O que é Consultoria de Estilo Pessoal?

Moda e comportamento sempre foram grandes paixões. Sou formada em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, de São Paulo, e no começo da minha carreira trabalhei como assessora de imprensa para empresas de moda. Depois, andei por outros caminhos até que, há alguns anos, decidi voltar a profissionalizar os temas que gosto, afinal, eles nunca saíram da minha vida. Foi assim que me encontrei fazendo a especialização em “Consultoria de Estilo Pessoal” da Oficina de Estilo.

Todos nós temos gostos e escolhas de vida. Podem ser culturais, gastronômicos, políticos, de lazer. Também temos deveres – trabalhamos, pagamos impostos, somos responsáveis por muitas coisas que a vida traz ou que buscamos ter. Além disso, temos memórias, que nos confortam, e aspirações, que nos fazem desejar o futuro. Tudo isso molda a forma como vivemos e como nos expressamos.

A consultoria de estilo pessoal – também conhecida como personal styling – reconhece e sente os valores e escolhas dos clientes, sem julgamentos, sem imposições, para traduzir coerentemente seu modo de vida em expressão visual. Para isso, trabalha por meio das roupas, da aparência e da postura visual, considerando também pontos como corte de cabelo e maquiagem. As roupas são nossa segunda pele, elas nos abraçam e podem se comunicar conosco mesmos (sabia disso?) e com o mundo. É o cartaz que mostra quem somos e o que queremos. São símbolos que transmitem mensagens e nos conectam com as pessoas. Mas, acima de tudo, que carregamos muito próximos a nosso ‘eu’. A consultoria de estilo pessoal, portanto, analisa e trabalha o autoconhecimento para que a expressão visual esteja de acordo com as prioridades de vida e de alma de cada um.
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Como funciona?
Eu trabalho com o método desenvolvido pela Oficina de Estilo, escritório da dupla Cristina Zanetti e Fernanda Resende que, desde 2003, faz um trabalho focado em autoconhecimento, entregando ferramentas para o cliente montar looks certeiros, de acordo com suas expectativas e necessidades.

Por meio de técnicas de empoderamento, a consultoria é conduzida com etapas de análise e etapas práticas. Primeiro, junto ao cliente, identifico suas vontades e prioridades para encontrar sua identidade visual. Na sequência, passamos por fases práticas que exercitam a forma de vestir, sua relação com as roupas, considerando diversos aspectos. Dessa forma, chega-se a uma expressão visual alinhada ao estilo pessoal, que fará parte de sua vida.

Para quem serve?
Não é só para celebridades. Qualquer um pode fazer uma consultoria de estilo. Se você foi promovido ou mudou de emprego (eba!) e precisa impressionar ou se adequar ao novo ambiente profissional, uma ajuda para transformar seu estilo natural em um estilo-poderoso-corporativo pode ser muito bem-vinda. Também é um processo mágico para aqueles que estão alimentando a autoestima, se conhecendo melhor, e querem promover mudanças no visual. Ou para quem perdeu ou ganhou alguns quilos e as roupas de sempre já não caem tão bem. Ou simplesmente para ter uma habilidade mais desenvolvida ao expressar-se visulamente – e ficar mais belo! A consultoria, investiga, treina e ensina, para que se tenha um conhecimento duradouro sobre estilo. Pode ser que de vez em quando você queira mais uma ajudinha da consultora – em momentos de mudança, viagens ou liquidações – mas na vida real, no dia a dia, estará apto a combinar roupas e criar looks com a sua cara.

O que se ganha com isso?
Clareza e visão do próprio estilo e habilidade para montar looks e ir às compras de forma planejada; Conhecimento sobre consumo consciente, de como comprar de forma inteligente, que não desperdice o seu dinheiro, e sustentável, que contribua para um mundo mais equilibrado; Um guarda-roupas funcional e prático; Novos looks, que valorizam a silhueta e expressam a identidade visual – registrados em um look book; Uma identidade visual com direcionamentos personalizados para seguir aplicando o que aprendeu durante a consultoria.

Essa é uma mágica possível. Não tem truque 😉 Se te interessou, me manda um email no camilar80@gmail.com que eu te conto mais detalhes.

Foto: Rayanna Autiama

O que usar em casamentos? O Oscar, o Grammy e o Emmy respondem

Passado o carnaval, todo mundo sabe, o ano começa de verdade. O calendário oficial de eventos, portanto, entra em vigor a partir de agora e se você tiver um casamento em vista, já pode começar a pensar no que vai usar.

E para tratar do assunto estamos em um bom momento, uma vez que acabamos de ter uma temporada de tapetes vermelhos (fiz post aqui  e aqui). Os vestidóns das celebridades nos ajudam a visualizar como pode ser uma bela roupa de festa. Sabemos que a esmagadora maioria delas conta com a ajuda de consultores de estilo que observam o que vai cair bem tanto nelas quanto na ocasião. Então, vou tomar essas produções de exemplo para dar umas dicas de como escolher um belo look, caso você seja madrinha ou convidada. Para as noivas, o assunto merece um capítulo à parte 😉

Em primeiro lugar
Existem códigos de vestir (dress codes) que até podem vir indicados no convite do enlace. Seja qual for, tenha em mente o seguinte: é legal e demonstra respeito e cuidado ir a um evento vestida da forma que os anfitriões esperam. Porém, atualmente, tanto a moda quanto a sociedade já não têm regras tão engessadas quando se trata de se vestir de forma adequada. Vale escolher uma roupa de festa, mas expressar no visual sua personalidade, seu estilo. É muito importante, também, escolher um modelo que não te deixe desconfortável, não aperte, não saia do lugar, não pinique e que você goste de verdade. Ninguém merece ficar encanada o tempo todo, verificando no espelho do banheiro se “está tudo bem” ou com medo de se jogar na pista de dança e alguma coisa desmontar.

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Vestidos curtos como o Balenciaga usado por Chloé Moretz na festa pós-Oscar 2015 são permitidos em quase todos os tipos de festa. Só o black tie exige longo.

Aqui vale uma ressalva: a noiva pode pedir que as madrinhas sigam direções de roupa. Algumas pedem para ir de longo, outras não querem que as cores se repitam no altar, outras sugerem que todas as madrinhas escolham vestidos da mesma cor. Ainda assim, dá para escolher o modelo que valorize mais o seu corpo, mostrar seu estilo na combinação de acessórios e maquiagem. E vale trocar ideias com a noiva e as madrinhas para que tudo saia de acordo, de forma natural e divertida – alô, grupos de Whatsapp.

Dress code
Em geral, roupa de casamento tem que parecer de festa. Ou seja, algo que você não usa no dia a dia, um visual mais caprichado. Se o casamento for black tie, quanto mais elementos dos que vou citar que passam a mensagem de “roupa de festa” você usar, mais adequada estará. Porém, para alívio de todo mundo, quase ninguém casa nesse estilo. Outras denominações como passeio, passeio completo, esporte fino ou garden chic causam muita confusão, então minha sugestão é que você se atente para o horário da celebração, o local e o número de convidados.

Se for uma festa grande, em local suntuoso (igreja famosa, local de eventos mega produzido etc) e à noite, muito mais chances de que as pessoas se vistam de forma mais opulenta, com brilhos, tecidos finos, vestidos mais rebuscados. Se for um almoço só para os próximos, é mais livre, dá para usar vestidos curtos, estampas mais alegres. Um casamento no meio termo, digamos na praia, permite descer do salto e também aproveitar as estampas tropicais. Contudo, se esse evento for uma festa caprichada, num resort à beira-mar, por exemplo, vale refletir isso no look também e junto com a rasteira e a estampa, escolher um tecido mais sofisticado, usar bijuterias mais elegantes, alguns elementos mais festivos. É tudo uma questão de ir adicionando e coordenando as peças para que, no conjunto, o visual reflita a ocasião.

