas diferentes, que são bem interessantes de provar. Eles investem também na qualidade da comida e organizam “food and beer pairing”. O lugar em si não parece tão legal, mas como tem muita variedade da bebida, movimento no mundo cervejeiro e um elo com o mundo foodie, a visita vale a pena.

3)Beer shops:

Essas duas lojas foram escolhidas com carinho por quem entende do riscado!

Bierlieb Beer and Homebrewstore – (Petersburger Str. 30, Friedrichshain, não tem site)
Abriu faz pouco tempo, a loja é fofa e tem boas opções para quem gosta de experimentar novas sensações! Também organiza eventos de degustação e cursos de produção de cerveja caseira.
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Bierlieb Beer and Homebrewstore

Hopfen & Malz  –  (Triftstraße 57)

Essa é a loja de cervejas mais figura e divertida de Berlim, fica no bairro Wedding. Diz a Veronica: “o dono é um tiozão roots que quando você não conhece dá um pouco de medo, mas aí, depois que fui apresentada pelos amigos cervejeiros, ele foi um amor. Ele está sempre sentado em caixas de cerveja na rua, na frente da loja, com outros tiozões bebendo e fumando. Além destas peculiaridades, a loja também tem um ótimo sortimento de cervejas”.

Nota da Camila: Hahahaha adorei! Então, pode ir sem medo, mesmo parecendo uma coisa meio máfia, por que cervejeiro sempre tem bom coração.

A Veronica é mestre cervejeira na cervejaria-piloto do VLB Berlin, que é um instituto de ensino e pesquisa e um prestador de serviços para a indústria cervejeira e de bebidas. O VLB desenvolve estudos para cervejarias do mundo inteiro.

No site é possível descobrir tudo o que o VLB faz e ler sobre os diferentes cursos, workshops, conferências e serviços oferecidos. Vai gente de todas as partes para lá, para aprender mais sobre o mundo da cevada e do lúpulo, inclusive brasileiros. Eu conheci as instalações e posso dizer que o lugar é bem bacana.
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Lúpulos que eu mesma colhi no VLB

Ela se formou mestre cervejeira no “Certified Brewmaster Course” do VLB, em 2011, que é um curso internacional e existe nesse formato desde 2006. É ministrado em inglês e dura seis meses, com período integral de aulas. Durante o curso, os alunos também fazem diversas práticas em laboratórios (aprendendo inúmeras análises físico-químicas e microbiológicas de cerveja e outros componentes do processo, como por exemplo, água, lúpulo, malte, mosto etc), assim como participam de várias práticas de produção (controle de fermentação, filtração etc) na cervejaria.

A Veronica trabalha no instituto desde agosto de 2011: passou pelo laboratório de projetos e está há um ano como mestre na cervejaria.

Fotos: Myheimat, Yelp e Pferfferbräu

Santiago de Compostela

A viagem que fiz a Portugal teve uma cidade que não fica no mesmo país, mas nem considero um desvio de rota. Me explico: do Porto fui até Santiago de Compostela, na Espanha, cidade que ficou ainda mais famosa após o romance Diário de Um Mago de Paulo Coelho. É a capital da Galícia, uma região que é uma “intersecção de países”, no noroeste da Espanha, quase Portugal, com paisagens e hábitos compartilhados. O idioma, galego, é um misto do que se fala nas duas nações. Isso é uma alegria para os brasileiros que adoram mandar ver no portunhol. Mas, cabe ressaltar, a lingua oficial é a de Cervantes.

A capital galega é mundialmente famosa por ser o destino final de peregrinos cristãos – alguns nem tanto – que percorrem o Caminho de Santiago. Sua catedral abriga o túmulo de Tiago (Santiago, em espanhol) um dos apóstolos de Cristo. Sim, gente, o lugar tem poder. Seja você cristão ou não, se tiver um pouco de espiritualidade vai sentir a energia presente. Ou, no mínimo, se comover com toda a movimentação de pessoas em busca de alguma benção ou paz de espírito. Dentro da catedral há vários confessionários disponíveis durante todo o dia, com padres multilíngues para receber os peregrinos. Além disso, há três missas diárias, que ficam lotadíssimas. Os sacerdotes mencionam nomes das pessoas e dos grupos recém-chegados durante a celebração e fiquei impressionada com a quantidade de brasileiros de fé.

