Três dicas rápidas para ouvir nesse verão

Não se trata de Jack Johnson. As músicas e artistas não têm muito a ver com a estação, não remetem a sol, praia, piscina ou a uma preguiçosa rede. Bom, um dos clipes tem um clima agradável de verão sim, mas só isso. Uso o termo aqui mais para designar a temporada em que farão sucesso. Na minha playlist, pelo menos. Ficam as sugestões. Coincidentemente, todas trazem compositores para os holofotes.

1. Sia – Elastic Heart
Conheci essa cantora australiana, Sia, por indicação da minha amiga Fernanda – obrigada, querida! Sia tem uma carreira de 14 anos, porém só alcançou fama internacional quando se uniu a David Guetta para compor Titanium e a Flo Rida para fazer Wild Ones. Soa familiar? 😉

A australiana me ganhou quando fui apresentada ao clipe de Chandelier. Nele, uma garotinha de peruca platinada arrebenta de dançar. E é isso do começo ao fim. A cantora se encantou com a menina após tê-la visto no divertido reality show Dance Moms e a convidou para estrelar o vídeo. A bailarina prodígio mandou tão bem, que foi convocada para uma trilogia de videoclipes. O de Elastic Heart, o segundo e da música que acho que vai bombar, conta ainda com Shia LaBeouf que, com ou sem polêmicas no Twitter, é um ator bastante interessante. A dupla interpreta um embate visceral entre os alter egos de uma pessoa. Coloco os dois vídeos abaixo. Aguardo ansiosamente o terceiro. É um som para ouvir antes da balada, se maquiando. Ou quando estiver bem cansada do boy lixo.

Chandelier

Elastic Heart

2. Karen O – Day Go By
Essa é outra que um dia ganha um post especial como musa deste blog. Day Go By é uma canção que tem o embalo suave e sentimental de suas obras mais recentes, diferente da pegada energética no vocal do Yeah Yeah Yeahs, ainda assim tão bom quanto. Com as composições para trilhas sonoras – The Moon Song para o filme Ela e diversas faixas para Onde Vivem Os Monstros – e seu primeiro álbum solo – Crush Songs – Karen vem demonstrando a excelência de sua capacidade musical.

O clipe de Day Go By tem uma fotografia linda, uma luz de verão, um ar de férias, de romance sob temperaturas altas, música para ouvir apaixonada.

Day Go By

Foi dirigido por um casal superjovem, ela é Wanessa, americana-brasileira de 19 anos, ele Wilson, 20, francês, ambos criados em Miami e hoje morando em Nova York. Profissionalmente respondem pela alcunha de Wiissa. Em uma dica musical, você ganha também uma artística: vale acompanhar o trabalho da dupla, bem moderno, bem normcore e geração Z.

3. Mark Ronson e Bruno Mars – Uptown Funk
Olhaaa, nunca pensei que indicaria Bruno Mars no blog, essa tentativa de Michael Jackson frustrada. Porém, a música é boa mesmo. A qualidade foi alcançada graças ao produtor-magya Mark Ronson, o mesmo que trabalhou com Amy Winehouse no álbum Back to Black. Ronson compôs e produziu, Bruno só canta. O ritmo é bem groovy, funky, lembra bastante o Michael das antigas, afinal é mesmo um tributo da dupla ao R&B dos anos 80, e faz jus. Aposto que vai ser a “Get Lucky de 2015”, animando festas, baladas, churrascos e aniversários. Não à toa, está há cinco semanas no topo da parada britânica e lidera o número de streamings com 2, 45 milhões de execuções.

Além do clipe, vou colocar uma foto do Mark para reforçar como vale a pena ficar de olho em tudo dele o que ele faz. Numa analogia tosca, o moço é tipo um Pharrell Willians britânico, o que toca vira ouro, onde aparece, chama atenção.

Gato
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Uptown Funk

A faixa faz parte do recém-lançado álbum Uptown Specials, para o qual Mark chamou colaboradores de peso como Stevie Wonder e Kevin Parker do Tame Impala. E a obra está todinha no Spotify:

De nada 🙂

Fotos: Instagram do Mark Ronson e Facebook da Karen O

Musa para ouvir

Compartilho uma playlist com as minhas músicas preferidas da Stevie Nicks, do tempo do Fleetwood Mac e da carreira solo. Já leu o post sobre a minha musa atual? Saiba tudo sobre ela e se inspire com a fada madrinha do rock – Taylor, Florence, Sky e Alexa a têm como ícone e referência ….

As mais bem vestidas do Globo de Ouro

Gente, esse post é praticamente uma conversa de Whatsapp. “Amiga, tá vendo o Golden Globes? Olha esse vestido da menina do 50 shades que qué isso? Morri”. Tipo assim. Tem minhas opiniões após intenso debate com as colegas. Colocarei aqui as mais belas e TENTAREI dar umas dicas que a gente pode trazer para a vida real – dentro do possível, considerando que não somos clientes da Maison Chanel (né???). Isso porque, em breve, estarei aprofundando meus conhecimentos em consultoria de estilo e estou muito me achando empolgada.

Vamos por cores, afinal, as cartelas dominantes ficaram bem definidas.

1. As prateadas
Essas lideram a lista, pois foram também minhas favoritas. E já que a melhor atriz de drama está nesse grupo e ela é musa (merecia um post especial aqui hem) e o vestido é lindo e ela nunca erra, foi a mais linda na minha opinião. E a Dakota Johnson, que daqui a um mês estará dando vida a Anastasia Steele em Cinquenta Tons de Cinza, estreou muito bem nos red carpets, toda reluzente. Metalizados vão bombar. O prata, mais fácil de usar, tanto de dia quanto de noite, deverá ser o mais visto por aí. A Zara já tem shortinho, saia… se joguem.

Julianne Moore de Givenchy – top 1 no red carpet, levou também um Globo de Ouro como melhor atriz de drama em longa-metragem.
Julianne Moore

Dakota Jonhson de Chanel – top 2
Dakota Johnson

Reese Witherspoon de Calvin Klein – tá simples, mas tá no revival minimalista, gostei. E ela vai estrelar um filme que me interessa, então estou simpatizando desde já com a moça. Dica: o tomara-que-caia valoriza o colo e, salvo mulheres com ombros muito largos, dá leveza e uma impressão de magreza, pois ressalta os ossinhos dessa parte do corpo. Muitas estrelas abusaram do modelo nesse Globo de Ouro.
Reese Witherspoon

2. As amarelas
Quem ousa vestir amarelo e fica bem, ganha meu coração. E quando são atrizes que eu gosto, it’s a match! Muito amor, viu. Amarelo é uma cor que assusta e, geralmente, é associada ao calor e à pele bronzeada. Eu sou bem branquinha e tenho dois vestidos amarelos que sempre ganham elogios, um deles é de manga comprida, usava com meia preta fio 40, no inverno. Acho que a cor é ótima e cai melhor do que as pessoas imaginam.