Looks para o dia – Festival de Cannes 2014:

Eva Herzigova in Dolce & Gabbana
Eva Herzigova de Dolce & Gabbana

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Sofia Coppola de Michael Kors

Looks para a Noite – Oscar 2015:
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Emma Stone de Elie Saab

 

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Rosamund Pike de Givenchy – mesmo sem brilho, o vestido é todo cheio de detalhes, de tecido fino, com cara de festão

Estampas, cores e tecidos
Tecidos finos e naturais, como seda, mousseline, crepe de seda, cetim e tafetá combinam com festa. Quanto mais brilho tiver, mais para um visual noturno ou de festa formal ele será. Cores e estampas diversas estão liberadas para qualquer ocasião. Contudo, vale observar, principalmente no caso de estampas, quais transmitem mais sensação de dia, ar livre, natureza e quais combinam mais com eventos noturnos e festas fechadas. Cores claras, estampas grandes, florais e tropicais ~na maioria dos casos~ combinam mais com dia e informalidade. Estampas menores, abstratas ou mais escuras, com menos cores na padronagem, remetem à noite e formalidade.
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Hailee Steinfeld, na Festa pós-Oscar da Vanity Fair, mostra como usar uma estampa chamativa à noite

Os tecidos naturais, além de terem melhor caimento, deixam a pele transpirar e têm uma aparência mais polida. Existem algumas peças de tecido sintético (como poliéster) que são bonitas e podem encarar uma festa, mas tenha em conta que elas esquentam – para um casamento de dia, em janeiro, pode ser uma má ideia. Em compensação, se você tiver que encarar a estrada ou um avião para ir ao casamento podem ser uma boa, pois não amassam.

E atenção: proibido branco e preto no altar, o primeiro por competir com a noiva e o segundo por ser a cor do luto. Mesmo se você for uma convidada, é altamente recomendável evitar branco e off white, porém preto está liberado.

Com essas informações em mente, vale tentar equilibrar o look com a ocasião. Brilhos, por exemplo, não são proibidos durante o dia, mas um vestido inteiro de paetês fica melhor usado à noite. Se o modelo tiver somente alguns bordados brilhantes, use sem medo em uma festa diurna, mas observe se dá para “controlar” esse brilho usando acessórios mais neutros, de material opaco, por exemplo. Vale a pena dar uma olhada em como as estrelas de Hollywood se “desmontaram” para ir à festa da Vanity Fair, logo após a cerimônia do Oscar, que era um pouco mais relaxada do que a entrega dos prêmios no Teatro Kodak.

Modelos
Altar de igreja pede compostura. Então, as madrinhas devem tomar cuidado com decotes, fendas e transparências muito abusivas. Se o casal escolheu fazer os votos em uma igreja, algo de recato deve ter ali e vale respeitar seus modos e valores, afinal esse momento é deles, certo?

Bom, cabe também lembrar das indicações da noiva. Fora isso, tudo é permitido, em comprimento e modelo. O que vai determinar o grau de formalidade são tecido, estampa e acabamentos (bordados brilhosos, recortes, mangas pronunciadas e afins). Vestidos com bordados, tecido fino, design sofisticado, formas mais chamativas e exageradas (caudas longas, golas grandes), que estejam na linha do tapete vermelho do Oscar, são mais formais. Já os que são estampados em cores vivas (amarelo, laranja, vermelho), com menos elementos de design, de tecidos mais leves (basta reparar no efeito) costumam ser mais informais. Pense nos tapetes vermelhos de Cannes, cidade praiana em que muitas premiéres acontecem durante o dia.

Para escolher o modelo que melhor veste seu corpo, a dica é prestar atenção onde está seu peso visual. Dos pés à cabeça, onde você tem proporções maiores? É válido também analisar como são suas formas: mais retas e angulares ou mais curvilíneas?

Vestidos que marcam a cintura e abrem a saia em A ficam ótimos em mulheres com o tronco mais reto, sem muitas curvas:

Anna Kendrick
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Anna Kendrick, que é magrinha e mais reta, mostra no Globo de Ouro e no Oscar 2015 que é mestra em criar uma cinturinha e até aumentar os seios com o vestido.

Já as que têm o quadril maior que a cintura e/ou os ombros podem preferir vestidos que deem volume na parte superior, com detalhes na parte de cima ou que realcem os seios ou o ombro:

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Izabel Goulart usa vestido com mais informações da cintura para cima, em Cannes

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Margot Robbie usa vestido com decotão em V e colar de impacto, que chamam atenção para o colo e desviam o olhar da parte de baixo. A saia soltinha do modelo Saint Laurent cai ao lado do quadril, sem evidenciá-lo. A cor escura também ajuda a diminuir porporções.

Por sua vez, as curvilíneas, podem ficar bem em vestidos sereia, que são justos no tronco e abrem do meio para o final das pernas. Modelos com recortes e drapeados que definem a cintura e ampliam o quadril também são perfeitos. Vale a pena acentuar as formas femininas!

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Scarlett Johansson e Zoe Saldana, ambas de Atelier Versace, maison cuja marca registrada é delinear as curvas femininas, exibem a boa forma no Oscar desse ano.

Já quem tem a parte superior do corpo com o maior peso visual, com ombros e/ou seios mais largos que o quadril, pode optar por criar volume na parte de baixo, com estampas e/ou saias mais rodadas e armadas.

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Jess Weixler de Martin Grant, em Cannes. O top preto diminui o peso da parte de cima e a saia ampla estampada (duas técnicas juntas) dá mais volume para a parte de baixo. Decote não é proíbido, pelo contrário. Basta saber equilibrar as proporções.

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O vestido que a modelo Chanel Iman usou em Cannes é de um ombro só, com drapeado diagonal, que desvia a atenção dos olhos das linhas horizontais mais amplas dos ombros e dos seios, dando uma ilusão de ótica de tamanho menor 😉

Para as mulheres que têm peso visual no tronco, o bacana é criar curvas mais femininas e disfarçar a barriguinha com a magia das roupas! Vestidos envelope, estampas na diagonal, decote império (logo abaixo dos seios) e vestidos em formato A de tecido plano (que “cola”menos no corpo) são uma boa alternativa:

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Freida Pinto com Elie Saab de decote império bem estruturado, no tapete vermelho de Cannes 2014.
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Viola Davis foi ao último Oscar com um modelo Zac Posen de tecido plano, com recortes e drapeados que criam curvas.

 

E as de estilo mais ousado podem ainda abandonar o vestido e ir de conjunto de calça ou macacão – opções apropriadas para convidadas a não ser que a noiva libere claramente as madrinhas. Seguindo as mensagens de tecidos, brilhos e acessórios que podem ir a uma festa, fica lindo e superestiloso:

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Gwen Stefani de Versace do Grammy 2015
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Emma Stone de Lanvin no Globo de Ouro 2014

Acessórios
A maneira de analisar o grau de formalidade dos acessórios não difere das roupas. Bolsas pequenas, de material brilhante, bordadas e de alça fina são bem formais. As que se afastam disso, vão ficando informais. Da mesma forma brincos estilo chandelier, de pérolas e pedras brilhantes, são formais. Já os de metal liso e desenhos geométricos são mais informais. Sapatos de cetim, salto fino, de formas mais delicadas são formais. Os de formas mais quadradas, saltos mais grossos e de couro liso são informais. Uma sugestão minha: melhor escolher bijuterias e joias de metal, ouro e prata. Materiais mais artesanais, como madeira, tecido ou pedras rústicas, são mais difíceis de coordenar com roupa de festa. Se quiser compor o visual sem arriscar, basta seguir o estilo do vestido.

Uma dúvida recorrente, que inclusive eu já passei: sim, as madrinhas podem segurar suas bolsas no altar. Mas, desliguem o celular, pelamordedeus!