Bom, fora o lado religioso, a cidade é uma fofura, toda medieval, a história e a arquitetura são impressionantes, o povo amável e a culinária deliciosa. A tapa espanhola que mais gosto de todas é da região, o polvo a feira, ou pulpo a gallega, como é conhecida em outras partes do país. Santiago também é uma cidade universitária, então, nos períodos de aulas, os bares ficam animadíssimos e dá para conhecer um pouco do que é “salir de copas”. Fiesta!

Veredito: se você chegou até o Porto, vale a pena dar um pulinho em Santiago, um ou dois dias são suficientes para conhecê-la. São só duas horas indo de carro, o que dá para fazer tranquilamente. Foi colocar o endereço do hotel no GPS e pronto. Ou tem sempre a opção de ir a pé, com a fé e a coragem 😉

Onde ficar: Nesse quesito, recomendo o hotel que fiquei, o Lux Santiago, na rua Douctor Teixeiro, 4. Bom custo benefício e localização ideal para conhecer o centro histórico a pé. Como a cidade é pequena, sugiro se hospedar perto do centro.

Por onde turistar: Na bela catedral, claro. E pelas ruas do centro histórico. Tudo lá gira em torno da questão religiosa, tem o museu de arte sacra, o centro de peregrinos e tal. Não tem muito como fugir disso. Os prédios são lindos, mas fora a catedral o resto não é muito interessante em termos de acervo. A cidade em si que que importa.
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*Em setembro de 2014, a Catedral estava em reforma. Não encontrei informação sobre até quando as obras vão durar. Apesar disso, estava aberta e era possível admirar sua beleza.

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*Patrimônio Mundial da Unesco, a catedral chama a atenção por sua arquitetura peculiar, que mistura os estilos gótico, renascentista e barroco e já apareceu até como cenário de HQs como HellBoy e Batman.

E pela Cidade da Cultura. Eu não tive tempo de conhecer, mas parece incrível. É um centro de artes e cultura, bem moderno, como outros lugares que os espanhóis gostam de fazer, nos moldes da Cidade das Artes e das Ciências de Valência.

O que comer: Tapas, tapas e tapas. Mas, entre todas, vá de polvo a feira, a especialidade da região. É cozido e cortado em pedacinhos, por isso nem tem uma aparência estranha, o que é um alívio para quem tem aflição do bicho. É servido com muito azeite, páprica e batatas. Fica muito saboroso. E na Galícia as tapas vêm em baixelas, sem miséria! Confie no garçom e peça um vinho da região para acompanhar. A rua da Reina, no centro histórico, tem vários bares de tapas muito bons.
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Chocolate. Lá não é a Suíça, mas descobri uma marca tão legal e gostosa, claro, que tenho que indicar. A Chocolat Factory (Plaza del Toural, 10) vende produtos divertidos e funcionais, feitos em parceria com designers. Tipo plaquinhas de chocolate que derretem na torrada, bombons para comer enfiando o dedo na boca, além de souvenirs fofos – as fotos ilustram melhor. Tudo com carinha hipster e delicioso.
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Tarta de Santiago, que é um bolo de amêndoas fofo, não muito doce. Muito bom mesmo. Apesar de parecer, não é sem graça. Eu não gosto de bolo sem graça. É esse com a cruz desenhada.
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Não deixe de fazer: Abraçar a estátua de Santiago para ganhar a sua benção. Sim, você pode dar um chamego na imagem do apóstolo, que está dentro da Catedral.

História de Santiago de Compostela: Santiago, ou Tiago, era apóstolo de Jesus Cristo e foi um dos principais pregadores da religião após a morte do messias. Foi assassinado por perseguidores do cristianismo na Palestina e seu corpo foi levado para a Espanha, onde católicos o enterraram. O local escolhido para seu sepulcro foi um bosque serrado e ermo, para que ninguém o encontrasse. Oito séculos depois, dois camponeses viram muitas luzes vindas do céu, que incindiam sob um local onde se encontrou os restos mortais do apóstolo. Nesse exato ponto, construíram uma capela, depois viraria a catedral, que passou a atrair peregrinos. E assim, iniciou-se o Caminho de Santiago de Campo Estela (de estrela, das luzes que iluminaram o local). Hoje, existem diversas rotas determinadas com base em passagens da bíblia ou da História, saindo da Espanha, de Portugal e da França. As pessoas as percorrem em busca de indulgência, paz espiritual, para pagar uma promessa ou simplemente para fazer um tracking.

