O poder das cores no cinema

As cores transmitem mensagens e têm o poder de influenciar nossas emoções. O cinema sabe disso, desde que se tornou colorido. O significado de uma cor pode ser diferente em cada cultura, em cada país, mas alguns são universais: azul transmite tranquilidade e também confiança – é a cor do uniforme da Marinha. Verde é a cor da ciência, da saúde, da vitalidade, por isso é usada nos uniformes de enfermeiros em quase todo o mundo, já reparou?

Filmes românticos costumam usar cores quentes e muito vermelho. Filmes de distopias e “apocalipse” abusam do cinza e de cores dessaturadas. Tons frios e azuis são usados em obras de terror. Ficções científicas se colorem de verde. De maneira quase imperceptível, as cores mexem com nossas emoções, ajudam a transmitir sentimentos ou a enfatizar mensagens. O vídeo abaixo mostra tudo isso.

Os cineastas fazem muito uso disso. Nos últimos tempos, um que ficou notório pelo uso das cores, criando paletas bem evidentes em seus filmes, é o Wes Anderson. Até uma série de livros foi lançada com base em sua obra e seu trabalho cromático. Na moda, a estética de Anderson já inspirou muitos estilistas como Alessandro Michele, da Gucci, assim como a coleção da Lacoste, Fendi, entre outros. A atual tendência de cores anunciada pela Pantone tem muito das paletas que costumamos ver nos filmes dele, tons suaves, claros e terrosos, rosa e azul.

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Ou seja, as cores são ferramentas poderosas na comunicação. E podem ser colocadas em nosso estilo pessoal. Se vamos a uma reunião de trabalho, em que precisamos defender uma ideia, que cor usar? Azul marinho pode ser uma boa ideia. E para ficar mais bonito/a? Usar uma cor que realce o tom da pele, dos cabelos, dos olhos, complementar, é a melhor solução. Já fiz um post sobre coloração pessoal, clique aqui para ler.
*Fotos: Imaxtree e Vogue Brasil

Como usar roupas claras ou escuras para destacar sua beleza natural

Na análise global que faço na consultoria de estilo considero a coloração pessoal, e uma das características que observo para descobrir a cartela de cores do cliente é a sua profundidade. Ou seja, se os tons do seu rosto – pele, olhos, sobrancelha, lábios e subtons como olheira e veias – são mais claros ou mais escuros.

As pessoas mais escuras têm sobrancelha preta ou castanho escura, olhos castanho escuros, cílios mais destacados. As claras têm tons mais loiros, castanho claros ou mais acinzentados. Os olhos também são mais claros e a pele tem menos subtons escuros; as olheiras são mais marrons ou avermelhadas, enquanto pessoas escuras têm olheiras mais roxinhas. Isso não é algo que se mede pelo tom de pele, tem a ver com o conjunto do rosto. Quanto mais escura a pessoa for, mais profunda ela é. Vamos a um exemplo de duas pessoas com cabelos e olhos castanhos, mas com profundidades diferentes: Angelica Huston e Drew Barrymore, no filme Para Sempre Cinderela:

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Bom, ao transpor a coloração pessoal para roupas, o ideal é compor o look de acordo com o nível de profundidade. Quem tem tons escuros, mais fortes, harmoniza melhor com cores que seguem essa linha. Cores muito suaves ou delicadas podem deixá-la sem vida, apagada. Pessoas claras e delicadas ficam melhores com uma cartela com essas características, para não “sumirem” dentro da produção.

rachel bilson e kate bosworth
Duas mulheres que são referência de estilo, brilhando: Rachel Bilson, escura e com roupas idem; e Kate Bosworth, clara e usando tons delicados.

Cores também transmitem mensagens. Não é a toa que uma atriz forte e de cores profundas, como Angelica Huston, foi escalada para viver a madrasta em Cinderela. E sua antagonista, mais romântica, tinha uma coloração oposta – que também é refletida no figurino. Um bom exemplo, e extremamente evidente, de caracterização de figurino também pode ser visto no longa Cisne Negro. Nele, Natalie Portman vive uma bailarina com conflitos psicológicos, que assume duas personalidades. Uma delas é intensa, forte e dramática, usando somente cores escuras. A outra é sensível, volátil e tolerante, vestindo apenas cores claras. E o recurso cromático de apoio ao enredo não se restringe à bailarina, todas as personagens que se relacionam com seu lado “negro” usam cores profundas e vice versa.