O bacana é que os acessórios podem ser usados para dar o tom, aumentar ou diminuir o grau de formalidade. E também te ajudam a dar seu toque de personalidade, em complemento ou contraposição ao vestido. Como falei lá em cima, as regras de vestir hoje são menos rígidas. Por exemplo, um vestido longo, bem chique, de seda e com bordados, pode ficar bem interessante combinado com uma sandália mais pesada (de tiras e salto mais grossos). Uma coordenação ótima para quem é moderna e fashionista. Contraste de cores é outro artifício de estilo que pode funcionar muito bem. Ou um cinto bordado pode dar um toque mais sofisticado em um vestido florido, que não parecia muito chique. Um efeito que pode ser conseguido também com um colar mais reluzente. O mais legal de ocasiões assim é se divertir montando o look, aproveitar para se sentir em um tapete vermelho mesmo! É hora de brilhar 🙂
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Taylor Swift no Grammy 2015, foi de sandália Giuseppe Zanotti mais pesada e colorida, em contraste com a cor do vestido

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Cate Blanchet apostou em um colar Tiffany turquesa no Oscar

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Lily Cole usou um loafer Valentino para diminuir a formalidade do vestido Dior no Elle Fashion Awards 2015

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Lucy Hale coordenou acessórios delicados para glamurizar o look mais informal, com barriga de fora, no VMA 2014

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E Jennifer Aniston economizou nos acessórios na noite do Oscar, mas foi com um de impacto: Justin Theroux.

 

Para mais informações e dicas boas relacionadas a casamento, sugiro acompanhar o site Casamento Bem Planejado, que é expert no assunto. Entra lá, siga o conteúdo na redes sociais 😉

Fotos: Harper’s Bazaar, Vanity Fair, Hollywood Report, Elle.uk e Perez Hilton

Djobi Djoba na moda

Eu já estava com essa ideia de post e fui fazendo um painel no Pinterest com referências (desculpa, tenho a alma indie e a mania de dizer que gostei before It was cool). Agora chegou o momento oportuno para falar sobre.

A Espanha virou tendência. Não exatamente o país, mas seus trajes típicos, que estão inspirando o visual das fashionistas por aí. Isso não veio do nada, claro. Em setembro de 2014, a casa italiana Dolce & Gabbana desfilou uma coleção explicitamente dedicada à terra da paella. Como já haviam feito há algumas temporadas um desfile inspirado na Itália, que virou febre no mundo fashion, não seria surpresa a repetição do sucesso. Porém, não é só esse o motivo. A coleção tá lindíssima. E algumas pitadas de Espanha já estavam aparecendo antes disso. Em 2013, Ralph Lauren fez uma coleção belíssima com essa referência. O atual revival dos anos 70 na moda, década cigana, hippie, um estilo cheio de babados, xales, acessórios rebuscados e flores no cabelo, não só tem elementos que derivam como casam superbem com a indumentária sevilhana. O cenário está montado, portanto, para que a tendência ganhe as ruas.

Ralph Lauren – primavera 2013
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Dolce & Gabbana – primavera 2014 – um pouco antes da coleção totalmente baseada nos trajes típicos espanhóis

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Dolce & Gabbana – primavera 2015 – esse look sim é da coleção-desejo que está inspirando todo mundo
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Aí, veio o Baile da Vogue, o clipe da Madonna, lançado na sexta, e o Grammy, ontem. Espanholas e toureiras para todo lado. No Balie da Vogue, dois looks tirados diretamente da passarela e algumas tentativas um pouco frustradas. Já a titia Madge arrasou encarnando a toureira em Living for Love, vestida de Moschino.  Ela sempre curtiu um sangre latino, né, lembra do clipe de Take a Bown ou da chavecada no Antonio Banderas? Hahaha. No Grammy, dois dias depois, ela repetiu a dose com um look parecido, mas dessa vez Givenchy. A capa da revista Estilo de fevereiro traz a blogueira mais influente do Brasil, Camila Coelho, com um vestido (lindo!) da primavera Dolce & Gabbana. Com todas essas maisons e influenciadoras abraçando a moda lançada pela dupla de estilistas italianos, alguém ainda duvida que a disseminação vai ser rápida?

A modelo Caroline Trentini de Dolce & Gabbana, no Baile da Vogue
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A blogueira Camila Coutinho, no mesmo evento, com a mesma grife
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Carolina Dieckmann, no bailão também. Princesa Lea e animal print? Oi?
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Madonna, de Givenchy, no Grammy 2015
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O arquétipo mais evidente é aquele baseado na figura da sevilhana, forma como os espanhóis chamam a dançarina de flamenco. A dança flamenca se originou dos ciganos que viviam na região sul do país, a Andaluzia. Foi lá, na cidade de Sevilha, que esse ritmo ganhou força em feiras e festivais. As bailaoras usam vestidos com muitos babados, justos no corpo, com a saia rodada, assessórios como xales, adornos como pente e flores no cabelo, sapatos de salto e castanholas que marcam a batida da música conforme elas dançam.

Coleção primavera Dolce & Gabanna, cheia de referências flamencas/sevilhanas:

Saia rodada da bailaora
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Vestido com mix de duas estampas típicas da sevilhana, flores e poá
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Sapatos inspirados nos usados para dançar flamenco
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Bolsa no formato de castanhola
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Basta levar alguns itens de maneira mais suave e menos evidente para a vida real, que fica fácil de usar. E lindo. Além do visual ultrafeminino, é possível fazer a linha mais sóbria e masculina, com referências menos óbvias. Olha que lindo esse paletó inspirado nas jaquetas dos toureiros. Os domadores de feras (ui) são uma ótima inspiração de silhueta, com a cintura alta e os boleros. Dá para montar um look elegante e ainda modelar o corpo, basta saber lidar com as proporções: cintura alta alonga a perna, boleros colocam o peso visual na parte superior do corpo e jaquetas ajustadas delineam o tronco.

Jaqueta, paletó, calça e shorts
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Usar com jeans é uma boa maneira de equilibrar a forte mensagem feminina e sexy inerente ao visual sevilhana a ainda assim ficar interessante e bela. Flores e presilhas no cabelo com qualquer outro tipo de roupa podem dar um toque simples e impactante! O leque é outro jeito fofo e muito útil de incorporar a tendência às produções do dia a dia, principalmente no verão. A renda preta também é uma forma de usar sem ser muito óbvia. Peças com esse material, mais sóbrias, que remetem ao catolicismo a às vestimentas mais tradicionais da aristocracia espanhola  – que foram subvertidas nas mãos de Stefano e Domenico – podem ser uma boa para o outono/inverno.

Close nos detalhes do desfile de primavera 2015 da Dolce & Gabbana
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Look com jeans
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Renda preta
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E para terminar, duas fotos vida real. Veronica, minha amiga linda com seu leque, que inspirou esse post. E eu, de flor no cabelo 🙂

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Fotos: Style.com, CBS, O Globo, UOL, Garotas Estúpidas, Tati Pilão, Revista Estilo e Vogue America

Três dicas rápidas com o tema cinema

Estamos perto de dois grandes eventos, Carnaval (17/2) e Oscar (22/2). Festa, filmes e feriado. Juntei tudo num tema só, com dicas que servem para quem curte um sossego gostoso ou para quem quer sair bonito no bloco. O cinema é o elo.

Um filme sobre um filme (e sobre teatro também)

Sentei no escurinho do cinema sem saber quem era o diretor do filme que ia ver. Só soube o nome quando os créditos subiram. Poucas vezes isso aconteceu. Sou jornalista e o mundo a minha volta acaba não deixando que eu tenha momentos de (doce) ignorância como esse. Sim, por que acho bom ser surpreendida pelo que vem pela frente. Detesto spoilers, num nível que às vezes olho para baixo em trailers (sou louca?).

Bom, digo isso, pois o responsável pela direção de Birdman (2014) é um sujeito tarimbado. Não vou falar quem ele é nem quais foram seus trabalhos anteriores, mas, vocês, amigos meus, pelo menos a maioria, já devem saber. Só digo que são muito diferentes desse. E muito bons. Mas, esse é melhor.