Bônus: Se interessar mais que um pulo na Espanha, indico o roteiro Portugal-Espanha-Mediterrâneo que o Fábio do Viagens Cinematográficas fez, ou o guia feito a várias mãos que o Ricardo Freire reuniu no Viaje na Viagem, com o básico dos dois países.

*Foto de Destaque: Best Place In Spain

Por que eu me apaixonei por Portugal

“O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo”, Fernando Pessoa

Esse é o primeiro post de uma série de dicas de viagem sobre Portugal. Mas, com licencinha, primeiro serei um pouco passional e, mesmo fugindo do objetivo, acredito que ajudarei você, caro leitor, no momento em que estiver buscando tais recomendações. Isso porque, voltei, como disse aí no título, enamorada desse país e esse relato pode sim ser um ponto de apoio no momento de decidir o destino das férias.

Portugal nos parece tão familiar, afinal sempre permeou de uma forma ou de outra as histórias de família ou dos livros da escola. De fato é. Mas, de uma forma muito mais visceral do que possamos imaginar. É como olhar um reflexo na água, que além da nossa imagem, nos mostra também o fundo do lago. É andar na rua e ver nossos avós, tios-avós, primos. É reconhecer o penteado da sua tia nas senhoras que te servem um suco de laranja com pãozinho e um pastel de nata na padaria de manhã. É comer de novo aquela carne de panela com arroz que só sua avó fazia. Ou seja, não estou falando de ir aos museus e relembrar a história das grandes navegações e de como Cabral chegou à Terra de Santa Cruz. É como chegar em outra Terra, com T maiúsculo.

Deixando um pouco de lado a nostalgia (sou canceriana, desculpe), o país está renovado, em mais de um sentido. As cidades foram reformadas e os locais históricos restaurados. Além disso, suponho que a crise econômica que Portugal vem amargando há alguns anos trouxe um respiro criativo, de jovens que tiveram que se virar para sobreviver, e isso se nota na abertura de novos negócios, na moda, na arte, na noite e na gastronomia. Com alguma surpresa, ao chegar no Brasil, vi que a Vogue daqui tinha feito duas matérias sobre Portugal em sua edição de outubro. E não eram na editoria de turismo: uma era sobre o novo cool do país, que está atraindo os milionários brasileiros (coisas de Vogue), e a outra sobre estilistas emergentes. Ahá!

Vale ainda mencionar que o clima ameno é um ponto muito favorável ao turismo, o que deve atrair a horda de europeus que vi em todo lugar, assim como os preços mais amigos quando comparados ao resto da Europa e até mesmo ao Brasil (socorro, São Paulo).

Caí de amores também pela beleza e o carinho do povo. Português tem mini fama de mal-educado. Eu já tinha passado um fim de semana em Lisboa antes dessa viagem e não fui muito bem tratada… porém, agora, foi muito diferente. Quanta gente do bem, disponível, acolhedora, amável. E cada homem lindo, meu Deus hahaha!

Isso, sem mencionar as paragens incríveis do país. Sério. Natureza, arquitetura, rio, mar, vinhedos, porto… onde você também sente autenticidade, raíz. Começarei, portanto, falando das cidades por onde passei, suas belezas e peculiaridades, para depois tratar das coisas em posts temáticos (moda e compras, gastronomia, vinhos etc). Então, vamos para o início do meu roreito: Porto! Rola para baixo ou clica no próximo post 🙂

Update:

Para dar um pulinho na Espanha, vá de Porto a Santiago de Compostela. Clique aqui para saber da minha experiência. Se for a Lisboa, dou dicas de onde comer, comprar, passear, clique aqui para ler 🙂

Porto – não é só o vinho que interessa

Uma combinação de Ouro Preto com Paraty, Porto é belíssima. A comparação com a cidade litorânea brasileira é uma licença poética minha, uma vez que o município português é margeado em sua maior parte por um rio, o Douro, e não é famoso por suas praias. E tem um porto, claro.

Segunda cidade mais importante do país, tem arquitetura e patrimônio histórico impressionantes, em uma dimensão pequena, o que lhe confere charme. Dá para conhecer tudo a pé. Não à toa, é considerada pela Unesco patrimônio mundial da humanidade. Esse foi meu destino escolhido para começar a viagem por Portugal. Daqui, dei um pulo na Espanha, em Santiago de Compostela, depois fui descendo pelo Douro, parando em Coimbra e Óbidos, até chegar a Lisboa.