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Mila Kunis e Natalie Portman em cena de Cisne Negro

Uma pessoa de cores claras pode não ter exatamente uma personalidade delicada. Ou pode querer transmitir mais força, sobriedade. Então, o uso de cores escuras a ajudará nisso. E o contrário também é válido. Uma pessoa de coloração escura pode querer transmitir leveza, abertura. Para não ficar um look descompensado, a saída é sempre buscar equilíbrio, usar uma maquiagem que destaque mais os traços do rosto ou algum elemento, como um lenço, que esteja na sua coloração pessoal. O bacana é entender como as cores podem agir no nosso estilo e, assim, ter informação para aproveitar seu poder. Não existe certo ou errado, melhor ou pior. Se te interessou saber qual é sua coloração pessoal, entra em contato comigo clicando aqui 😉

Grey Gardens, uma lição de estilo

Grey Gardens (2009) é o filme que reconta a história do documentário de mesmo nome, sobre a tia e a prima de Jacqueline Onassis (as duas chamadas Edith Bouvier Beale ou “Big Edie e Little Edie”). Feito para a HBO, é um pouco mais palatável ao gosto atual da audiência do que o documentário original, e com um ponto, ou melhor, dois, incríveis: Jessica Lange e Drew Barrymore nos papéis principais. O filme está disponível no catálogo do Now, da Net, na oferta da HBO, entre aqueles que não temos que pagar. Ótima oportunidade.

Para mim, além de uma história maravilhosa, é um belo exemplo do que se pode chamar de estilo pessoal. Principalmente a figura da Little Edie. Isso porque, os dicionários e afins – você pode verificar aqui e aqui – deixam a desejar e não explicam muito bem o que seria estilo quando se trata de um adjetivo aplicado a pessoas. E com elas vemos o que é sendo.

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Little Edie em duas etapas da vida

Eu, como consultora de estilo pessoal, posso dizer que é o conjunto de escolhas, gostos e prioridades que traduzem a personalidade de alguém. Quando colocado em expressão visual, em roupas, acessórios, cabelo, maquiagem, indumentárias ou na falta delas também, pode ser chamado de estilo. Uma pessoa que se destaca entre as outras, que quando vemos algo e nos lembramos imediatamente dela e soltamos “nossa, esse lenço (gravata, colar etc) é a cara de fulano”, que tem sempre uma coerência ao se apresentar, uma presença marcante – ainda que use roupas discretas, tem um estilo bem definido. Isso não quer dizer que aquele seu amigo que veste a primeira camisa da gaveta não tem estilo nenhum. TODO MUNDO tem estilo. Afinal, todos fazemos escolhas, mesmo que seja vestir qualquer coisa – quem é assim quer mostrar que não liga para moda, que tem um estilo descontraído ou rebelde. Alguns sabem expressá-lo bem, outros nem tanto.

Voltando ao filme, as personagens principais tem um estilo muito próprio e seguem assim até mesmo quando perdem o senso de convívio em sociedade, até mesmo quando estão em um mundo à parte. Um exemplo muito claro de autoconhecimento e expressão. Eu fiquei fascinada.

Bom, a história, já devo ter causado curiosidade, é sobre mãe e filha que vêm de uma alta linhagem nova-iorquina, porém, por conta dos revezes da vida e da falta de tino para sobreviver financeiramente, acabam perdendo tudo o que têm. Assim, vivem isoladas na casa de praia da família, a Grey Gardens, num mundo onde pensam ter glamour, mas onde só há insalubridade e decadência.

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Mãe e filha em tempos áureos e depois vivendo a duras penas, mas ainda mantendo o estilo

Além de uma aula de estilo, a história nos faz pensar sobre valores e determinação. De alguma forma, essas duas mulheres se mantiveram firmes em suas crenças. O ar kitsch e o evidente viés fashion fez da obra original um cult entre o povo indie e fashionista. Contudo, acho que é muito mais interessante olhar para essa história com a cabeça aberta e despida de preconceitos. O que quero dizer é que não devemos encarar as Edies como duas criaturas excêntricas e divertidas em sua viagem autoalienante. Acredito que elas foram mulheres a frente de seu tempo, em uma sociedade onde não havia espaço para que crescessem. Aferradas em seus valores, sucumbiram e não tiveram meios para sobreviver.

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O antes e depois de Grey Gardens

Se interessar ver também o lado real dessa história, tá aqui o documentário, de 1975, inteirinho no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=GP2KjNge1FY

Três dicas rápidas com o tema cinema

Estamos perto de dois grandes eventos, Carnaval (17/2) e Oscar (22/2). Festa, filmes e feriado. Juntei tudo num tema só, com dicas que servem para quem curte um sossego gostoso ou para quem quer sair bonito no bloco. O cinema é o elo.