Me apaixonei por tudo. A trilha sonora, que é uma bateria apenas, tocando no ritmo tenso da movimentação do protagonista, é original e perfeita. Me apeguei na batida, pois uns dias antes vi Whiplash (2014), também dessa safra do Oscar, e to curtindo uma batera. Os vários planos-sequência, a montagem, a fotografia, a direção de elenco, tudo é bom. Sobre o time de atores, só sabia da presença de Michael Keaton, no papel principal, e de Emma Stone. E aí ~uau~ temos também uma versão pós-dieta de Zach Galifianakis, o gordinho de Se Beber não Case (2009), que continua brilhante mesmo sem os quilos a mais, Naomi Watts, impecável e tão musa quanto Emma, e Edward Norton, que há algum tempo não nos presenteava com uma atuação nível Clube da Luta (1999). Aliás, ele e Keaton concorrem ao Oscar nas categorias de ator e Emma na de atriz coadjuvante. O filme foi indicado a nove estatuetas ao todo.

Da história, só vou contar que é sobre um ator que fazia um personagem dos quadrinhos, o tal Birdman, em Hollywood. Anos depois da fama alcançada com o blockbuster, ele decide montar uma peça de teatro na Broadway. Nós então, acompanhamos seus dias de ansiedade antes da estreia. É claro que tem muito mais, contudo, quero que você se surpreenda tanto quanto eu.

Michael Keaton e Edward Norton “revivendo” Clube da Luta
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Fiquei vidrada no figurino da Emma Stone. Não tem nada de mais, só que é todo preto, chumbo e roxo, bem escuro, deixa a pele dela pálida, acinzentada, para combinar com o contexto da personagem. É de propósito, claro. Eu estou estudando essas paradas de estilo e reparei. Cores são importantes na vestimenta. E muito bem trabalhadas no cinema. Em 500 Dias com Ela (2009), o diretor pediu para pesarem a mão no azul do figurino da Zooey Deschanel com o intuito de destacar seus olhos. Isso sem falar na filmografia toda do Wes Anderson. Segurem essas infos, no momento apropriado volto no assunto aqui 😉

Adereços que parecem tirados de um filme (ótimos para o carnaval)

Sou uma pessoa bastante urbana, acho. E prática. Mas, dizem que com a idade a gente vai se soltando, né? Bom, estou cada vez mais com vontade de me montar a.k.a enfeitar. Quando vi o perfil do Instagram da Can Can Acessórios achei tudo tão lindo que precisei conferir ao vivo.

Fui até o ateliê em Pinheiros e conheci a Fernanda Guimarães, designer responsável pela marca, que existe há seis anos e está com ateliê próprio em São Paulo há dois. Os adereços de carnaval são uma belezura e vão enfeitar as cabeças de bonitas no Balie da Vogue, do Copa e dos blocos mais animados de São Paulo, Rio, Minas e Brasil afora.

São cocares, tiaras com arranjos de fruta para fazer a Carmem Miranda, penas de melindrosa, cartolas de colombina… Fernanda veio da equipe de estilo da Fábula, marca infantil da Farm, então a pegada lúdica e a vocação para adornar as mulheres estão explicadas 😉 No Blog da Can Can, dá para ver as inspirações, modos de usar, novidades, vale a visita! Ah, e os hipster moços mais livres de espírito podem aderir à montação, tem fotos boas lá para ajudar no look.
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A marca também tem linhas regulares de acessórios para usar em qualquer ocasião, como colares, coroas de flores, chapéus e pentes de cabelos (meus preferidos). Em março, deve chegar a coleção de noivas.

Além do ateliê, a Can Can tem e-commerce. Nesse sábado (7/2/15), o espaço, que fica na João Moura, 498, casa 2, em Pinheiros, São Paulo, vai realizar um “auezinho”com descontos progressivos, música, chup-chups (sacolés, gelinhos, escolha sua nomenclatura hahaha), maquiagem, entre outros agradinhos.

Um livro de receitas de filmes (e de séries também)

Cozinhar e comer, duas coisas tão trivais, tão necessárias a nossa sobrevivência, que hoje ganharam uma aura de glamour, de fetiche. Quando posto foto de comida no Instagram é um engajamento tão alto, só perde para cerveja! (Por que será? ;)) Bom, acho que fetiche alimentício sempre existiu né? Uma questão socioantropológica que talvez a autora desse livro possa me responder. Já o glamour, eu acho que é um fenômeno atual.

E se o mundo gourmet se unir ao dos filmes e séries, assunto explosivo e passional, que gera até briga entre amigos (falei da questão de spoliers dois posts acima, então, nego se mata) o que pode acontecer? O que acontece, é altamente incrível. Um livro com as 100 melhores cenas gastronômicas de filmes e séries de TV, com receitas testadas e aprovadas por uma chef. Textos gostosos, dicas fáceis e ilustrações lindas.

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Cozinha Pop nos faz lembrar, rir e até falar sozinho a cada página. E também nos faz salivar. E nos tira por um, ou vários, momentos da vida online. Nos dá vontade de cozinhar, de apenas cortar uma cebola com o boy ou com as amigas, tomando uma taça de vinho. Saborear uma boa comidinha e depois ir atrás daquele filme que ainda não vimos, mencionado no livro. E, por fim, curtir a página lá no Feice  e dar sugestões para o volume dois. – duvido que não vai surgir alguma. Ah, e se você for instagramer, tudo bem tirar foto do prato preparado com uma receita do livro, só não esquece as hashtags #cozinhapop #ninguemperguntou 😉

Fotos Birdman: Fox Searchlight/divulgação

O fotógrafo e a cidade

Imagine alguém que passasse 50 anos fotografando regularmente as pessoas nas ruas de uma grande metrópole, que as observasse na maneira de se vestir, de usar o cabelo, nos hábitos, nas coisas que carregam em seu dia a dia. Imagine que todas essas fotos, além de publicadas estivessem muito bem catalogadas e guardadas, em seus devidos negativos, em dezenas de fichários. Agora imagine que esses fichários estivessem todos na casa do fotógrafo. Que não é bem uma casa, mas sim um minúsculo apartamento, que nem cozinha e banheiro tem. Pois esse cenário existe. E nele reside um dos maiores fotojornalistas de todos os tempos, que é também um mestre do estilo e uma pessoa adorável.

E você pode conhecer sua história no excelente documentário Bill Cunningham – New York, que o acompanha em sua rotina clicando a moda das ruas e também conta seu passado profissional. Um filme que agrada a qualquer um, seja simpatizante da moda ou não. Isso porque, a carreira do  fotógrafo é bastante interessante e o registro histórico que faz da cidade, sensacional. Seu estilo de vida é tão importante quanto daqueles que fotografa. Dá uma olhada no quarto dele, ocupado pelos fichários de negativos, na foto aí embaixo, para ter uma ideia do figura. A obra já foi lançada há algum tempo (2011), demorei bastante para ver, até que enfim o fiz e recomendo muito que você o faça também.
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Aos 85 anos, Bill publica uma coluna semanal no site e na versão impressa do The New York Times, desde 1978, onde mostra o que coletou circulando de bicicleta pela cidade, capturando o estilo dos transeuntes. Seu olhar carrega uma estética apurada, assim como um viés antropológico. Suas fotos mostram o que há de comum entre a massa (e se pode chamar de tendência), mas também a grande diversidade de estilos, contradições que formam a personalidade de uma grande metrópole.

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O veterano fotógrafo não deixa de cobrir portas de desfiles e eventos da sociedade e do circo fashion, como fazem colegas renomados e muito bons como Scott Schuman, Garance Doré e Yvan Rodic, porém ele segue ainda mais próximo do cotidiano, verdadeiramente das ruas. Afinal, aqueles que vão às semanas de moda e afins se preparam para ser vistos, tem informação e acesso a produtos antes de todo mundo. Ou seja, estão imersos na indústria da moda e, apesar de criativos e com alto senso de estilo, não têm um ímpeto tão espontâneo ao montar uma combinação de roupas quanto um cidadão qualquer, flagrado na rua. Os fashionistas são ótimas referências de moda, contudo não geram tanta empatia e identificação com a maioria das pessoas.