A área do porto, ou zona ribeira, é uma graça, cheia de restaurantes e bares, que ficam lotados de turistas. Apesar de parecer furada, é um passeio que vale muito a pena.

Por conta das universidades, a cidade também tem muita ‘vida jovem’. Eu não fui para as baladas, pero que las hay, las hay.

Onde ficar: Eu me hospedei em um flat, o Porto Central (Rua Mouzinho da Silveira, 149,). Saiu um bom custo benefício, o prédio era antiguinho, mas remodelado e superfofo, com todas as comodidades, inclusive wifi free. Bem de frente, está o Cantinho do Avillez, um dos restaurantes do Alex Atala dos portugas, o chef José Avillez, nada mal, né? Descendo a rua, chega-se à zona ribeira e subindo à Estação São Bento e ao centrinho histórico. Localização perfeita.

Como se locomover: Fiz tudo a pé. Eu prefiro assim. Mas, se quiser descansar as pernas – afinal a comparação com Ouro Preto significa também cidade com muitas ladeiras – Porto tem ótima distribuição de transportes públicos, com funicular e metrô, sendo que este liga o aeroporto ao centro.

Por onde turistar:
Na zona ribeira, já dita 😉
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Na Catedral da Sé, de onde se tem uma das mais encantadoras vistas de Portugal
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Pela Rua das Flores e adjacentes, no centrinho antigo, cuja bela arquitetura abriga restaurantes e lojinhas fofas. Duas que gostei foram a Mercearia das Flores (Rua das Flores 110), que vende conservas, queijos, cervejas, para levar e comer lá; e a Chocolateria Equador (Rua Sá da Bandeira 637), maravilhosa, que vende trufas de Vinho do Porto.
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No Café Majestic (Rua Santa Catarina 112), que é a Confeitaria Colombo de lá. Porém, achei os quitutes bem mais gostosos. Peça o Toucinho do Céu que, apesar de ser um doce vendido em todo lugar em Portugal, é especialidade da região do Porto e muito bem feito na casa.
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A Livraria Lello (Rua das Carmelitas 144) é uma das mais antigas de Portugal, fundada em 1869. Sua arquitetura impressionante também lhe rende o título de uma das mais belas do mundo em diversos rankings de turismo e design. O acervo de livros é grande. Eu amo livrarias, mas mesmo que você não compartilhe desse sentimento, uma entradinha para admirá-la não vai te causar arrependimento.
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A Estação São Bento é, claro, apenas um terminal de trens, mas seu saguão principal é tão lindo e eu tirei fotos tão legais, que, sim, recomendo uma passada.
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Do Porto, ainda é possível fazer um cruzeiro pelo rio Douro, visitar vinícolas produtoras de Vinho do Porto (dã) e até começar o Caminho de Santiago de Compostela. Eu optei por visitar as vinícolas um pouco mais para baixo, na região de Peso da Régua, onde também se produz o vinho licorado, e ir até Santiago confortavelmente de carro (hehehe). Portanto, as minhas dicas sobre esses passeios, você encontrará nos próximos posts.

*Foto Zona da Ribeira: Best Guide

As melhores baladas de Berlim

Acho que a fama da vida noturna na capital alemã é grande. Ou estou enganada? Bom, de toda forma, na minha modesta experiência de vida, foi lá que eu vi as baladas mais inusitadas. E vale ressaltar que são divertidas, afinal, inusitada pode ser estranha e muito louca, mas chata.

Antes da jogação, saiba que: 1. Os estabelecimentos raramente aceitam cartão de crédito, saia com dinheiro; 2. Lá, existe door policy, ou seja, fica um sujeito na porta das baladas dizendo quem pode e quem não pode entrar na casa, usando sabe-se lá quais critérios. Chato, né? Mas, é assim. Tenho dicas para isso? Ouvi das pessoas que moram lá que grupos grandes são barrados, pessoas mal arrumadas, grupos só de homens hetero, adolescentes… tudo meio vago, nada garantido.

Nesse post, vou indicar, dos lugares que conheci, os que mais gostei.