Um filme sobre um filme (e sobre teatro também)

Sentei no escurinho do cinema sem saber quem era o diretor do filme que ia ver. Só soube o nome quando os créditos subiram. Poucas vezes isso aconteceu. Sou jornalista e o mundo a minha volta acaba não deixando que eu tenha momentos de (doce) ignorância como esse. Sim, por que acho bom ser surpreendida pelo que vem pela frente. Detesto spoilers, num nível que às vezes olho para baixo em trailers (sou louca?).

Bom, digo isso, pois o responsável pela direção de Birdman (2014) é um sujeito tarimbado. Não vou falar quem ele é nem quais foram seus trabalhos anteriores, mas, vocês, amigos meus, pelo menos a maioria, já devem saber. Só digo que são muito diferentes desse. E muito bons. Mas, esse é melhor.

Me apaixonei por tudo. A trilha sonora, que é uma bateria apenas, tocando no ritmo tenso da movimentação do protagonista, é original e perfeita. Me apeguei na batida, pois uns dias antes vi Whiplash (2014), também dessa safra do Oscar, e to curtindo uma batera. Os vários planos-sequência, a montagem, a fotografia, a direção de elenco, tudo é bom. Sobre o time de atores, só sabia da presença de Michael Keaton, no papel principal, e de Emma Stone. E aí ~uau~ temos também uma versão pós-dieta de Zach Galifianakis, o gordinho de Se Beber não Case (2009), que continua brilhante mesmo sem os quilos a mais, Naomi Watts, impecável e tão musa quanto Emma, e Edward Norton, que há algum tempo não nos presenteava com uma atuação nível Clube da Luta (1999). Aliás, ele e Keaton concorrem ao Oscar nas categorias de ator e Emma na de atriz coadjuvante. O filme foi indicado a nove estatuetas ao todo.

Da história, só vou contar que é sobre um ator que fazia um personagem dos quadrinhos, o tal Birdman, em Hollywood. Anos depois da fama alcançada com o blockbuster, ele decide montar uma peça de teatro na Broadway. Nós então, acompanhamos seus dias de ansiedade antes da estreia. É claro que tem muito mais, contudo, quero que você se surpreenda tanto quanto eu.

Michael Keaton e Edward Norton “revivendo” Clube da Luta
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Fiquei vidrada no figurino da Emma Stone. Não tem nada de mais, só que é todo preto, chumbo e roxo, bem escuro, deixa a pele dela pálida, acinzentada, para combinar com o contexto da personagem. É de propósito, claro. Eu estou estudando essas paradas de estilo e reparei. Cores são importantes na vestimenta. E muito bem trabalhadas no cinema. Em 500 Dias com Ela (2009), o diretor pediu para pesarem a mão no azul do figurino da Zooey Deschanel com o intuito de destacar seus olhos. Isso sem falar na filmografia toda do Wes Anderson. Segurem essas infos, no momento apropriado volto no assunto aqui 😉

Adereços que parecem tirados de um filme (ótimos para o carnaval)

Sou uma pessoa bastante urbana, acho. E prática. Mas, dizem que com a idade a gente vai se soltando, né? Bom, estou cada vez mais com vontade de me montar a.k.a enfeitar. Quando vi o perfil do Instagram da Can Can Acessórios achei tudo tão lindo que precisei conferir ao vivo.

Fui até o ateliê em Pinheiros e conheci a Fernanda Guimarães, designer responsável pela marca, que existe há seis anos e está com ateliê próprio em São Paulo há dois. Os adereços de carnaval são uma belezura e vão enfeitar as cabeças de bonitas no Balie da Vogue, do Copa e dos blocos mais animados de São Paulo, Rio, Minas e Brasil afora.

São cocares, tiaras com arranjos de fruta para fazer a Carmem Miranda, penas de melindrosa, cartolas de colombina… Fernanda veio da equipe de estilo da Fábula, marca infantil da Farm, então a pegada lúdica e a vocação para adornar as mulheres estão explicadas 😉 No Blog da Can Can, dá para ver as inspirações, modos de usar, novidades, vale a visita! Ah, e os hipster moços mais livres de espírito podem aderir à montação, tem fotos boas lá para ajudar no look.
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A marca também tem linhas regulares de acessórios para usar em qualquer ocasião, como colares, coroas de flores, chapéus e pentes de cabelos (meus preferidos). Em março, deve chegar a coleção de noivas.

Além do ateliê, a Can Can tem e-commerce. Nesse sábado (7/2/15), o espaço, que fica na João Moura, 498, casa 2, em Pinheiros, São Paulo, vai realizar um “auezinho”com descontos progressivos, música, chup-chups (sacolés, gelinhos, escolha sua nomenclatura hahaha), maquiagem, entre outros agradinhos.