Leslie Mann de Kaufmanfranco, lindíssima – uma marca que nunca tinha ouvido falar, porém descobri que veste de um tudo muitas garotas em Hollywood. O slogan é  “the new sensualists”. Socorram.

Leslie Mann

Naomi Watts de Gucci, com colar MARA $$$ da Bulgari. O design de serpente é exclusivo da marca e a peça é de diamantes 76 quilates.
Naomi Watts

3. As vermelhas
Vermelho tem aparecido com muita frequência nos red carpets desde o ano passado. Sem medo de se misturar ao cenário, as atrizes estão investindo mesmo na cor. Eu acho que valoriza todos os tons de pele e dá um toque quente a persona. Em acessórios vai bem também. Todo um espanholismo sangre latino – em breve post sobre isso 🙂

Taylor Schilling de Ralph Lauren – top 5
Taylor Schilling

Jane Fonda de Versace – aos 77 anos mostra o lado exuberante da década de 90, que só o saudoso Gianni soube fazer naquele tempo.
Jane Fonda

Helen Mirren de Dolce & Gabbana – senhora elegância é seu nome
Helen Mirren

Lena Dunham de Zac Posen – mostrou que é possível fazer jus ao seu status no showbizz e se vestiu bem dessa vez
Lena Dunham

Allison Willians de Armani – amiga da Lena em Girls e na vida real, bela, de saião rodado, sem parecer um emoji
Allison Willians

4. Marsala
Jessica Lange de J. Mendel – com a cor do ano, só podia ser a mulher do ano, da década, da vida. Te amo. hahaha
Jessica Lange

5. Black & Pants
Emma Stone de Lanvin – top 3, foi de macacão, linda, gata, invejo, um dia vou ter esse cabelo. Lanvin, aliás, frequentemente veste as queridas de Hollywood como ela e Natalie Portman. Anotem aí para o dia em que forem a uma premiére hahaha. Sem brincadeira, macacão é peça para usar já! Corram. Pode ser de calça curta nesse verão de 40 graus, o macaquinho. E as duas aqui merecem um momento close no make.
Emma Stone

Emma fez um olho lindo, esfumado pesado azul escuro, com lápis Chanel Stylo Yeux Marine e combinou com um batom Revlon (ela é garota-propaganda da marca) Ultra HD na cor Iris – não tem no Brasil :(.

emma make

Lorde de Narciso Rodriguez – top 4 e me faz botar fé na geração Z. O look todo pode ser imitado. Barriguinha à mostra pode ser um problema, mas a cintura alta ajuda na produção. Vejam que ela mostra só uma faixa de pele. Make e cabelo são tendência forte. Amo. O colar de diamantes, de 100 quilates, competindo com o da Naomi, é Neil Lane.
lorde

O batom da Lordinha não foi roxo, mas foi lindo mesmo assim. Um tom de vermelho aberto da Kat Von D, o Studded Kiss Lipstick na cor Countess (não tem no Brasil). E o cabelo bem minimalista, frente baixa e “colada”, com rabo bem liso.

Lorde  make Lorde cabelo

6. Branco, off white e afins

Kate Hudson de Versace – top 6, por que no meu ranking eu coloco quantas eu quiser. Com um design inspirado nas coleções dos anos 90 da grife italiana, Penny Lane mostrou que tá abalando 14 anos depois. Dica quente: recortes verticais e assim meio desenhando a cintura, causam ilusão de ótica mesmo, dando forma de “violão”ao corpo. Stella McCartney fez um vestido assim há algumas temporadas que vendeu que nem banana para as celebridades.
Kate Hudson

Sienna Miller de Miu Miu – ela já foi um ícone de estilo bem mais relevante. Ultimamente tá meio sem graça. Porém, esse vestido era diferente, tinha fofura, tinha sensualidade, era cool. Ponto para ela.
Sienna Miller

Jemima Kirke de Adam Lippes– sei que vai gerar controvérsias, mas gostei do look space oddity. A atriz de Girls é divertida, jovem, moderna, tinha que vestir algo edgy sem ser forçado. O red carpet precisa de mais emoção desde Bjork.
Jemima Kirke

7. Estampadas
Lupita Nyong’o de Giambattista Valli – eu vi que a internet já achou um Bom Ar parecido com o vestido, mas gostei. A cor favorece, o modelo tem aplicações, pregas, movimento, graça. A mulher mais bem vestida de 2014 (segundo um monte de publicções especializadas em moda) continua com bom desempenho.
Lupita Nyong’o

Ana Kendrick de Monique Lhuillier – com uma cartela de cores que passa pelo Marsala, o modelo tem glamour, pouco visto esse ano, vestiu bem e combinou com o estilo da atriz. Mostrou que as petites também podem ficar belas em vestidos com saia mais aberta e volumosa. O decote em V alonga o tronco e a cintura marcada com um adereço fino ajuda a verticalizar e afinar a silhueta.
Anna Kendrick

Bom, acho que é isso. Não! Falta dizer o que não fazer. Nunca, nunca isso:

Keira Knightley de Chanel – se tiver oportunidade de usar um Chanel em um tapete vermelho, faça como a fofíssima do Cinquenta Tons de Cinza: escolha o mais bonito. Errar com um CHANEL é perder o bilhete da loteria. E meu coração se partiu ao ver essa coisa com gola de palhaço que ela vestiu. Ainda mais, porque a atriz sempre aparece tão bela. WTF?
Keira Knightley

Fotos: Getty Images Jason Merritt e John Shearer/Invision/AP

Musa: Stevie Nicks

Em 2014, ela voltou para o mainstream de uma forma avassaladora. Para escrever esse post, que vai tratar do estilo visual e de expressão da musa, fui pesquisar sobre sua vida, claro, e fiquei bastante impressionada com o quanto ela está em evidência. Stevie Nicks acabou de lançar um álbum solo e está em turnê – sold out – com sua banda dos anos 70, o Fleetwood Mac, o que ajuda a melhorar a exposição na mídia, mas não é só isso. São citações nos mais variados tipos de matérias e não apenas sobre seu trabalho, elogios extremados vindos de celebridades e espaços de destaque em programas populares nos EUA, como o Tonight Show e a série American Horror Story.
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Ela nunca saiu de cena totalmente, porém o momento favoreceu o reemergir dessa mulher poderosa, que carrega além de muitas vitórias ganhadas com suor e desgaste do gogó, uma aura mística.

Glee – Landslides (2010) – Stevie foi até o set acompanhar a performance de Gwyneth Paltrow fazendo cover de sua música

American Horror Story – Seven Wonders (2014) – a musa participou da terceira temporada da série
https://www.youtube.com/watch?v=7-VdFrmv53k

Vivemos uma era de um despertar feminino, acredito eu, em que, finalmente, a maioria se vê como igual em uma sociedade ainda cheia de ranços patriarcais. Além disso, a cultura pop passou a destacar artistas por sua autenticidade e seu legado, na medida em que a indústria deixou de valorizar apenas o novo e o jovem. Suas músicas, principalmente da época do Fleetwood Mac, são clássicos que agradam o atual gosto Normcore. Nesse contexto, Stevie parece se encaixar perfeitamente.