Além disso, a visão de Bill do que vale um clique, de que estilo está acima da moda, de que beleza está no inusitado, no espírito que se expressa na roupa, no inovador, é muito inspirado. Seu posicionamento, como observador dos fatos, é encantador. Chega a ser excêntrico. Quando vai a um evento, não aceita nem um copo d’água, afinal, está ali a trabalho. Por anos, não recebeu salário de uma revista, se recusava, pois acreditava que o dinheiro o faria dependente das imposições editoriais e ele queria fotografar de forma livre e autoral.

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No Brasil, temos o RIOetc fazendo um trabalho muito legal de registro do estilo carioca, porém ainda acho que falta alguém que retrate mais o povo da rua. Em São Paulo, alguns veículos da imprensa fazem de vez em quando, em shows e festivais, ou pontualmente para mostrar alguma tendência, mas ainda não conheço algum fotógrafo – blog, tumblr, Instagram – bacana. Se alguém tiver um para indicar, conta aqui, por favor.

Fotos: First Thoughts Films /Zeitgeist Films

As mais bem vestidas do Globo de Ouro

Gente, esse post é praticamente uma conversa de Whatsapp. “Amiga, tá vendo o Golden Globes? Olha esse vestido da menina do 50 shades que qué isso? Morri”. Tipo assim. Tem minhas opiniões após intenso debate com as colegas. Colocarei aqui as mais belas e TENTAREI dar umas dicas que a gente pode trazer para a vida real – dentro do possível, considerando que não somos clientes da Maison Chanel (né???). Isso porque, em breve, estarei aprofundando meus conhecimentos em consultoria de estilo e estou muito me achando empolgada.

Vamos por cores, afinal, as cartelas dominantes ficaram bem definidas.

1. As prateadas
Essas lideram a lista, pois foram também minhas favoritas. E já que a melhor atriz de drama está nesse grupo e ela é musa (merecia um post especial aqui hem) e o vestido é lindo e ela nunca erra, foi a mais linda na minha opinião. E a Dakota Johnson, que daqui a um mês estará dando vida a Anastasia Steele em Cinquenta Tons de Cinza, estreou muito bem nos red carpets, toda reluzente. Metalizados vão bombar. O prata, mais fácil de usar, tanto de dia quanto de noite, deverá ser o mais visto por aí. A Zara já tem shortinho, saia… se joguem.

Julianne Moore de Givenchy – top 1 no red carpet, levou também um Globo de Ouro como melhor atriz de drama em longa-metragem.
Julianne Moore

Dakota Jonhson de Chanel – top 2
Dakota Johnson

Reese Witherspoon de Calvin Klein – tá simples, mas tá no revival minimalista, gostei. E ela vai estrelar um filme que me interessa, então estou simpatizando desde já com a moça. Dica: o tomara-que-caia valoriza o colo e, salvo mulheres com ombros muito largos, dá leveza e uma impressão de magreza, pois ressalta os ossinhos dessa parte do corpo. Muitas estrelas abusaram do modelo nesse Globo de Ouro.
Reese Witherspoon

2. As amarelas
Quem ousa vestir amarelo e fica bem, ganha meu coração. E quando são atrizes que eu gosto, it’s a match! Muito amor, viu. Amarelo é uma cor que assusta e, geralmente, é associada ao calor e à pele bronzeada. Eu sou bem branquinha e tenho dois vestidos amarelos que sempre ganham elogios, um deles é de manga comprida, usava com meia preta fio 40, no inverno. Acho que a cor é ótima e cai melhor do que as pessoas imaginam.

Leslie Mann de Kaufmanfranco, lindíssima – uma marca que nunca tinha ouvido falar, porém descobri que veste de um tudo muitas garotas em Hollywood. O slogan é  “the new sensualists”. Socorram.

Leslie Mann

Naomi Watts de Gucci, com colar MARA $$$ da Bulgari. O design de serpente é exclusivo da marca e a peça é de diamantes 76 quilates.
Naomi Watts

3. As vermelhas
Vermelho tem aparecido com muita frequência nos red carpets desde o ano passado. Sem medo de se misturar ao cenário, as atrizes estão investindo mesmo na cor. Eu acho que valoriza todos os tons de pele e dá um toque quente a persona. Em acessórios vai bem também. Todo um espanholismo sangre latino – em breve post sobre isso 🙂

Taylor Schilling de Ralph Lauren – top 5
Taylor Schilling

Jane Fonda de Versace – aos 77 anos mostra o lado exuberante da década de 90, que só o saudoso Gianni soube fazer naquele tempo.
Jane Fonda

Helen Mirren de Dolce & Gabbana – senhora elegância é seu nome
Helen Mirren

Lena Dunham de Zac Posen – mostrou que é possível fazer jus ao seu status no showbizz e se vestiu bem dessa vez
Lena Dunham

Allison Willians de Armani – amiga da Lena em Girls e na vida real, bela, de saião rodado, sem parecer um emoji
Allison Willians

4. Marsala
Jessica Lange de J. Mendel – com a cor do ano, só podia ser a mulher do ano, da década, da vida. Te amo. hahaha
Jessica Lange

5. Black & Pants
Emma Stone de Lanvin – top 3, foi de macacão, linda, gata, invejo, um dia vou ter esse cabelo. Lanvin, aliás, frequentemente veste as queridas de Hollywood como ela e Natalie Portman. Anotem aí para o dia em que forem a uma premiére hahaha. Sem brincadeira, macacão é peça para usar já! Corram. Pode ser de calça curta nesse verão de 40 graus, o macaquinho. E as duas aqui merecem um momento close no make.
Emma Stone

Emma fez um olho lindo, esfumado pesado azul escuro, com lápis Chanel Stylo Yeux Marine e combinou com um batom Revlon (ela é garota-propaganda da marca) Ultra HD na cor Iris – não tem no Brasil :(.

emma make

Lorde de Narciso Rodriguez – top 4 e me faz botar fé na geração Z. O look todo pode ser imitado. Barriguinha à mostra pode ser um problema, mas a cintura alta ajuda na produção. Vejam que ela mostra só uma faixa de pele. Make e cabelo são tendência forte. Amo. O colar de diamantes, de 100 quilates, competindo com o da Naomi, é Neil Lane.
lorde

O batom da Lordinha não foi roxo, mas foi lindo mesmo assim. Um tom de vermelho aberto da Kat Von D, o Studded Kiss Lipstick na cor Countess (não tem no Brasil). E o cabelo bem minimalista, frente baixa e “colada”, com rabo bem liso.

Lorde  make Lorde cabelo

6. Branco, off white e afins

Kate Hudson de Versace – top 6, por que no meu ranking eu coloco quantas eu quiser. Com um design inspirado nas coleções dos anos 90 da grife italiana, Penny Lane mostrou que tá abalando 14 anos depois. Dica quente: recortes verticais e assim meio desenhando a cintura, causam ilusão de ótica mesmo, dando forma de “violão”ao corpo. Stella McCartney fez um vestido assim há algumas temporadas que vendeu que nem banana para as celebridades.
Kate Hudson

Sienna Miller de Miu Miu – ela já foi um ícone de estilo bem mais relevante. Ultimamente tá meio sem graça. Porém, esse vestido era diferente, tinha fofura, tinha sensualidade, era cool. Ponto para ela.
Sienna Miller

Jemima Kirke de Adam Lippes– sei que vai gerar controvérsias, mas gostei do look space oddity. A atriz de Girls é divertida, jovem, moderna, tinha que vestir algo edgy sem ser forçado. O red carpet precisa de mais emoção desde Bjork.
Jemima Kirke

7. Estampadas
Lupita Nyong’o de Giambattista Valli – eu vi que a internet já achou um Bom Ar parecido com o vestido, mas gostei. A cor favorece, o modelo tem aplicações, pregas, movimento, graça. A mulher mais bem vestida de 2014 (segundo um monte de publicções especializadas em moda) continua com bom desempenho.
Lupita Nyong’o