Um livro de receitas de filmes (e de séries também)

Cozinhar e comer, duas coisas tão trivais, tão necessárias a nossa sobrevivência, que hoje ganharam uma aura de glamour, de fetiche. Quando posto foto de comida no Instagram é um engajamento tão alto, só perde para cerveja! (Por que será? ;)) Bom, acho que fetiche alimentício sempre existiu né? Uma questão socioantropológica que talvez a autora desse livro possa me responder. Já o glamour, eu acho que é um fenômeno atual.

E se o mundo gourmet se unir ao dos filmes e séries, assunto explosivo e passional, que gera até briga entre amigos (falei da questão de spoliers dois posts acima, então, nego se mata) o que pode acontecer? O que acontece, é altamente incrível. Um livro com as 100 melhores cenas gastronômicas de filmes e séries de TV, com receitas testadas e aprovadas por uma chef. Textos gostosos, dicas fáceis e ilustrações lindas.

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Cozinha Pop nos faz lembrar, rir e até falar sozinho a cada página. E também nos faz salivar. E nos tira por um, ou vários, momentos da vida online. Nos dá vontade de cozinhar, de apenas cortar uma cebola com o boy ou com as amigas, tomando uma taça de vinho. Saborear uma boa comidinha e depois ir atrás daquele filme que ainda não vimos, mencionado no livro. E, por fim, curtir a página lá no Feice  e dar sugestões para o volume dois. – duvido que não vai surgir alguma. Ah, e se você for instagramer, tudo bem tirar foto do prato preparado com uma receita do livro, só não esquece as hashtags #cozinhapop #ninguemperguntou 😉

Fotos Birdman: Fox Searchlight/divulgação

O fotógrafo e a cidade

Imagine alguém que passasse 50 anos fotografando regularmente as pessoas nas ruas de uma grande metrópole, que as observasse na maneira de se vestir, de usar o cabelo, nos hábitos, nas coisas que carregam em seu dia a dia. Imagine que todas essas fotos, além de publicadas estivessem muito bem catalogadas e guardadas, em seus devidos negativos, em dezenas de fichários. Agora imagine que esses fichários estivessem todos na casa do fotógrafo. Que não é bem uma casa, mas sim um minúsculo apartamento, que nem cozinha e banheiro tem. Pois esse cenário existe. E nele reside um dos maiores fotojornalistas de todos os tempos, que é também um mestre do estilo e uma pessoa adorável.

E você pode conhecer sua história no excelente documentário Bill Cunningham – New York, que o acompanha em sua rotina clicando a moda das ruas e também conta seu passado profissional. Um filme que agrada a qualquer um, seja simpatizante da moda ou não. Isso porque, a carreira do  fotógrafo é bastante interessante e o registro histórico que faz da cidade, sensacional. Seu estilo de vida é tão importante quanto daqueles que fotografa. Dá uma olhada no quarto dele, ocupado pelos fichários de negativos, na foto aí embaixo, para ter uma ideia do figura. A obra já foi lançada há algum tempo (2011), demorei bastante para ver, até que enfim o fiz e recomendo muito que você o faça também.
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Aos 85 anos, Bill publica uma coluna semanal no site e na versão impressa do The New York Times, desde 1978, onde mostra o que coletou circulando de bicicleta pela cidade, capturando o estilo dos transeuntes. Seu olhar carrega uma estética apurada, assim como um viés antropológico. Suas fotos mostram o que há de comum entre a massa (e se pode chamar de tendência), mas também a grande diversidade de estilos, contradições que formam a personalidade de uma grande metrópole.

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O veterano fotógrafo não deixa de cobrir portas de desfiles e eventos da sociedade e do circo fashion, como fazem colegas renomados e muito bons como Scott Schuman, Garance Doré e Yvan Rodic, porém ele segue ainda mais próximo do cotidiano, verdadeiramente das ruas. Afinal, aqueles que vão às semanas de moda e afins se preparam para ser vistos, tem informação e acesso a produtos antes de todo mundo. Ou seja, estão imersos na indústria da moda e, apesar de criativos e com alto senso de estilo, não têm um ímpeto tão espontâneo ao montar uma combinação de roupas quanto um cidadão qualquer, flagrado na rua. Os fashionistas são ótimas referências de moda, contudo não geram tanta empatia e identificação com a maioria das pessoas.