Nicks tem um brilho que vem de dentro e emana, envolvendo os demais a sua volta. Sua história mostra que sucesso vem do trabalho, mas também de incorporar sentimentos à carreira, indo além de apenas lapidar emoção em arte – vide sua atribulada história amorosa, como conta a blondenoir. Além disso, a bruxa sabe que o poder aumenta na irmandade e sempre carregou consigo um clã de moças talentosas. Pergunte a Courtney Love, Sky Ferreira, Tavi Genvinson, Florence Welch e às irmãs Haim. Talento, portanto, não é nada sem magia. Rock on, gold dust women!

Stevie e as irmãs Haim
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Bom, uma rainha do rock desse calibre só pode ser um ícone de moda. E sua estrela se reflete no estilo de suas pupilas, assim com nas coleções de marcas de roupas que abusam da pegada Boho. Nicks, contudo, não usa designers famosos. Desde o começo de sua carreira, se mantém fiel ao estilista Margi Kent e gosta de buscar peças em brechós e mercados de pulga. “Eu não queria me parecer com ninguém, por isso nunca procurei os grandes designers” (Marie Claire, 2014), explica a cantora.
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Cabelo de leoa, chapeus, plataformas, renda, chiffon, xales, tecidos esvoaçantes, mangas-morcego, bocas de sino e babados marcam seu visual. Ela diz que o misticismo sempre fez parte de seu trabalho e, portanto, de seu figurino: “Há muito tempo, decidi que teria uma presença mística, então fiz minhas roupas, botas, meu cabelo, todo meu ‘eu’ nessa linha. Eu sempre acreditei em bruxas do bem e não em bruxas más ou fadas ou anjos” (Interview, 1998).
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stevie mangao
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Xales e echarpes que possam se expandir no palco, como asas, tecidos leves e vestidos com pontas que criam uma imagem etérea são usados para aumentar sua figura “assim todos podem me ver até lá no fundo das arenas de shows”, (Harper’s Bazaar, 2013). Uma cantora da safra atual que imita declaradamente esse artifício é a Florence Welch, do Florence And The Machine. E o estilo de Stevie inspira muitas outras mocinhas do showbizz. Veja algumas delas:
Florence Welch
florence no palco
florence de branco

Courtney Love
Courtney Love Performs At The 1 Year Anniversary Of VINYL In Las Vegas

Sky Ferreira
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 UPDATE: A Supergingerfreak me mostrou esse vídeo da Alexa Chung cantando Blue Denim e não pude resistir em colocá-la aqui entre as pupilas da Stevie. A inglesa pode até não ter o estilo mais boho do mundo, mas o filme promove a linha de jeans que desenhou para a marca do estilista Adriano Goldschmied, ou seja, a bela acha que a vibe de Stevie ajuda a criar a imagem de moda necessária para vender suas peças. Alexa explicou em entrevista que a coleção traz o guarda-roupa jeans de seus sonhos, com peças inspiradas na estética do fim dos anos 60 e começo dos 70. Então, sim, ela se demonstra fã da musa, né?

Uma curiosidade: Stevie mantém seus vestidos mais importantes guardados em uma sala com temperatura controlada. Talvez calculadamente, uma vez que seu figurino vem servindo de referência para a indústria da moda há algum tempo. Quem sabe um dia pode ser exposto? Entre as coleções mais recentes inspiradas na cantora, está a de outono 2014 do estilista Michael Kors. Philip Lim e Jill Stuart também já desfilaram modelos inspirados na diva. Ela é musa ainda da Anna Sui, que já a apontou algumas vezes como referência de suas criações.

Phillip Lim 3.1 outono 2008
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Michael Kors outono 2014
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Jill Stuart outono 2009
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Anna Sui primavera 2014
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Um de seus assessórios-assinatura é o colar com pendente de lua, que não tira do pescoço e também distribui para todas as suas pupilas, as “sisters of the moon” (as irmãs Haim ganharam os seus). O símbolo é de uma lua crescente e, apesar de Stevie nunca ter explicado o que isso significa, sabe-se que é da Deusa e da feminilidade, assim como do poder em constituição, na crença Wicca. Em “Bella Donna,” uma de suas composições, a letra diz “The lady feels like the moon that she loves…Don’t you know that the stars are a part of us?”.
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A legião de fãs de Stevie Nicks alimenta referências fugazes em lojas fast-fashion e também sites como gypsymoon.com e enchantedmirror.com, que oferecem chapéus, acessórios e xales como os dela. Com o perfume 70’s que a moda atual ganhou, basta um pouco de ousadia para dar mais graça na produção e quem sabe sair por aí mais poderosa, no sentido denotativo 😉
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Fotos: Marie Claire, Huffington Post, NYTMagazine, Harper’s Bazaar, 21leme e Style.com.

Três dicas rápidas do que usar em 2015

Adeus ano velho, chega mais 2015! Vou aproveitar o ensejo e mostrar algumas coisas que devem pegar no próximo ano. Até porque, se a gente não usa esse tipo de gancho nessa época, ninguém lê porcaria nenhuma.

De toda forma, truques para ganhar cliques à parte, fiz escolhas que acredito que estão começando a despontar e são legais. Eu, pelo menos, vou adotar. 😉

Vários brinquinhos combinados com um brincão: acho que todas as minhas amigas têm mais de um furo na orelha. Nos anos 90 era de lei. E como essa década voltou com tudo… já vi fashionistas que sigo no Instagram aderindo. Hoje em dia, as lojas de bijuterias fast-fashion até vendem brincos que é só encaixar no lóbulo, para dar o truque. Bom, eu sou a favor de ser autêntica, então, daria um pulo na farmácia.
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Rímel colorido: se em 2014 a moda foi brincar de deixar o cabelo parecido com um arco-íris, agora a onda vai ser colorir os cílios. Para ilustrar, escolhi a cor  mais trendy de todas, a marsala, que foi a eleita de 2015 pela Pantone. Esse rímel aí da foto, aliás, é parte de uma coleção de make oficial da Pantone, feita em parceria com a Sephora. Já está à venda nos EUA e não há informação se chega nas lojas daqui. A cor é a do vinho de mesmo nome, de procedência italiana, que tem um tom marrom-avermelhado. Acho que logo logo vai dar para encontrar versões à venda em uma loja próxima. Se tiver a fim de adquirir um já, a Vult foi a marca nacional que encontrei com mais produtos em cores inusitadas. A Givenchy lançou uma coleção de mascáras com várias tonalidades, mas, por enquanto, só chegou a azul aqui. A Quem Disse Berenice tem verde e azul. A Avon tem azul e roxa. Espero que as fabricantes e revendedoras de maquiagem corram para aderir à tendência e nos ofertar mais opções 🙂
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Anos 70: se o minimalismo e o Normcore são tendências fortes no momento, as sobreposições, a profusão de acessórios, as sandálias rebuscadas e as estampas coloridas dos anos 70 são um contraponto e um alívio para aqueles que gostam de mais emoção no look. Há algumas temporadas que coleções têm vindo com toques dessa década: acentos hippie, disco, cigano e até um pouco de bruxismo – falarei sobre um ícone desse estilo em breve… Então, pode se jogar nas pantalonas, tecidos fluidos, batas, vestidos floridos, xales e quimonos. E deixe o cabelo crescer.
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Anna Sui, primavera 2014

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Etro, primavera 2015

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Paul&Joe, primavera 2015

*Fotos: Style.com e Pantone

Lisboa, como é boa

Cidade especial. Cada canto lembra algum lugar do Brasil: uma rua de bares que parece São Paulo, uma ladeira de casas coloridas como as de Olinda, um largo aberto com os do centro do Rio de Janeiro… mas, só lembra por que de igual mesmo não tem muita coisa. Talvez as pedrinhas da calçada.