Berghain –  Esse clube está em qualquer lista de melhores da Europa. É tradicional da cena clubber e techno. O lugar é uma antiga fábrica, que por fora parece sem graça, mas por dentro impressiona. A pista tem belos vitrais que contrastam com a arquitetura industrial e pé direito altíssimo. No fim de semana funciona non-stop até a segunda-feira. Isso que é after hours! A door policy é forte. Faça cara de blasé na fila, não mexa no celular, selfie nem pensar, manere na montação, pareça cool e underground. Tipo isso hahaha. Antes de ir, confirme também se a pista principal estará aberta, algumas vezes só parte da casa funciona.
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Stattbad –  Ou “a Balada da piscina”. Quem já assistiu ao filme Deixa Ela Entrar, pode imaginar o ambiente da cena final para ter ideia de como é esse centro cultural, cuja programação tem variados artistas, de DJs a grupos de música clássica. O local era uma piscina pública indoor, com vestiários, guarda-volumes, casa de máquinas, onde à noite tudo se transforma em balada, inclusive a dita cuja da piscina – vazia. Creepy, mas legal. Nas noites do fim de semana, a música é eletrônica, como quase tudo em Berlim. Para ir ao Stattbad, também aconselho verificar se a piscina estará aberta. Algumas vezes, só as outras áreas estão liberadas para o público. São legais também, mas né…

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Klunkerkranich –  Lugar com um ar hipster, no bom sentido. Fica em cima de um shopping, o que assusta um pouco na chegada, mas é só subir até o estacionamento e sair no terraço, na área propriamente do bar, que tudo é lindo. A decoração hipster-pinterest, com piso de madeira, luzinhas penduradas, plantinhas, mesas coletivas e uma vista ma-ra-vi-lhosa, faz você se sentir imediatamente muito bem. Peça um Moscow Mule, drink da moda, feito de de ginger beer e vodka, que logo mais pega em São Paulo também, e aproveite. A música aqui é bastante eclética, mas sempre alto astral. Pode até rolar um Tim Maia. Nos meses do verão, entre junho e agosto, as filas podem ser grandes, então chegue antes das 19h. A programação noturna vai até altas horas, porém a lotação da casa pode chegar no limite bem cedo. Nos demais meses, chegue a hora que quiser, porém eu dou meu pitaco de que é bacana estar lá para ver o pôr do sol 😉

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So36 – Se você, como eu, tem um limite para música eletrônica, esse lugar é o paraíso. O So36 está para os berlinenses assim como o CBGB estava para os nova-iorquinos e a Funhouse está para os paulistanos. Desculpa as comparações toscas. Acontece que esse clube existe desde os anos 70 e era frequentado por Bowie e Iggy e até hoje recebe bandas. Aos sábados, tem uma discotecagem muito divertida, que vai até às 7h! Tem rock, indie e hits pop de todas as décadas. É para ir sem medo de ser feliz.
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Para decidir onde ir, o site Resident Advisor tem a programação das casas noturnas, de várias cidades do mundo, não só de Berlim.

Os alemães têm hábitos baladeiros parecidos com os nossos: saem para jantar ou beber antes da boate, as casas noturnas não abrem antes de 23h e começam a ferver entre 0h e 2h. Nos lugares onde o eletrônico pega, tem after hours até quando Deus quiser. Uma região boa para o esquenta, é o bairro Kreuzberg, alternativo/hipster/underground, cheio de bares modernos e alguns mais econômicos, muito “movimentado” (fiz a tia agora). Graças à ocupação de imigrantes turcos, também tem ótimos lugares para uma boquinha no pós-balada. Para chegar lá, desça na estação do metrô Görlitzer.

Tenho certeza absoluta de que existem outros lugares incríveis em Berlim. Sei de um, o KitKat Club , onde você tem que ir de roupas íntimas, por exemplo, mas, como não fui, não posso resenhar. Então, repito: esses são os que preferi entre os que conheci. Espero voltar muitas vezes, para ter mais dicas. Se alguém souber de alguma, me conta 😉

*Fotos: www.lesortard.com, 3.bp.blogspot.com, enphoto500x500.mnstatic.com, lefashionisto.com, berlin-enjoy.com, www.theclubmap.com

Berlim, a cidade mais legal da Europa

“I can remember standing, by the wall
And the guns shot above our heads
And we kissed as though nothing could fall
And the shame was on the other side
Oh we can beat them, for ever and ever
Then we could be Heroes, just for one day”
David Bowie, Heroes

Ai, Camila, mas que título besta. É gente, só que é isso mesmo e eu quero ir direto ao ponto. Tem cidades que são lindas, outras charmosas, outras históricas… sei lá… e Berlim é tudo isso. É cosmopolita e moderna, mas despretensiosa. Tudo é bacana. Tudo te agrada. Eu escolhi ser direta e simples (e também quebrei a cabeça, mas não achei outra coisa para definir sem ser brega).