Além disso, a visão de Bill do que vale um clique, de que estilo está acima da moda, de que beleza está no inusitado, no espírito que se expressa na roupa, no inovador, é muito inspirado. Seu posicionamento, como observador dos fatos, é encantador. Chega a ser excêntrico. Quando vai a um evento, não aceita nem um copo d’água, afinal, está ali a trabalho. Por anos, não recebeu salário de uma revista, se recusava, pois acreditava que o dinheiro o faria dependente das imposições editoriais e ele queria fotografar de forma livre e autoral.

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No Brasil, temos o RIOetc fazendo um trabalho muito legal de registro do estilo carioca, porém ainda acho que falta alguém que retrate mais o povo da rua. Em São Paulo, alguns veículos da imprensa fazem de vez em quando, em shows e festivais, ou pontualmente para mostrar alguma tendência, mas ainda não conheço algum fotógrafo – blog, tumblr, Instagram – bacana. Se alguém tiver um para indicar, conta aqui, por favor.

Fotos: First Thoughts Films /Zeitgeist Films

As mais bem vestidas do Globo de Ouro

Gente, esse post é praticamente uma conversa de Whatsapp. “Amiga, tá vendo o Golden Globes? Olha esse vestido da menina do 50 shades que qué isso? Morri”. Tipo assim. Tem minhas opiniões após intenso debate com as colegas. Colocarei aqui as mais belas e TENTAREI dar umas dicas que a gente pode trazer para a vida real – dentro do possível, considerando que não somos clientes da Maison Chanel (né???). Isso porque, em breve, estarei aprofundando meus conhecimentos em consultoria de estilo e estou muito me achando empolgada.

Vamos por cores, afinal, as cartelas dominantes ficaram bem definidas.

1. As prateadas
Essas lideram a lista, pois foram também minhas favoritas. E já que a melhor atriz de drama está nesse grupo e ela é musa (merecia um post especial aqui hem) e o vestido é lindo e ela nunca erra, foi a mais linda na minha opinião. E a Dakota Johnson, que daqui a um mês estará dando vida a Anastasia Steele em Cinquenta Tons de Cinza, estreou muito bem nos red carpets, toda reluzente. Metalizados vão bombar. O prata, mais fácil de usar, tanto de dia quanto de noite, deverá ser o mais visto por aí. A Zara já tem shortinho, saia… se joguem.

Julianne Moore de Givenchy – top 1 no red carpet, levou também um Globo de Ouro como melhor atriz de drama em longa-metragem.
Julianne Moore

Dakota Jonhson de Chanel – top 2
Dakota Johnson

Reese Witherspoon de Calvin Klein – tá simples, mas tá no revival minimalista, gostei. E ela vai estrelar um filme que me interessa, então estou simpatizando desde já com a moça. Dica: o tomara-que-caia valoriza o colo e, salvo mulheres com ombros muito largos, dá leveza e uma impressão de magreza, pois ressalta os ossinhos dessa parte do corpo. Muitas estrelas abusaram do modelo nesse Globo de Ouro.
Reese Witherspoon

2. As amarelas
Quem ousa vestir amarelo e fica bem, ganha meu coração. E quando são atrizes que eu gosto, it’s a match! Muito amor, viu. Amarelo é uma cor que assusta e, geralmente, é associada ao calor e à pele bronzeada. Eu sou bem branquinha e tenho dois vestidos amarelos que sempre ganham elogios, um deles é de manga comprida, usava com meia preta fio 40, no inverno. Acho que a cor é ótima e cai melhor do que as pessoas imaginam.

Leslie Mann de Kaufmanfranco, lindíssima – uma marca que nunca tinha ouvido falar, porém descobri que veste de um tudo muitas garotas em Hollywood. O slogan é  “the new sensualists”. Socorram.

Leslie Mann

Naomi Watts de Gucci, com colar MARA $$$ da Bulgari. O design de serpente é exclusivo da marca e a peça é de diamantes 76 quilates.
Naomi Watts

3. As vermelhas
Vermelho tem aparecido com muita frequência nos red carpets desde o ano passado. Sem medo de se misturar ao cenário, as atrizes estão investindo mesmo na cor. Eu acho que valoriza todos os tons de pele e dá um toque quente a persona. Em acessórios vai bem também. Todo um espanholismo sangre latino – em breve post sobre isso 🙂

Taylor Schilling de Ralph Lauren – top 5
Taylor Schilling

Jane Fonda de Versace – aos 77 anos mostra o lado exuberante da década de 90, que só o saudoso Gianni soube fazer naquele tempo.
Jane Fonda

Helen Mirren de Dolce & Gabbana – senhora elegância é seu nome
Helen Mirren

Lena Dunham de Zac Posen – mostrou que é possível fazer jus ao seu status no showbizz e se vestiu bem dessa vez
Lena Dunham