O ideal é ficar lá muitos dias. Conheço pessoas que inclusive resolveram passar alguns anos. Porém, sei que a maioria vai para aproveitar as férias, então, sugiro no mínimo quatro dias inteiros. Isso, sem contar passeios para as vizinhas Cascais, Estoril e Sintra.

Onde ficar: Hotel Botânico (Rua Mãe D’água, 16-20). É ok, funciona, tem café da manhã, é bem localizado, mas não é bonito. Esse foi o que eu fiquei. Como outras capitais europeias, Lisboa tem preços mais caros de hospedagem se comparada a outras cidades, então não é tão simples achar um bom custo-benefício. O Airbnb pode ser uma saída. Nele, você procura apartamentos ou quartos nas casas das pessoas e negocia um preço que costuma ficar mais baixo do que na indústria hoteleira. E, muitas vezes, acaba sendo uma experiência superagradável.

Por onde turistar:
Lisboa Baixa: Largo do Rossio, Rua Augusta, Praça do Comércio. Essa é a parte, ÓBVIO, baixa da cidade. É também o centro fervilhante, onde todo mundo caminha rápido, sabe? Os restaurantes daqui são, em sua maioria, pega-turista. Vá até a área do Chiado ou se guie pelo Trip Advisor (tem app para o celular) para encontrar onde comer. O legal nessa área é passear a esmo, observar a arquitetura, entrar nas mil lojinhas de artesanato, louças e afins.
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Souvenirs que podem ser encontrados nas lojas do Baixo Lisboa

Por ali também ficam os Armazéns do Chiado, ótimos para fazer compras, sobre os quais falarei mais abaixo. Tem também a rua homônima a nossa aqui de São Paulo, a Augusta. Só que essa é mais comportada, praticamente ocupada pelo comércio. Tem Zara, H&M, Mango… termina na Praça do Comércio, um belo largo com vista para o Tejo, que mais parece um mar. Se você for seguindo pela margem do rio, chega até a zona do Cais do Sodré, e no caminho passa por bares gostosos de sentar e por um “jardim” estilizado feito por um artista local. É um passeio legal, que pode ser feito de bicicleta.
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Rua Augusta

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Bonde que liga a parte baixa à alta
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“Jardim” na margem do Tejo

Antes disso, sugiro parar no MUDE (Museu do Design e da Moda) que fica na Augusta. A entrada é grátis. Tem um acervo bem bacana, que vai de Pucci a irmãos Campana, e sempre tem alguma exposição extra. Eu vi uma do André Saraiva, artista português moderno, que faz instalações baseadas na cultura pop e no grafite. Gostei bastante.
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Fachada do museu

Zona do Porto – Cais do Sodré: essa é a região próxima ao porto. Hoje, já não é tão movimentada por conta do comércio hidroviário, mas sim, por conta da vida gastronômica e noturna que surgiu por lá. Tem também uma importante estação de trem e metrô, de mesmo nome, com interligações para várias áreas da cidade. O Mercado da Ribeira, centro de comercialização de alimentos tradicional da cidade, foi reformulado e hoje abriga estandes de chefs renomados, assim como de restaurantes e doçarias. Imperdível! Lá perto também fica a rua cor-de-rosa, cujo pavimento é pintado nesse tom, cheia de baladas, que ferve depois das 23h.
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Rua cor-de-rosa

Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém: essas duas atrações estão bem próximas, por isso tome o trem (elétrico 15E) que sai da Praça da Figueira e vá às duas no mesmo dia. Uma dica: a estação Belém fica próxima à Pastelaria de Belém e não à Torre de Belém. Para chegar à Torre, desça na estação Mosteiro dos Jerónimos. Ou desça antes, coma uns três pastéis e vá andando 😉 A Torre e o Mosteiro são obras arquitetônicas impressionantes. E foi da Torre que Cabral saiu para descobri o quê? Pois é, tem que ir e comer o pastel, que também é uma obrigação cultural em Portugal, não custa reforçar.
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Mosteiro dos Jerónimos

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Torre de Belém

Chiado e Bairro Alto: você pode chegar até essa região andando desde a parte baixa, mas, obviamente, terá que ter força nas canelas. Caso prefira, pegue o metrô e desça nas estações de mesmos nomes ou tome um taxi. Taxi não sai tão caro em Lisboa. Esses são bairros cheios de bares e restaurantes. Alguns lugares que valem uma passada: 1. Cervejaria Trindade (Rua Nova da Trindade 20 C), que era um convento e hoje serve cervejas e iguarias culinárias tradicionais muito boas. Os doces são feitos lá e são divinos. Aproveite para sair um pouco dos pastéis e peça um mousse de chocolate ou um pavê. Eles também são craques em mousses em Portugal, gente, descobri isso lá. Olha, se eu não voltei com diabetes foi por que Deus não quis, viu? 2. O Café A Brasileira (Rua Garrett 120) foi fundado em 1905 e vendia o melhor café brasileiro. Não fazia muito sucesso por lá até que virou ponto de encontro de grandes poetas, escritores e intelectuais da época. Na frente, tem uma estátua do Fernando Pessoa, ótima para fazer aquela foto de turista. 3. A Livraria Bertrand Chiado (Rua Garrett, 73-75) é a mais antiga do mundo em atividade. Fundada em 1732, ainda tá lá e registrada no Guinness Book. Eu fiz essa foto fofa do cachorro que não mostra nada, mas tudo bem.
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Cervejaria Trindade

Onde comer: Mercado da Ribeira, Cervejaria Trindade, Pastelaria de Belém e restaurantes do José Avillez- Café Lisboa, Belcanto e Mini Bar.