Ana Kendrick de Monique Lhuillier – com uma cartela de cores que passa pelo Marsala, o modelo tem glamour, pouco visto esse ano, vestiu bem e combinou com o estilo da atriz. Mostrou que as petites também podem ficar belas em vestidos com saia mais aberta e volumosa. O decote em V alonga o tronco e a cintura marcada com um adereço fino ajuda a verticalizar e afinar a silhueta.
Anna Kendrick

Bom, acho que é isso. Não! Falta dizer o que não fazer. Nunca, nunca isso:

Keira Knightley de Chanel – se tiver oportunidade de usar um Chanel em um tapete vermelho, faça como a fofíssima do Cinquenta Tons de Cinza: escolha o mais bonito. Errar com um CHANEL é perder o bilhete da loteria. E meu coração se partiu ao ver essa coisa com gola de palhaço que ela vestiu. Ainda mais, porque a atriz sempre aparece tão bela. WTF?
Keira Knightley

Fotos: Getty Images Jason Merritt e John Shearer/Invision/AP

Musa: Stevie Nicks

Em 2014, ela voltou para o mainstream de uma forma avassaladora. Para escrever esse post, que vai tratar do estilo visual e de expressão da musa, fui pesquisar sobre sua vida, claro, e fiquei bastante impressionada com o quanto ela está em evidência. Stevie Nicks acabou de lançar um álbum solo e está em turnê – sold out – com sua banda dos anos 70, o Fleetwood Mac, o que ajuda a melhorar a exposição na mídia, mas não é só isso. São citações nos mais variados tipos de matérias e não apenas sobre seu trabalho, elogios extremados vindos de celebridades e espaços de destaque em programas populares nos EUA, como o Tonight Show e a série American Horror Story.
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Ela nunca saiu de cena totalmente, porém o momento favoreceu o reemergir dessa mulher poderosa, que carrega além de muitas vitórias ganhadas com suor e desgaste do gogó, uma aura mística.

Glee – Landslides (2010) – Stevie foi até o set acompanhar a performance de Gwyneth Paltrow fazendo cover de sua música

American Horror Story – Seven Wonders (2014) – a musa participou da terceira temporada da série
https://www.youtube.com/watch?v=7-VdFrmv53k

Vivemos uma era de um despertar feminino, acredito eu, em que, finalmente, a maioria se vê como igual em uma sociedade ainda cheia de ranços patriarcais. Além disso, a cultura pop passou a destacar artistas por sua autenticidade e seu legado, na medida em que a indústria deixou de valorizar apenas o novo e o jovem. Suas músicas, principalmente da época do Fleetwood Mac, são clássicos que agradam o atual gosto Normcore. Nesse contexto, Stevie parece se encaixar perfeitamente.

Nicks tem um brilho que vem de dentro e emana, envolvendo os demais a sua volta. Sua história mostra que sucesso vem do trabalho, mas também de incorporar sentimentos à carreira, indo além de apenas lapidar emoção em arte – vide sua atribulada história amorosa, como conta a blondenoir. Além disso, a bruxa sabe que o poder aumenta na irmandade e sempre carregou consigo um clã de moças talentosas. Pergunte a Courtney Love, Sky Ferreira, Tavi Genvinson, Florence Welch e às irmãs Haim. Talento, portanto, não é nada sem magia. Rock on, gold dust women!

Stevie e as irmãs Haim
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Bom, uma rainha do rock desse calibre só pode ser um ícone de moda. E sua estrela se reflete no estilo de suas pupilas, assim com nas coleções de marcas de roupas que abusam da pegada Boho. Nicks, contudo, não usa designers famosos. Desde o começo de sua carreira, se mantém fiel ao estilista Margi Kent e gosta de buscar peças em brechós e mercados de pulga. “Eu não queria me parecer com ninguém, por isso nunca procurei os grandes designers” (Marie Claire, 2014), explica a cantora.
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Cabelo de leoa, chapeus, plataformas, renda, chiffon, xales, tecidos esvoaçantes, mangas-morcego, bocas de sino e babados marcam seu visual. Ela diz que o misticismo sempre fez parte de seu trabalho e, portanto, de seu figurino: “Há muito tempo, decidi que teria uma presença mística, então fiz minhas roupas, botas, meu cabelo, todo meu ‘eu’ nessa linha. Eu sempre acreditei em bruxas do bem e não em bruxas más ou fadas ou anjos” (Interview, 1998).
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stevie mangao
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Xales e echarpes que possam se expandir no palco, como asas, tecidos leves e vestidos com pontas que criam uma imagem etérea são usados para aumentar sua figura “assim todos podem me ver até lá no fundo das arenas de shows”, (Harper’s Bazaar, 2013). Uma cantora da safra atual que imita declaradamente esse artifício é a Florence Welch, do Florence And The Machine. E o estilo de Stevie inspira muitas outras mocinhas do showbizz. Veja algumas delas:
Florence Welch
florence no palco
florence de branco

Courtney Love
Courtney Love Performs At The 1 Year Anniversary Of VINYL In Las Vegas

Sky Ferreira
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 UPDATE: A Supergingerfreak me mostrou esse vídeo da Alexa Chung cantando Blue Denim e não pude resistir em colocá-la aqui entre as pupilas da Stevie. A inglesa pode até não ter o estilo mais boho do mundo, mas o filme promove a linha de jeans que desenhou para a marca do estilista Adriano Goldschmied, ou seja, a bela acha que a vibe de Stevie ajuda a criar a imagem de moda necessária para vender suas peças. Alexa explicou em entrevista que a coleção traz o guarda-roupa jeans de seus sonhos, com peças inspiradas na estética do fim dos anos 60 e começo dos 70. Então, sim, ela se demonstra fã da musa, né?

Uma curiosidade: Stevie mantém seus vestidos mais importantes guardados em uma sala com temperatura controlada. Talvez calculadamente, uma vez que seu figurino vem servindo de referência para a indústria da moda há algum tempo. Quem sabe um dia pode ser exposto? Entre as coleções mais recentes inspiradas na cantora, está a de outono 2014 do estilista Michael Kors. Philip Lim e Jill Stuart também já desfilaram modelos inspirados na diva. Ela é musa ainda da Anna Sui, que já a apontou algumas vezes como referência de suas criações.

Phillip Lim 3.1 outono 2008
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Michael Kors outono 2014
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Jill Stuart outono 2009
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Anna Sui primavera 2014
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Um de seus assessórios-assinatura é o colar com pendente de lua, que não tira do pescoço e também distribui para todas as suas pupilas, as “sisters of the moon” (as irmãs Haim ganharam os seus). O símbolo é de uma lua crescente e, apesar de Stevie nunca ter explicado o que isso significa, sabe-se que é da Deusa e da feminilidade, assim como do poder em constituição, na crença Wicca. Em “Bella Donna,” uma de suas composições, a letra diz “The lady feels like the moon that she loves…Don’t you know that the stars are a part of us?”.
2011

A legião de fãs de Stevie Nicks alimenta referências fugazes em lojas fast-fashion e também sites como gypsymoon.com e enchantedmirror.com, que oferecem chapéus, acessórios e xales como os dela. Com o perfume 70’s que a moda atual ganhou, basta um pouco de ousadia para dar mais graça na produção e quem sabe sair por aí mais poderosa, no sentido denotativo 😉
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Fotos: Marie Claire, Huffington Post, NYTMagazine, Harper’s Bazaar, 21leme e Style.com.

Três dicas rápidas do que usar em 2015

Adeus ano velho, chega mais 2015! Vou aproveitar o ensejo e mostrar algumas coisas que devem pegar no próximo ano. Até porque, se a gente não usa esse tipo de gancho nessa época, ninguém lê porcaria nenhuma.