Allison Willians de Armani – amiga da Lena em Girls e na vida real, bela, de saião rodado, sem parecer um emoji
Allison Willians

4. Marsala
Jessica Lange de J. Mendel – com a cor do ano, só podia ser a mulher do ano, da década, da vida. Te amo. hahaha
Jessica Lange

5. Black & Pants
Emma Stone de Lanvin – top 3, foi de macacão, linda, gata, invejo, um dia vou ter esse cabelo. Lanvin, aliás, frequentemente veste as queridas de Hollywood como ela e Natalie Portman. Anotem aí para o dia em que forem a uma premiére hahaha. Sem brincadeira, macacão é peça para usar já! Corram. Pode ser de calça curta nesse verão de 40 graus, o macaquinho. E as duas aqui merecem um momento close no make.
Emma Stone

Emma fez um olho lindo, esfumado pesado azul escuro, com lápis Chanel Stylo Yeux Marine e combinou com um batom Revlon (ela é garota-propaganda da marca) Ultra HD na cor Iris – não tem no Brasil :(.

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Lorde de Narciso Rodriguez – top 4 e me faz botar fé na geração Z. O look todo pode ser imitado. Barriguinha à mostra pode ser um problema, mas a cintura alta ajuda na produção. Vejam que ela mostra só uma faixa de pele. Make e cabelo são tendência forte. Amo. O colar de diamantes, de 100 quilates, competindo com o da Naomi, é Neil Lane.
lorde

O batom da Lordinha não foi roxo, mas foi lindo mesmo assim. Um tom de vermelho aberto da Kat Von D, o Studded Kiss Lipstick na cor Countess (não tem no Brasil). E o cabelo bem minimalista, frente baixa e “colada”, com rabo bem liso.

Lorde  make Lorde cabelo

6. Branco, off white e afins

Kate Hudson de Versace – top 6, por que no meu ranking eu coloco quantas eu quiser. Com um design inspirado nas coleções dos anos 90 da grife italiana, Penny Lane mostrou que tá abalando 14 anos depois. Dica quente: recortes verticais e assim meio desenhando a cintura, causam ilusão de ótica mesmo, dando forma de “violão”ao corpo. Stella McCartney fez um vestido assim há algumas temporadas que vendeu que nem banana para as celebridades.
Kate Hudson

Sienna Miller de Miu Miu – ela já foi um ícone de estilo bem mais relevante. Ultimamente tá meio sem graça. Porém, esse vestido era diferente, tinha fofura, tinha sensualidade, era cool. Ponto para ela.
Sienna Miller

Jemima Kirke de Adam Lippes– sei que vai gerar controvérsias, mas gostei do look space oddity. A atriz de Girls é divertida, jovem, moderna, tinha que vestir algo edgy sem ser forçado. O red carpet precisa de mais emoção desde Bjork.
Jemima Kirke

7. Estampadas
Lupita Nyong’o de Giambattista Valli – eu vi que a internet já achou um Bom Ar parecido com o vestido, mas gostei. A cor favorece, o modelo tem aplicações, pregas, movimento, graça. A mulher mais bem vestida de 2014 (segundo um monte de publicções especializadas em moda) continua com bom desempenho.
Lupita Nyong’o

Ana Kendrick de Monique Lhuillier – com uma cartela de cores que passa pelo Marsala, o modelo tem glamour, pouco visto esse ano, vestiu bem e combinou com o estilo da atriz. Mostrou que as petites também podem ficar belas em vestidos com saia mais aberta e volumosa. O decote em V alonga o tronco e a cintura marcada com um adereço fino ajuda a verticalizar e afinar a silhueta.
Anna Kendrick

Bom, acho que é isso. Não! Falta dizer o que não fazer. Nunca, nunca isso:

Keira Knightley de Chanel – se tiver oportunidade de usar um Chanel em um tapete vermelho, faça como a fofíssima do Cinquenta Tons de Cinza: escolha o mais bonito. Errar com um CHANEL é perder o bilhete da loteria. E meu coração se partiu ao ver essa coisa com gola de palhaço que ela vestiu. Ainda mais, porque a atriz sempre aparece tão bela. WTF?
Keira Knightley

Fotos: Getty Images Jason Merritt e John Shearer/Invision/AP

Três dicas rápidas: um filme, um bar e um batom (wtf?)

Volto com três dicas diretas e retas para você fazer ou adotar já. Nesse fim de semana, quem sabe? Dessa vez, misturo os temas.