O Mercado da Ribeira é maravilhoso! Tem opções para todos os gostos. E também dá para comprar quitutes para trazer pro Brasil. Eles estão super acostumados com isso, embalam a vácuo e tals. Dá para trazer queijo da Serra da Estrela, bombons de vinho do Porto, presunto de belota, vinhos, tem noção!? Bom, conto o que comi para ajudar na decisão de alguém, quem sabe? Experimentei o porco confitado, a salada de polvo e o cuscuz do Henrique Sá Pessoa, o menu degustação de cinco pratos da Marlene Vieira e o mousse de chocolate da Nós é Mais Bolos, cujo pão de ló também é de comer chorando. Sai por volta de 2o e poucos euros uma entrada, um prato, uma taça de vinho e uma sobremesa. Pelamordedeus viu, se eu morasse lá ia uma vez por semana.
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Vista do Mercado

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Salada de polvo

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Porco confitado

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Menu degustação da Marlene Vieira

Bom, além disso, NÃO DEIXE DE IR na Pastelaria de Belém. Vai ter um milhão de pessoas na frente, uma fila monstra para pegar os docinhos para levar, porém não se assuste. A rotatividade é alta e logo vaga uma mesa. Sente-se e prepare-se para comer pasteizinhos de nata recém-assados, que vêm com um potinho de canela e açúcar para você polvilhar na hora. O local tem um cheiro de doce no ar, uma coisa. Essa iguaria já entrou para diversas listas de melhores comidas do mundo.

José Avillez é um chef renomado em Portugal, com livros publicados e restaurantes que vão do tradicional revisitado ao moderno. Eu só fui em um, pois assim permitia o orçamento e a paciência dos meus companheiros de viagem. Fui no Café Lisboa (Largo de São Carlos, 23), que fica anexado ao Teatro São Carlos. Um lugar fofo e com personalidade, uma vez que fica num local histórico. A comida é mais simples do que na casa mais famosa, o Belcanto, e mais comida mesmo do que os petiscos oferecidos no Mini Bar. Pode parecer mega estranho o que pedi no Café, mas achei bom de verdade. Foi um pastel, igual a esses que comemos nas feiras do Brasil, recheado de carne de panela, servido com arroz de grelos (isso é só uma verdurinha irmã da couve, calma). De sobremesa, pedi toucinho do céu com sorbet de framboesa. Não foi uma refeição muito cara, só não lembro exatamente quanto custou. Sorry. Ah, é prudente fazer uma reserva. E nos fins de semana, nem pense em tentar jantar em qualquer restaurante melhorzinho de Lisboa sem uma. Tentei encontrar algum site que faça reservas online em Portugal, mas parece que essa facilidade moderna ainda não chegou lá. O jeito é ligar nos estabelecimentos mesmo.
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Pastel de carne com arroz de grelos

Onde fazer compras: Armazéns do Chiado, Rua Pedro V, Rua do Alecrim, Avenida Liberdade e Primark.

Os Armazéns do Chiado têm esse nome estranho, mas nada mais são do que um shopping. Fica em uma ladeira, entre a parte baixa e a alta da cidade, dentro tem Sephora, Kiko e Fnac, entre outras. Na mesma rua, tem uma H&M gigante, com a parte de home décor, que ainda é rara na Europa, Zara e Muji, uma loja japonesa de tranqueiras incríveis, tipo um secador de viagem, superpotente, de 10 cm.

A Rua Pedro V é a mais fashion da capital Portuguesa, com lojas de estilistas locais e algumas multistores conceituais, daquelas tipo Urban Outfitters e Anthropologie. Já a Rua do Alecrim, é uma que sobe do cais para o bairro alto e tem um ar mais moderninho, com lojas de roupa, de objetos para casa e galerias de artistas, bem bacana. A Avenida Liberdade é a Champs-Élysées dos portugas, com flagships de Chanel para cima, mas também algumas coisas mais acessíveis tipo Mango e COS.
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Loja da Alexandra Moura, na Rua Pedro V

Por fim, a Primark é o paraíso de todos nós. Barata, com muitas opções de roupas, para todos os gostos. E quando digo barata, é baraaaaaata. Fica um pouco longe, porém, se você gosta de umas coisinhas diferentes e a preços bem legalzões, vá lá, de metrô. Fica na estação Colégio Militar, perto do estádio do Benfica. Uma ideia é: os meninos podem ver um jogo e as meninas vão comprar, que tal? Bom, eu iria ver o jogo também e depois arrastaria o boy para a loja, já que tá pertinho né.

Onde sair à noite: Na rua cor-de-rosa, que fica na área do cais, ou pelos bares do Bairro Alto.

Pode pular: Castelo de São Jorge. Eu achei sem graça.

Ufa, acho que é isso! Tem muito mais em Lisboa na real, porém, do que conheci, tá tudo aqui 🙂

Três dicas rápidas de fast-food

Em primeiro lugar, isso não é um pleonasmo. Neste blog existe um tipo de post que é direto e reto e chama-se “Dicas Rápidas”, e o tema dessa vez é fast-food, ok?

Existem algumas ocasiões em que é providencial uma comida rápida, na mão, fácil. Pode ser naquele momento da pressa, ou em que o objetivo maior é fazer outra coisa e não perder muito tempo com a refeição. Mas, também não vale a pena comer algo ruim, né?  Eu tenho cada vez menos tolerância para a comida-isopor que nos ofecerem em praças de alimentação por aí. E nem vou entrar no mérito da qualidade dos ingredientes, no que é saudável, na questão de que comer é um ritual, um momento de integração entre as pessoas e afins, até por que o que vou sugerir aqui continua sendo comida com gordura, muitas calorias e para ser consumida de forma ligeira. Porém, feita com mais cuidado, sabor e qualidade. Além disso, os estabelecimentos que vendem tais delícias se encontram estretegicamente próximos a cinemas e baladas, portanto, são ideais para quando bate uma fominha e a ideia não é demorar muito num esquema restaurante. E são locais mais aprazíveis do que uma praça de alimentação de shopping.

Todas as sugestões são na capital paulista. Por ora, é o que dá para fazer… hehehe.

1. OT Burguer do Butcher’s Market  ( Rua Bandeira Paulista, 164)

Chega à mesa com uns 30 centímetros de altura e assusta bastante, mas não se preocupe, mais da metade do seu tamanho são as onion rings, que não passam de acompanhamento, só que são colocadas dentro do sanduíche. A carne é tenra, grelhada no ponto, acompanhada de molho de gorgonzola, picles e bacon. Matador. O local tem uma ambientação nova-iorquina, parece um daqueles bares modernosos do Meat Packing District. Tem uma boa oferta de cervejas, como as americanas Brooklyn e Ballast Point, e os shakes e as sobremesas também são ótimos. Fica pertinho do Kinoplex Itaim e a cozinha só fecha às 12h, o bar à 1h, ou seja, dá para fazer uma boquinha depois do cinema. Também faz promoções em dias de jogos do brasileirão e às sextas-feiras, então é uma boa dica para o happy hour de quem trabalha na região do Itaim, indo além do fast-food.
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2. Texas Dog do The Dog Haus (Rua Bandeira Paulista, 400)

Um pouquinho antes, na mesma rua do Butcher’s, fica essa pequenina e simpática dogueria (inventei essa palavra?). Escolhido pela Veja São Paulo como o melhor cachorro-quente da cidade em 2014, digo que, entre os que já provei, estou de acordo. Recomendo daqui o Texas Dog, que, além da salsicha, que pode ser escolhida entre três ou quatro tipos, leva chimichurri, molho especial e onion crisp. As fritas e a maionese de alho também são ótimas. O atendimento é super simpático e sempre algum dos donos está por lá com a mão na massa. Outro ponto que conta muito a favor: ótima seleção de cervejas! hahaha. Por fim, o horário aqui é bem mais estendido, então se a barriga roncar depois da balada, pode vir que é seguro! De segunda a quarta: 12h – 02h/ De quinta a sábado: 12h – 05h/ Domingo: 14h – 00h.
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3. Taco de Carnitas da Taquería La Sabrosa (Rua Augusta, 1474)