De toda forma, truques para ganhar cliques à parte, fiz escolhas que acredito que estão começando a despontar e são legais. Eu, pelo menos, vou adotar. 😉

Vários brinquinhos combinados com um brincão: acho que todas as minhas amigas têm mais de um furo na orelha. Nos anos 90 era de lei. E como essa década voltou com tudo… já vi fashionistas que sigo no Instagram aderindo. Hoje em dia, as lojas de bijuterias fast-fashion até vendem brincos que é só encaixar no lóbulo, para dar o truque. Bom, eu sou a favor de ser autêntica, então, daria um pulo na farmácia.
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Rímel colorido: se em 2014 a moda foi brincar de deixar o cabelo parecido com um arco-íris, agora a onda vai ser colorir os cílios. Para ilustrar, escolhi a cor  mais trendy de todas, a marsala, que foi a eleita de 2015 pela Pantone. Esse rímel aí da foto, aliás, é parte de uma coleção de make oficial da Pantone, feita em parceria com a Sephora. Já está à venda nos EUA e não há informação se chega nas lojas daqui. A cor é a do vinho de mesmo nome, de procedência italiana, que tem um tom marrom-avermelhado. Acho que logo logo vai dar para encontrar versões à venda em uma loja próxima. Se tiver a fim de adquirir um já, a Vult foi a marca nacional que encontrei com mais produtos em cores inusitadas. A Givenchy lançou uma coleção de mascáras com várias tonalidades, mas, por enquanto, só chegou a azul aqui. A Quem Disse Berenice tem verde e azul. A Avon tem azul e roxa. Espero que as fabricantes e revendedoras de maquiagem corram para aderir à tendência e nos ofertar mais opções 🙂
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Anos 70: se o minimalismo e o Normcore são tendências fortes no momento, as sobreposições, a profusão de acessórios, as sandálias rebuscadas e as estampas coloridas dos anos 70 são um contraponto e um alívio para aqueles que gostam de mais emoção no look. Há algumas temporadas que coleções têm vindo com toques dessa década: acentos hippie, disco, cigano e até um pouco de bruxismo – falarei sobre um ícone desse estilo em breve… Então, pode se jogar nas pantalonas, tecidos fluidos, batas, vestidos floridos, xales e quimonos. E deixe o cabelo crescer.
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Anna Sui, primavera 2014

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Etro, primavera 2015

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Paul&Joe, primavera 2015

*Fotos: Style.com e Pantone

Musa: Jessica Lange

Now she walks through her sunken dream
To the seat with the clearest view

And she’s hooked to the silver screen
But the film is a saddening bore

‘Cause she’s lived it ten times or more
She could spit in the eyes of fools as they ask her to focus on
Life on Mars?, David Bowie

Antes tarde do que nunca. Não sei se atribuo a frase a mim mesma, a todo mundo, a Hollywood, a própria atriz ou a um de seus personagens. Fato é que agora a vejo no Olimpo, ao lado de Meryl, Julianne e Fernanda. Pois é, entrei para o grupo dos fãs de American Horror Story (AHS). Assisti às três temporadas e meia de uma vez – o que faço agora com um episódio por semana, somente?

Bom, estou falando de Jessica Lange. Ela ganhou fama e reconhecimento no final dos anos 70 e começo dos 80. O primeiro Oscar veio por seu desempenho como atriz coadjuvante em Tootsie, uma comédia maravilhosa com Dustin Hoffman, em 1982. Já o primeiro sucesso veio antes. Eu, inclusive, tenho a versão de 1976 de King Kong como uma das minhas mais antigas memórias cinematográficas. Também é memorável sua participação em outro clássico das telas, um Scorcese, Cabo do Medo (1991). Em 1994, veio outro homenzinho dourado, dessa vez de melhor atriz pelo filme Céu Azul (quem assistiu?). Muitas atrizes já foram premiadas e tal, mas nem todas ganham realmente aquele status de über estrela, principalmente perante o público, e Jessica passou uns 20 e muitos anos na gaveta.

Jessica-Lang-King-Kong
King Kong

tootsie
Tootsie

jessica meryl 1983
Recebendo o primeiro Oscar, ao lado de Meryl Streep, que levou de melhor atriz por A Escolha de Sofia

O passado provava que muito talento e beleza ela tinha, só faltava alguém resgatar. Um pouco antes dos espertíssimos produtores a escalarem para AHS, ela fez o papel de Big Edie, ao lado de Drew Barrymore, em Grey Gardens (2009), um filme para TV que virou cult. E por ele, ganhou um Emmy de melhor atriz. Uma ocorrência que temos visto muito: obras e performances da telinha superarem as da telona. Como não posso deixar de fazer: eu recomendo muito assitir. Infelizmente, não consegui encontrá-lo disponível em meios legais para dar a dica. Sorry.

Seu estilo em AHS é uma ótima inspiração de moda. A cada temporada, surge uma personagem com suas próprias características, mas todas têm um ar de femme fatale retrô. Mesmo que o enredo se passe em tempos contemporâneos, o figurino sempre traz um perfume de outras décadas, o que combina com suas feições delicadas como as de atrizes de film noir, herdadas da mãe finlandesa e do pai alemão. Jessica também fica perfeita emulando estrelas dos anos 30 e astros do rock com um toque andrógino… porém, não gosto de spoilers, então paro de fazer referências por aqui. Na vida real ela faz uma linha mais classy e sempre aparece lindíssima nos tapetes vermelhos.

jessica very young
DNA de diva

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Jessica como Fiona Goode, temporada 3 de AHS

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Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

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Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

64th Annual Primetime Emmy Awards - Arrivals
No Emmy Awards 2014

Aos 65 anos, ela está com tudo. É garota-propaganda da linha de maquiagens do Marc Jacobs. Seu próximo trabalho em Hollywood será uma comédia dirigida por Andy Tennant, de Hitch, ao lado de Demi Moore e Shirley MacLaine. Suas covers de hits do rock feitas para AHS atingiram picos de vendas no iTunes. O episódio de estreia da atual e quarta temporada da série teve a maior audiência da história do canal FX, onde é originalmente transmitida nos EUA, com 10 milhões de espectadores.  E a atriz está NEGOCIANDO sua participação na próxima. O produtor-executivo disse que não desistirá dela fácil. Esperamos que a senhora Lange veja o tremendo sucesso que pode deixar para trás. Cabe mencionar que esse trabalho já lhe rendeu dois Emmys e um Globo de Ouro. Sempre dá para encaixar um filme entre gravações. E ganhar outro Oscar. Todos rezam.

Como sambar na cara da dramaturgia é pouco, ela ainda é uma exímia fotógrafa, com dois trabalhos publicados, QUE SERÃO APRESENTADOS EM SÃO PAULO, em fevereiro de  2015.  E a artista deve vir para a abertura da exposição, tá?

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Capa da revista ELLE dos EUA, novembro de 2014

Bônus e mini spoiler: Você não precisa baixar as músicas que Jessica Lange canta em AHS. Fiz uma playlist da série 🙂

P.S. Se Jessica te causou interesse em American Horror Story, vá em frente. Como me disse a Márcia, do blondenoir – que sempre tem ótimas dicas culturais – você nem percebe e já está aplaudindo o desempenho de Lange na série em pé, sozinha, no meio da sala. Cada temporada tem uma história diferente e independente da outra, mas com um elenco-base que se repete. A primeira começa muito bem e termina mal. Mas, as três que a sucedem são excelentes. Eu acho legal ver desde a primeira, pois é muito divertido acompanhar o elenco “reencarnando” em novas histórias. Todas contam com Jessica Lange. E, à partir da segunda, atores muito bons como Sarah Paulson, Evan Peters e Lily Rabe ganham mais espaço, enquanto o time recebe grandes reforços com Kathy Bates, Emma Roberts e Angela Bassett. O Netflix tem as duas primeiras e a Net promete colocar em breve todas no Now. A quarta temporada está no ar na FOX.

Fotos: NY Post, IMDB, Elle, FX, Just Jared

Esse tal de Normcore

Em outubro de 2013, a Box 1824 e a K-Hole divulgaram um estudo definindo uma nova tendência de comportamento no consumo, o Normcore. Tais empresas ficam de olho em novidades socioculturais que despontam, sinalizando caminhos que em breve serão seguidos por todo mundo. O Normcore, no caso, é  “a atitude de transcender a diferenciação industrial em vez de contrapô-la”. Ou seja, abraçar o que é popular, sem se submeter a ele, sem se preocupar em ser mais um, mas sem perder a identidade. É não ter medo de estar com todo mundo, de ser normal.