Nos cinemas: Relatos Selvagens é uma produção da El Deseo de Pedro Almodóvar, com direção e roteiro do argentino Damián Szifron, também responsável pelo consagrado O Filho da Noiva. Ricardo Darín, o competente e onipresente ator argentino, está no elenco. Só pelas credenciais já dá vontade de assistir. E não decepciona. Na Argentina, foi a maior bilheteria do ano, com três milhões de espectadores e tornou-se o candidato ao Oscar pelo país. Porém, não espere um filme sensível e doce como o anterior do cineasta, esse é puro humor negro. E tem coisas bem pesadas. Mas, é maravilhoso. Eu assisti depois de um clima acirrado de eleições presidenciais e dois dos contos (o longa é composto de várias histórias curtas), me fizeram pensar bastante na bipolaridade maligna que pairava no ar. Fora desse tema, contudo, para quem quiser saber, a história que mais me cativou foi a final, sobre uma festa de casamento ~  love is a battlefield~. Aqui está o trailer. Eu recomendo ir ao cinema sem ver nada, mas, fica por sua conta:

Para beber e comer em São Paulo: Cão Véio (Rua João Moura, 871 – Pinheiros), bar do chef Henrique Fogaça, mais famoso agora por ser um dos jurados do programa Masterchef, que vai ao ar na Band, às terças-feiras. Porém, o que importa é que o bar é ótimo. Eu fui em uma quinta-feira e estava cheio. Apesar disso, demorei uns 20 minutos para sentar, algo que em São Paulo não é muito tempo. A hostess e os garçons foram muito atenciosos e tudo veio rápido. Vale ressaltar que a carta de cervejas é extensa e tem excelentes opções. E, sendo um estabelecimento de um chef, o cardápio tem sanduíches e pratos caprichados, mas sem frescura. Aliás, toda a ambientação é uma coisa meio despretensiosa, meio punk, tipo vamos comer e beber bem, sem gourmetização. Total a cara do dono. Sugiro pedir a Fogaça (American) Pale Ale, cerveja da casa, e as batatas doces fritas com maionese não-sei-do-quê, que eram ótimas. Fogaça também é proprietário do Admiral’s Place, outro bar muito bacana, que parece um clube do uísque e serve drinks preparados impecavelmente, e do Sal Gastronomia, restaurante que não conheço.

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Para arrasar: Se você quiser ir ao cinema, depois tomar uma cerveja no Cão Véio e ainda assim continuar gata e com o batom quase irretocável, aposte no Damn Glamorous da nova linha Matte da MAC. É um vermelho belo, de rica, de Marilyn. Achei menos seco que os da linha Matte anterior, fica colado na boca, mas não é esfarelento. Vende na loja online da MAC aqui. Tá meio fora de propósito falar de batom entre essas dicas? Who cares? Eu comprei há pouco tempo e tô apegada <3

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Três dicas rápidas de filmes

Tem fins de semana que o que interessa é ver um bom filme e deixar os drinks de lado. Eu, muitas vezes, fico perdida sem saber o que escolher, olhando para as opções do Guia da Folha ou para o catálogo do Netflix. Então, imaginando que existem outras pessoas que passam por isso, pensei que essa “modalidade” de post pode ajudar alguém.

Tem uma opção nos cinemas, outra no Netflix e mais uma no Now. Em comum, todas têm romance e casais de protagonistas que dão show de atuação. Também tenho a impressão de que as três produções passaram meio batidas no quesito divulgação e nem todo mundo ouviu falar, portanto, são boas dicas.

Em cartaz: Mesmo Se Nada Der Certo (John Carney, 2013)
Filme mega fofo, divertido, romântico e inspirador. Daqueles que você sai do cinema feliz. Tem Keira Knightley e Mark Ruffalo nos papéis principais. Ela é uma compositora com o coração partido e ele um produtor musical que acabou de perder a sociedade em um selo de música. Se encontram para descobrir, por meio da música, um novo caminho na vida. Keira solta a voz de verdade no filme e não faz feio. E, como bônus muito bem-vindo, Adam Levine faz o papel do músico hipster que deu o pé na Keira. Só de ver Ruffalo homeless e Levine de barba já valeria o ingresso 😉
BuzzFoto Celebrity Sightings In New York - June 29, 2012