Aquela comida mexicana com a qual estamos acostumados, com muito queijo cheddar, não é o que se come lá no México, de verdade. Ok, é boa também, eu pelo menos gosto, mas não é the real deal. Bom, dito isso, a Taquería La Sabrosa foi criada pela cozinheira mexicana Lourdes Hernández junto do sócio Hugo Delgado, também à frente do restaurante Obá, e seu cardápio foge das receitas tex-mex. Eu fui com uma amiga que morou em México DF e ela achou que a Taquería tá representando bem. Os tacos estavam gostosos, bastante recheados, com carnitas de porco bem temperadas, pico de galo e guacamole. Tomamos sucos de hibisco e tamarindo, sabores típicos do méxico, e adoramos. Fica em frente ao Espaço Itaú de Cinemas, na Augusta, pertinho também de um montão de baladas. Lá é jogo rápido, pede no caixa, pega o rango, come nas mesas coletivas e tchau. Só acho que, pela localização, poderia funcionar até mais tarde: de segunda a quinta: 12h – 00h/ Sexta: 12h – 02h/ Sábado: 13h – 02h/ Domingo: 13h -00h.
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Update: Uma amiga disse que foi na Taqueria La Sabrosa e teve que desistir do pedido para não perder o cinema, por conta da demora. Pode ter sido uma ocorrência pontual ou não. Se alguém tiver alguma observação sobre alguma das casas mencionadas, me conta, gostaria muito de saber. Acho que só com muitas opiniões conseguimos ter uma ideia mais real das coisas, certo? 😉

Roteiro cervejeiro em Berlim

Alemanha e cervejas são indissociáveis, então, ir para lá e não beber algumas parece um desperdício. Nada mais adequado, portanto, do que um roteiro com os melhores lugares para tomar e comprar cerveja em sua capital, a cidade mais legal da Europa, feito pela minha querida amiga Veronica Menzel, mestre na arte e residente local. Quando fiquei uns dias em Berlim, ela foi minha anfitriã, então imagina o bem que passei 😉 Alguns desses lugares também conheci, então dei meus pitacos. Acho que ficou muito bom. Talvez o melhor dos últimos tempos. Divlguem hahahha

Vamos por itens:

1)Microcervejarias e brewpubs – produtoras que têm um bar/restaurante para os clientes

Hops & Barley – Wühlischstr. 22/23
O bairro onde fica essa pequena cervejaria chama-se Friedrichshain e é um dos mais agitados e badalados de Berlim, repleto de bares, restaurantes e baladas. O Hops & Barley é muito aconchegante e dá para provar suas ótimas cervejas por lá mesmo. Além das clássicas da casa, eles fazem mais de uma especialidade sazonal e o mestre cervejeiro é muito gente boa! Às quintas-feiras costuma rolar jazz ao vivo e se não chegar cedo fica impossível sentar. No verão, a casa abre um espaço com mesas na rua, no estilo Biergarten, que fica sempre cheio e animado. É uma ótima opção para tomar boas cervejas artesanais!

Nota da Camila: é comum na Alemanha os espaços Biergarten (ou Beergarden) que são áreas ao ar livre, com mesinhas e jardim, algumas vezes com mais de um fornecedor de cerveja e também com comidinhas. É uma delícia parar em algum desses para passar um tempo. Geralmente, a comida oferecida é o currywurst com batatas, um prato de rua tradicional que consiste em salsicha com molho agridoce parecido com catchup, acompanhada de fritas. Eu adoro!
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Biergarten em Berlim

Brauhaus Lemke – Dircksenstr. 143 – Hackescher Market e Luisenplatz 1
Microcervejaria também muito boa, especializada nos estilos clássicos alemães, sem grandes inovações. As cervejas são bem feitas e gostosas. O restaurante é muito bonito e agradável e tem uma excelente comida alemã, com bons preços. Eles têm dois endereços em Berlim, um no centro, perto da Alexander Platz, que fica embaixo de uma linha de trem (em Hackescher Market) e o outro em frente ao castelo “Schloss Charlottenburg”, por isso quando for ao castelo uma boa recomendação é acabar o passeio na cervejaria, regado a delicias típicas alemãs!

Nota da Camila: uma dica para comer aqui é o spätzle, uma massa grossinha, semelhante na consistência a um nhoque, mas que é cozida num formato compridinho. Na Brauhaus Lemke, é servido com queijo e brócolis. Maravilhoso e acho que nem tão comum no Brasil.

Heidenpeters
Cervejaria artesanal relativamente nova em Berlim e o mais legal é que ela fica dentro do mercado de comidas Markthalle Neun. Ou seja, une-se o útil ao agradável! O mercado é fofo e tem diversas opções de alimentos gourmet e tradicionais. As cervejas são gostosas e a mais famosa é a “Thirsty Lady” que é do estilo American Pale Ale, de cor alaranjada, relativamente leve mas com um sabor balanceado e tem um aroma bastante frutado, com características cítricas. Não espere encontrar as instalações de um bar, a cervejaria é apenas um estande com umas duas mesinhas, mas toda a infraestrutura do mercado está à disposição para ser usada – mais mesas, banheiros, outros estandes para pegar uns petiscos que acompanhem a bebida… vale a pena!

Nota da Camila: provamos a Saison e também é boa!
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Entrada do Mercado

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Estande da Heiden Peters

Rollberger Brauerei – Werbellinstrasse 50
Uma ótima opção para tomar boas cervejas no bairro Neukölln (um dos mais alternativos de Berlim), que fica mais ao sul da cidade. A Rollberger não é tão conhecida e é justamente essa sua graça: ir até lá é fazer algo que os locais fazem! Inclusive suas cervejas são fornecidas para muitos bares e restaurantes no próprio bairro. É também uma brewery mais focada nos estilos tradicionais na Alemanha como Helles, Weizen, Rotes, Maibock e agora fazem a Winterbock. A Winterbock é especialmente boa nesta época do ano, pois no inverno cai muito bem uma cerveja escura, encorpada e mais alcoólica, para esquentar. (No Hemisfério Norte agora está fazendo frio, né).

Pfefferbräu – Schönhauser Allee 176
Este brewpub fica numa localização especial: em um morro chamado Pfeferberg, no bairro de Prenzlauerberg, considerado mais chiquezinho em Berlim. A cervejaria e o restaurante são lindos, supernovos, com uma decoração simples, mas muito bonita. No verão, abrem o Biergarten, na frente do restaurante, e é uma delícia sentar lá. Ainda não fazem muitos tipos de cerveja, mas as que produzem atualmente são boas (os tipos são Helles, Dunkles e alguma sazonal), sem grandes inovações ou excentricidades, talvez para não assustar o tradicional consumidor de cervejas alemão!