Então, vamos lá, em vez de me estender em um texto tentando explicar o quanto incrível e atraente essa cidade é, eu te convido a ler os próximos posts e aproveitar as dicas que reuni, quem sabe assim um pouco da impressão maravilhosa que eu tive possa ser transmitida. Espero que sejam realmente úteis aos meus três leitores – cof, cof.

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Brandenburg Gate

Para começar, darei as dicas práticas. Isto porque, sim, já fui perguntada sobre elas (yay!). Além disso, acho que se alguém chegou até aqui, deve estar arrumando as malas, quer montar um roteiro, saber onde ficar, onde e como ir. Depois, vou falar do que interessa: baladas. Afinal, Berlim é a cidade do nightclubbing. Emendarei com mais coisitas sobre a viagem e irei linkando os posts aqui.

Bom, onde ficar:

Eu já me hospedei no albergue Wombats, considerado pelos usuários do Hostel.com um dos melhores do mundo, em um quarto de seis meninas e foi mesmo muito bom. Um conselho: reserve sempre direto com o estabelecimento, que fica mais barato. Sites como o Hostel ou o Booking podem ser boas referências para ver ratings e avaliações, mas eles cobram taxas a mais 😉

O albergue é superlimpo, novo, tem quartos com banheiro dentro, lockers no quarto, tudo organizado, café da manhã gostoso, um bar anexo, wifi, computadores, lavanderia, bikes para alugar. Os preços já não sei, pois fiquei lá em uma outra vez, em 2010. Mas, eram valores bem amigos (alô, Galvão).

Fica pertinho da Alexanderplatz, a Praça da Sé deles, de onde saem trens e metrôs com várias interligações, e também onde tem lojas como Primark, cinemas, farmácias, supermercados, um montão de coisas. Dá para chegar lá a pé. Do lado do Wombats, também tem uma avenida onde dá para pegar ônibus para os aeroportos e para outros pontos de turismo. Você já viu a Alex (tô íntima da praça) em filmes como A Identidade Bourne e Praia do Futuro.

Além disso, o bairro é bem moderninho, cheio de lojas e restaurantes legais. Lojas tipo MAC PRO, Khiels e Urban Outifitters, tá meu bem??? Nessa vizinhança, perto da saída do metrô Weinmeisterßtrasse, também tem uma loja de Absinto, a Absinthdepot Berlin, de morrer…

Aqui, no quesito onde ficar, já dei duas dicas, de onde turistar, Alexanderplatz, e de onde fazer compras, as ruazinhas perto do Wombats (ruas Rosenthalerstraße e Weinmeistersstraße).

Como se locomover:

Berlim é grande, então metrô e ônibus são necessários. Lá, além do metrô como conhecemos, tem o tram, que é uma espécie de bonde moderno. Você pode comprar apenas um passe que vale para todos. Compre o de quatro bilhetes, assim você paga com um descontinho. É preciso validar antes de cada viagem. Seja no metrô, tram ou ônibus, haverá uma máquina para você enfiar o bilhete e carimbar o horário. Sempre faça isso no primeiro meio de transporte que pegar, pois frequentemente sobem fiscais nos vagões para verificar os bilhetes dos passageiros. Se o seu não estiver carimbado, é multa na certa. Com o mesmo passe, você pode tomar diversas conduções no período de duas horas. Mas, algumas distâncias são tranquilamente possíveis de ser feitas a pé. Tenha um (Google) mapa à mão e pronto.

Ah, rola alugar bicicleta. Porém, eu não passei por essa experiência… se descobrir algo efetivo sobre isso, coloco um update aqui.

Por onde turistar:

Eu recomendo fazer os walking tours. O que é isso? É um rolê turístico andando hahaha. Tem diversos circuitos e são gratuitos, mas é altamente recomendável dar uma gorjeta no final para o guia. Eu fiz dois, um que era o original e outro que era o alternativo. Eu acho que vale muito a pena por que você vai no chão, próximo às coisas, ouvindo as explicações do guia, em uma cidade CHEIA de história, com locais em que muitas vezes os fatos se sobrepõem. Me explico: há, por exemplo, prédios que foram ocupados pelos nazistas e posteriormente pelos comunistas, tornando-se assim marcos de dois momentos da história de Berlim. Além disso, o tour te ajuda a se localizar para depois andar sozinho. Sobre o walking tour original: sai do Brandenburg Gate e cobre os principais pontos históricos. Já o alternativo, sai da East Side Gallery, que é uma parte do muro de Berlim pintada por grafiteiros do mundo inteiro (imperdível, a foto de destaque do post é de lá) e te leva para ver mais arte de rua e lugares ocupados por artistas (chamados de squats). Para dar uma ideia, vemos nesse tour grafites de Sean Shepard, autor daquele retrato azul e vermelho do Obama para sua campanha eleitoral, e do famigerado Banksy. Os passeios têm guias em inglês, alemão e espanhol. Para mais informações clique aqui.

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Estêncil atribuído a Sean Sephard, feito na lateral de um dos squats mais famosos de Berlim, o prédio Tacheles. No bairro judeu (Oranienburger Straße), era uma antiga loja de departamentos, foi tomado por artistas, que montaram nele seus ateliês. Há pouquíssimo tempo, foi fechado pela prefeitura, infelizmente.

Sobre museus:

Berlim tem uma ilha deles. Bom, não é exatamente uma ilha, é uma praça que tem esse nome e uma porrada de museus. Entre eles, recomendo o Neues Museum,  o museu egípcio onde fica o busto da rainha Nefertiti. Segundo os historiadores, é uma das peças mais importantes da antiguidade. Mas a visita vale se você se interessar por coisas raras da arqueologia. Se não, siga para as próximas dicas.

Museu do holocausto: fica abaixo do Memorial do Holocausto, que não é na ilha. Depois de andar no memorial, um conjunto de 2500 peças de concreto que formam um jardim de lápides duras e silenciosas, vá ao museu, que está no subsolo, para se aprofundar na história sombria do holocausto. É tenso, mas vale muito a pena.

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Memorial do Holocausto

Museu do Judaísmo: vale pelo mesmo motivo , por contar toda a história dos judeus desde a antiguidade e também por sua bela arquitetura. O arquiteto, Daniel Libeskind, é também autor do Memorial do Holocausto.

E agora, o programa mais divertido de todos: Mauerpark (Gleimstraße 55, 10437), aos domingos. Todo europeu vai aos parques no fim de semana. E em Berlim não é diferente. Aqui você vai encontrar um mercado de pulgas muito bom, uma feirinha de comidas e… um karaokê ao ar livre, com plateia gigante e animada. A galera aplaude e canta junto, mesmo com os desafinados. É muito… legal! E como um parque não basta, tem outro que é mara, o Templehof,  que era o aeroporto do Hitler! As instalações e a pista de pouso foram mantidas. Aliás, essa é uma característica de toda a capital alemã, os lugares antigos são preservados, contudo, com novos usos. Hoje o pessoal anda de bicicleta e skate onde antes os aviões taxeavam e, às vezes, rolam uns festivais de música lá, quem sabe você dá sorte e vê um?

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 Plateia do karaokê no Mauerpark 

Como se comunicar: muita gente fala inglês em Berlim, apesar de não ser um idioma superdifundido, eu me virei bem, uma vez que não falo uma palavra de alemão. Como tem muitos estrangeiros morando lá, não é raro encontrar alguém que fale francês ou espanhol, então se você for como eu, não se preocupe.

Segurança: Você pode circular de boa por toda a cidade, em qualquer horário, até sozinho. Quando há eventos nas ruas, tem policiamento não-armado e é tudo civilizado – eu passei o 1 de maio lá, quando rolam shows por toda a cidade, para todos estilos e gostos, é uma boa data para estar em Berlim 🙂 . Mas, furtos (roubos de subtração que você nem percebe, para deixar BEM claro) podem acontecer e acontecem e eu posso testemunhar, infelizmente. Não só em Berlim, mas também na Espanha, Portugal, França… presenciei e sei de vários casos. Por isso, não dê bobeira com bolsas, carteiras, celulares, câmeras e ande com uma cópia do passaporte, deixe o verdadeiro guardado. Essas dicas valem para qualquer destino na Europa, acredito eu.

A cidade tem muito mais coisas turísticas para fazer, mas esses são os meus destaques.

Se tiver mais alguma dúvida ou pergunta, coloca aqui nos comentários ou me manda um email 😉

UPDATE: Saiba quais são as melhores baladas de Berlim clicando aqui e post com um roteiro cervejeiro na cidade, clicando aqui!