No Netflix: Sentidos do Amor (David Mackenzie, 2011)
Um vírus está atacando toda a população mundial e acabando com o ofalto das pessoas. Antes desse sentido sumir, o primeiro sintoma é um surto de melancolia profunda. Esse cenário bizarro é o pano de fundo para a história de amor entre uma médica epidemiologista, que está estudando o caso, vivida por Eva Green, e um chef de cozinha, que usa, por motivos óbvios, o olfato em sua profissão, interpretado por Ewan McGregor. Pessoalmente, adoro enredos de caos e fim do mundo, tipo Extermínio e Filhos da Esperança, e acho que com um toque british são melhores ainda. Não à toa, Sentidos do Amor, uma produção britânica, me pegou. Além do interessante plotline sci-fi, o romance apresentado é belíssimo. Tem paralelos com Ensaio Sobre a Cegueira. Eu gostei 🙂
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No Now (Net): Refém da Paixão (Jason Reitman, 2013)
Do diretor de filmes que eu amo – Juno, Amor Sem Escalas e Jovens Adultos -, esse longa não decepcionou. Porém, o tom é um pouco mais denso que em suas obras anteriores. Kate Winslet (diva) é uma mulher divorciada e depressiva que vive com o filho adolescente e se apaixona por um presidiário fugitivo (Josh Brolin). Um filme delicado e profundo, uma combinação que pode parecer contraditória mas é alcançada aqui.
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Amantes Eternos – Adão e Eva sobrevivem

I’m sick of it — these zombies, what they’ve done to the world, their fear of their own imaginations

Maravilhoso. Vampiros e rock’n’roll, como não gostar? O filme  Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive), de Jim Jarmusch, que está em cartaz, já é um dos meus prediletos do ano. Ou da vida.

Adam, interpretado por Tom Hiddleston, é um vampiro muito velho, não sabemos exatamente sua idade, mas ele pode ter sido Shakespeare e apenas mudou de nome. Ele pode ter dado um arranjo a Schubert, que levou a fama em seu lugar. Hoje, é um rock star que vive recluso, mas ainda compõe. Deprimido com a falta de imaginação do mundo, povoado por humanos – ou zumbis, como ele nos chama – que somente destroem e sugam os recursos aqui existentes, busca conforto em sua mulher, Eve, personagem da musa weirdo Tilda Swinton. Os dois vivem separados, mas Eve, que está em Tanger, decide ir até Adam, que mora em Detroit. Cidade esta, aliás, que foi protagonista da crise financeira de 2008, quando os EUA atingiram recordes no nível de desemprego, berço das montadoras, por sua vez um grande símbolo da explosão industrial no começo do século XX.

Não por acaso, esse é o pano de fundo para um enredo que nos mostra o quão decadentes podemos nos tornar, contrastando a todo momento o passado brilhante de gênios da literatura e da música com o presente medíocre de uma cidade que foi devastada pela crise econômica.

O casal se diz fã de Jack White, nascido em Detroit, um compositor atual e talentoso. Seria Jack humano ou vampiro? Fica no ar. Assim como outras alusões a grandes nomes das artes e da ciência, como Byron e Einstein. O desengano de Adam com a falta de imaginação humana talvez seja apenas uma referência a nossa autodepreciação inata. Uma necessidade de autoafirmação e uma ânsia por fazer algo memorável em vida e, assim, tornar-se imortal por meio de realizações extraordinárias. Para mim, Adam e Eve são um alterego dos humanos e não uma metáfora.

E, voltando ao casal da Genesis, apesar de a todo momento ter uma postura cínica e cética diante do mundo, ele nos revela na força de sua união e na integridade de suas ações perante às adversidades que o amor faz a grande roda girar. No colegial (era assim que chamava nos anos 90, tá?),  meu professor de literatura sempre fazia a mesma pergunta em TODAS as provas, para nos fazer fixar as diferenças entre os gêneros literários: o amor vence no final? Quando o livro em questão era do romantismo, a reposta era SIM. Mesmo que o casal protagonista tivesse morrido ou se separado. Os sentimentos e os ideiais são a grande força. Acho que é o caso aqui. E Jarmusch já nos dá essa pista nos nomes dos personagens e do próprio filme, sem falar nas citações a expoentes do movimento, neam?

Ah, e vale uma recomendação também para a trilha sonora: Clique aqui para ouvir, descolei ela inteirinha por streaming 😉

E, por fim, não me foi solicitado, mas deixo aqui indicações de filmes de vampiro, por ordem de preferência.

Deixa ela entrar (Tomas Alfredson, 2008)

Filme sueco, crianças vampiras, diferente de tudo que você já viu e lindo <3.  Veja o trailer aqui.

deixa-ela-entrar

 

Entrevista com o Vampiro (Neil Jordan, 1994)

Memória afetiva mode on. Anos 90, galãs em início de carreira (alguém lembrou de Crepúsculo?). Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater e Kirsten Dunst. Veja o trailer aqui.

entrevista com o vampiro

 

Fome de Viver (Tony Scott, 1983)

David Bowie, Susan Sarandon e Catherine Deneuve. Sem Mais. Veja o trailer aqui.

fome de viver