Alte Meierei (Potsdam) – Im Neuen Garten 10
Essa cervejaria fica em Potsdam, cidade vizinha de Berlim, a mais ou menos 40 minutos de trem, e é um ótimo passeio de um dia. Lá também fica o famoso castelo Sanssouci, que é imperdível. A cervejaria – tão imperdível quanto – fica à beira de um lindo e enorme lago, em uma antiga fábrica de laticínios (Meierei, da qual herdou o nome). O lugar é mesmo fantástico e as cervejas também. No verão, eles têm uma Berliner Weisse muito boa, que é um estilo antigo de sour beer, típica da região de Berlim, já foi muito consumida, mas está quase extinta nos dias de hoje. É uma cerveja bem leve com aproximadamente 3 – 3,5 % de álcool, ligeiramente azeda e com aroma especialmente frutado, devido ao uso da levedura Brettanomyces. É muito fresca e perfeita para tomar em dias quentes!

Nota da Camila: como assim eu não fui para Postdam? hahaha
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Vista da Cervejaria Meierei

2)Bares de cervejas especiais – não produzem cerveja, mas vendem boas

Hopfenreich
Um dos bares preferidos da Veronica em toda a cidade.

O lugar é uma graça, tem uma chopeira lindíssima construída com máquinários antigos, sobre a qual senta um pequeno porco espinho. Eles têm a maior quantidade de cervejas artesanais no tap (tipo chopeira) da cidade! Costumam dar prioridade para cervejas artesanais da Alemanha, mas têm sempre surpresas e especialidades do mundo todo. Organizam vários eventos de degustações com a presença dos mestres das cervejarias convidadas e por isso é um ótimo lugar para quem gosta de beber e falar de cerveja!

Nota da Camila: tá com o Alemão afiado? 😉

Herman
Este também é um top favorito: o Herman é um bar pequenino, que não tem nem placa, na frente só uma lousa onde se lê “Belgian Beers”, com uma bandeirinha da Bélgica pintada do lado. O dono, um belga muito figura chamado Bart, entende profundamente das cervejas belgas que vende. Uma dica para quem gosta de trocar ideia é sentar no balcão para ficar conversando com ele e aprendendo um pouquinho mais sobre as maravilhas que tem lá!

Nota da Camila: acho uma boa aproveitar para tomar uma Lambic, se o figura tiver. Esse é um tipo raro e caro de cerveja belga, que é fermentada espontaneamente com levedura e tem um sabor mais azedinho. No exterior vai ser cara também, mas no Brasil é um olho da cara!

Ja.Ok. Craft Beer & Food – (Karl Marx Alle 109)
Esse acabou de abrir no último verão e vem organizando muitos eventos com diferentes cervejarias artesanais da Europa como, por exemplo, a hypada Brew Dog. Além disso, oferecem muitas variedades no tap, no mínimo 10 a 15 cervejas diferentes, que são bem interessantes de provar. Eles investem também na qualidade da comida e organizam “food and beer pairing”. O lugar em si não parece tão legal, mas como tem muita variedade da bebida, movimento no mundo cervejeiro e um elo com o mundo foodie, a visita vale a pena.

3)Beer shops:

Essas duas lojas foram escolhidas com carinho por quem entende do riscado!

Bierlieb Beer and Homebrewstore – (Petersburger Str. 30, Friedrichshain, não tem site)
Abriu faz pouco tempo, a loja é fofa e tem boas opções para quem gosta de experimentar novas sensações! Também organiza eventos de degustação e cursos de produção de cerveja caseira.
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Bierlieb Beer and Homebrewstore

Hopfen & Malz  –  (Triftstraße 57)

Essa é a loja de cervejas mais figura e divertida de Berlim, fica no bairro Wedding. Diz a Veronica: “o dono é um tiozão roots que quando você não conhece dá um pouco de medo, mas aí, depois que fui apresentada pelos amigos cervejeiros, ele foi um amor. Ele está sempre sentado em caixas de cerveja na rua, na frente da loja, com outros tiozões bebendo e fumando. Além destas peculiaridades, a loja também tem um ótimo sortimento de cervejas”.

Nota da Camila: Hahahaha adorei! Então, pode ir sem medo, mesmo parecendo uma coisa meio máfia, por que cervejeiro sempre tem bom coração.

A Veronica é mestre cervejeira na cervejaria-piloto do VLB Berlin, que é um instituto de ensino e pesquisa e um prestador de serviços para a indústria cervejeira e de bebidas. O VLB desenvolve estudos para cervejarias do mundo inteiro.

No site é possível descobrir tudo o que o VLB faz e ler sobre os diferentes cursos, workshops, conferências e serviços oferecidos. Vai gente de todas as partes para lá, para aprender mais sobre o mundo da cevada e do lúpulo, inclusive brasileiros. Eu conheci as instalações e posso dizer que o lugar é bem bacana.
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Lúpulos que eu mesma colhi no VLB

Ela se formou mestre cervejeira no “Certified Brewmaster Course” do VLB, em 2011, que é um curso internacional e existe nesse formato desde 2006. É ministrado em inglês e dura seis meses, com período integral de aulas. Durante o curso, os alunos também fazem diversas práticas em laboratórios (aprendendo inúmeras análises físico-químicas e microbiológicas de cerveja e outros componentes do processo, como por exemplo, água, lúpulo, malte, mosto etc), assim como participam de várias práticas de produção (controle de fermentação, filtração etc) na cervejaria.

A Veronica trabalha no instituto desde agosto de 2011: passou pelo laboratório de projetos e está há um ano como mestre na cervejaria.

Fotos: Myheimat, Yelp e Pferfferbräu

Musa: Jessica Lange

Now she walks through her sunken dream
To the seat with the clearest view

And she’s hooked to the silver screen
But the film is a saddening bore

‘Cause she’s lived it ten times or more
She could spit in the eyes of fools as they ask her to focus on
Life on Mars?, David Bowie

Antes tarde do que nunca. Não sei se atribuo a frase a mim mesma, a todo mundo, a Hollywood, a própria atriz ou a um de seus personagens. Fato é que agora a vejo no Olimpo, ao lado de Meryl, Julianne e Fernanda. Pois é, entrei para o grupo dos fãs de American Horror Story (AHS). Assisti às três temporadas e meia de uma vez – o que faço agora com um episódio por semana, somente?

Bom, estou falando de Jessica Lange. Ela ganhou fama e reconhecimento no final dos anos 70 e começo dos 80. O primeiro Oscar veio por seu desempenho como atriz coadjuvante em Tootsie, uma comédia maravilhosa com Dustin Hoffman, em 1982. Já o primeiro sucesso veio antes. Eu, inclusive, tenho a versão de 1976 de King Kong como uma das minhas mais antigas memórias cinematográficas. Também é memorável sua participação em outro clássico das telas, um Scorcese, Cabo do Medo (1991). Em 1994, veio outro homenzinho dourado, dessa vez de melhor atriz pelo filme Céu Azul (quem assistiu?). Muitas atrizes já foram premiadas e tal, mas nem todas ganham realmente aquele status de über estrela, principalmente perante o público, e Jessica passou uns 20 e muitos anos na gaveta.