Outra definição muito vista por aí é “a moda de Seinfeld”, que até virou meme, em referência ao estilo básico, normal, dos personagens da série sobre o nada. A moda sobre o nada?

Pouco mais de um ano depois, passada a edição de inverno 2015 do São Paulo Fashion Week, vimos pipocar matérias falando sobre isso, mais de um estilista declarando que o Normcore foi a referência de sua coleção e fashionistas descrevendo o look do dia como sendo da tendência. Ou seja, o que antes era um papo teórico, agora atingiu o que consumimos.

Por isso, nesse post, pretendo explicar o que é esse tal de Normcore e permear com a minha opinião. O que mais tenho visto na imprensa nacional são guias de como se vestir na tendência. Assim como o pessoal da Box, acho que é mais do que um modismo da indústria, é algo comportamental, portanto mais abrangente. E mais forte do que parece, por isso, relevante.

Como o Normcore se formou

Vejo que alguns pontos culturais e de comportamento se encontraram, unindo pessoas que antes estavam em diferentes esferas da sociedade, em um mesmo movimento, com atitudes e gostos em comum.

Anos 90, the come back:
O primeiro ponto foi o retorno dos anos 90. A indústria se alimenta do passado para nos fazer consumir. Fato. Não dá para ser tão original assim temporada após temporada. Então, quando distância suficiente é tomada, para bater aquela nostalgia, quando já há uma geração que não viveu aquela década consumindo, ela volta. Pronto. E aquela foi a década dos garotos suburbanos, dos amigos que dividiam apartamento, dos roqueiros de garagem, do estilo das ruas, do moletom, da flanela e do tênis. A única coisa que parecia separar os ídolos de seus fãs era a fama.

Outra vertente dos anos 90, a estética minimalista encontra campo fértil agora para crescer. Após um período em que cada um procurava sua individualidade e assim se expressava de forma a se destacar na multidão, as pessoas parecem cansadas de excessos. O minimalismo, mais neutro e clean, é perfeito para construir uma imagem mais normal. Chega de logos, estampas, ostentação ou expressão rebelde no look. Porém, a limpeza do visual não é uma atitude yuppie de aceitação do mainstream. O Normcore é uma atitude ambivalente, aceita o popular, mas não se submete a ele, é mais um posicionamento de deixar de lado a importância de se distinguir e ser apenas mais autêntico.
gisele Jil Sander 1999
*Gisele Bündchen na passarela de Jil Sander – verão/primavera 1999

Alguns exemplos práticos foram vistos na indústria da moda recentemente. Conhecidas pelo estilo coxinha a Abercrombie & Fitch e a Hollister Co., que são do mesmo grupo, anunciaram que irão estrategicamente reduzir os logos de suas roupas, após queda nas vendas no segundo quadrimestre deste ano. Na outra ponta, a hipster Urban Outfitters também foi obrigada a rever seus produtos por conta do mesmo motivo. A marca passa pelo segundo trimestre de perdas e vem sofrendo um revés de imagem após abusar de seu caráter ousado. Camisetas com frases do tipo “coma menos”, e um moletom com o emblema da Universidade de Kent e respingos de sangue, fazendo alusão a um massacre ocorrido na instituição em 1970, vêm causando aversão a seus consumidores.

Não temos mais idade, nem gênero:
A estética minimalista também se casa com outras duas ~tendências~ galopantes. Ou melhor, como eu prefiro ver, duas barreiras que caíram: gênero e idade. Cada vez mais, o que fazemos, consumimos e usamos não é mais determinado por padrões de gênero ou idade. Eu posso usar a mesma roupa do meu irmão ou da minha avó e vice-versa e reversa. Temos visto diversas manifestações nesse sentido, inclusive publicitárias. Sobre o tema gênero, até EU já fiz post hahahaha. Já a idade, quem se importa com isso? A geração Y ouve música do Pharrell Willians, 41 anos, os baby boomers leem a Tavi Gevinson, 18 anos. E todos nós idolatramos a Jessica Lange.
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*Jessica Lange em campanha publicitária da linha de maquiagens de Marc Jacobs

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*Imagem do lookbook de primavera/2015 da marca japonesa Uniqlo: meninas e meninos podem trocar os looks

The unfashion:

Assim como os ultrapassados tutoriais de etiqueta, a seção de “certo e errado” de uma revista de moda não tem mais muita força. Nos últimos anos, a moda tem estado menos engessada por mandamentos das passarelas, enquanto a voz das ruas tem ganhado indiscutível relevância. Dessa forma, o estilo próprio e original nunca foi tão verdadeiro. Mas houve tanta ânsia por buscar uma diferenciação, que surgiram estéticas superpoluídas e vazias de sentido. A facilidade de troca e acesso à informações também alimentou esse processo. Hoje, qualquer um copia qualquer um, inclusive as grandes marcas. Assim, o visual alternativo já vem empacotado e pronto para ser comprado. Não tem mais nada de alternativo nisso. E pode até levar a sérios casos de problemas de interpretação – vide o que aconteceu com a Urban Outfitters. Isso fez com que surgisse uma vontade de ir contra a corrente da diferenciação. Ninguém mais quer agir ou parecer muito “malucão”. Se montar todo parece um grito desesperado por atenção.

O minimalismo, portanto, se torna a forma estética confortável, ou viável, que se encaixa em todos esses aspectos. E o popular deixa de ter caráter pejorativo, de medíocre, ordinário, insosso, para ser apenas aquilo que todos gostam, independente de idade, sexo, nacionalidade.

Conclusão:
Normcore é a atitude de transcender a diferenciação industrial em vez de contrapô-la. Não é se misturar e se dissolver. É ter empatia e conectividade. Criamos vínculos quando temos gostos em comum. Normais. Eu estou de acordo com a definição da Box e da K-Hole: “Normcore se distancia de uma noção de cool baseada na diferença e adota um modelo de pós-autenticidade que opta pela igualdade. Porém, ao invés de se apropriar de uma versão estereotipada do mainstream, faz bom uso de cada situação presente. Para ser verdadeiramente Normcore, é preciso entender que o normal na verdade não existe. (…) A individualidade já foi uma promessa de liberdade pessoal — uma forma de viver a vida nos seus próprios termos. Entretanto, esses termos foram ficando tão específicos que acabamos nos isolando. A ideia de Normcore busca uma liberdade proveniente da não-exclusividade. É a libertação em não ser tão especial e o entendimento de que só a adaptabilidade leva ao pertencimento”.

Normcore na moda
Um dos trabalhos mais emblemáticos que vi foi um editorial da Revista Hot and Cool N. 5 (primavera 2013) feito com fotos do Google Street View. Um tapa na cara dos blogs de street style. Isso sim é a coisa real. Gente com roupas legais, de verdade, na rua.

Se você gosta de moda e tem prazer em montar um look, isso significa só uma coisa: tudo bem usar o que você quiser e também, pelo amor de Deus, algo que seja “sem marca” ou não pareça tirado do armário da Anna Dello Russo. Ainda assim, sair com uma calça jeans e um moletom pode ser gostoso, mas demonstrar estilo é usar peças com bom caimento, é deixar com a sua cara, dobrar uma barrinha, adicionar um colar, colocar um sapato diferente, deixar mais bonito. Por que o que é bonito e interessante vai continuar sendo bonito e interessante até o fim dos tempos, não importa a tendência. Sobretudo, é levar em conta a velha máxima de Coco Chanel “A moda sai de moda, o estilo não”. A GAP fez uma ótima campanha aproveitando o Normcore, afinal, os neutros e os básicos deixam sua personalidade brilhar. E esse filme diz muito:

http://www.youtube.com/watch?v=6FJUSftHfKY

E para os que gostam de ver umas peças de roupas bem combinadas, seguem os três looks que fizeram mais sucesso no meu painel Normcore do Pinterest.

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Fotos: Marc Jacobs, intothegloss.com, Harpers Bazaar/Diego Zuko, Uniqlo