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King Kong

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Tootsie

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Recebendo o primeiro Oscar, ao lado de Meryl Streep, que levou de melhor atriz por A Escolha de Sofia

O passado provava que muito talento e beleza ela tinha, só faltava alguém resgatar. Um pouco antes dos espertíssimos produtores a escalarem para AHS, ela fez o papel de Big Edie, ao lado de Drew Barrymore, em Grey Gardens (2009), um filme para TV que virou cult. E por ele, ganhou um Emmy de melhor atriz. Uma ocorrência que temos visto muito: obras e performances da telinha superarem as da telona. Como não posso deixar de fazer: eu recomendo muito assitir. Infelizmente, não consegui encontrá-lo disponível em meios legais para dar a dica. Sorry.

Seu estilo em AHS é uma ótima inspiração de moda. A cada temporada, surge uma personagem com suas próprias características, mas todas têm um ar de femme fatale retrô. Mesmo que o enredo se passe em tempos contemporâneos, o figurino sempre traz um perfume de outras décadas, o que combina com suas feições delicadas como as de atrizes de film noir, herdadas da mãe finlandesa e do pai alemão. Jessica também fica perfeita emulando estrelas dos anos 30 e astros do rock com um toque andrógino… porém, não gosto de spoilers, então paro de fazer referências por aqui. Na vida real ela faz uma linha mais classy e sempre aparece lindíssima nos tapetes vermelhos.

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DNA de diva

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Jessica como Fiona Goode, temporada 3 de AHS

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Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

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Jessica como Elsa Mars, temporada 4 de AHS

64th Annual Primetime Emmy Awards - Arrivals
No Emmy Awards 2014

Aos 65 anos, ela está com tudo. É garota-propaganda da linha de maquiagens do Marc Jacobs. Seu próximo trabalho em Hollywood será uma comédia dirigida por Andy Tennant, de Hitch, ao lado de Demi Moore e Shirley MacLaine. Suas covers de hits do rock feitas para AHS atingiram picos de vendas no iTunes. O episódio de estreia da atual e quarta temporada da série teve a maior audiência da história do canal FX, onde é originalmente transmitida nos EUA, com 10 milhões de espectadores.  E a atriz está NEGOCIANDO sua participação na próxima. O produtor-executivo disse que não desistirá dela fácil. Esperamos que a senhora Lange veja o tremendo sucesso que pode deixar para trás. Cabe mencionar que esse trabalho já lhe rendeu dois Emmys e um Globo de Ouro. Sempre dá para encaixar um filme entre gravações. E ganhar outro Oscar. Todos rezam.

Como sambar na cara da dramaturgia é pouco, ela ainda é uma exímia fotógrafa, com dois trabalhos publicados, QUE SERÃO APRESENTADOS EM SÃO PAULO, em fevereiro de  2015.  E a artista deve vir para a abertura da exposição, tá?

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Capa da revista ELLE dos EUA, novembro de 2014

Bônus e mini spoiler: Você não precisa baixar as músicas que Jessica Lange canta em AHS. Fiz uma playlist da série 🙂

P.S. Se Jessica te causou interesse em American Horror Story, vá em frente. Como me disse a Márcia, do blondenoir – que sempre tem ótimas dicas culturais – você nem percebe e já está aplaudindo o desempenho de Lange na série em pé, sozinha, no meio da sala. Cada temporada tem uma história diferente e independente da outra, mas com um elenco-base que se repete. A primeira começa muito bem e termina mal. Mas, as três que a sucedem são excelentes. Eu acho legal ver desde a primeira, pois é muito divertido acompanhar o elenco “reencarnando” em novas histórias. Todas contam com Jessica Lange. E, à partir da segunda, atores muito bons como Sarah Paulson, Evan Peters e Lily Rabe ganham mais espaço, enquanto o time recebe grandes reforços com Kathy Bates, Emma Roberts e Angela Bassett. O Netflix tem as duas primeiras e a Net promete colocar em breve todas no Now. A quarta temporada está no ar na FOX.

Fotos: NY Post, IMDB, Elle, FX, Just Jared

Esse tal de Normcore

Em outubro de 2013, a Box 1824 e a K-Hole divulgaram um estudo definindo uma nova tendência de comportamento no consumo, o Normcore. Tais empresas ficam de olho em novidades socioculturais que despontam, sinalizando caminhos que em breve serão seguidos por todo mundo. O Normcore, no caso, é  “a atitude de transcender a diferenciação industrial em vez de contrapô-la”. Ou seja, abraçar o que é popular, sem se submeter a ele, sem se preocupar em ser mais um, mas sem perder a identidade. É não ter medo de estar com todo mundo, de ser normal.

Outra definição muito vista por aí é “a moda de Seinfeld”, que até virou meme, em referência ao estilo básico, normal, dos personagens da série sobre o nada. A moda sobre o nada?

Pouco mais de um ano depois, passada a edição de inverno 2015 do São Paulo Fashion Week, vimos pipocar matérias falando sobre isso, mais de um estilista declarando que o Normcore foi a referência de sua coleção e fashionistas descrevendo o look do dia como sendo da tendência. Ou seja, o que antes era um papo teórico, agora atingiu o que consumimos.

Por isso, nesse post, pretendo explicar o que é esse tal de Normcore e permear com a minha opinião. O que mais tenho visto na imprensa nacional são guias de como se vestir na tendência. Assim como o pessoal da Box, acho que é mais do que um modismo da indústria, é algo comportamental, portanto mais abrangente. E mais forte do que parece, por isso, relevante.

Como o Normcore se formou

Vejo que alguns pontos culturais e de comportamento se encontraram, unindo pessoas que antes estavam em diferentes esferas da sociedade, em um mesmo movimento, com atitudes e gostos em comum.

Anos 90, the come back:
O primeiro ponto foi o retorno dos anos 90. A indústria se alimenta do passado para nos fazer consumir. Fato. Não dá para ser tão original assim temporada após temporada. Então, quando distância suficiente é tomada, para bater aquela nostalgia, quando já há uma geração que não viveu aquela década consumindo, ela volta. Pronto. E aquela foi a década dos garotos suburbanos, dos amigos que dividiam apartamento, dos roqueiros de garagem, do estilo das ruas, do moletom, da flanela e do tênis. A única coisa que parecia separar os ídolos de seus fãs era a fama.

Outra vertente dos anos 90, a estética minimalista encontra campo fértil agora para crescer. Após um período em que cada um procurava sua individualidade e assim se expressava de forma a se destacar na multidão, as pessoas parecem cansadas de excessos. O minimalismo, mais neutro e clean, é perfeito para construir uma imagem mais normal. Chega de logos, estampas, ostentação ou expressão rebelde no look. Porém, a limpeza do visual não é uma atitude yuppie de aceitação do mainstream. O Normcore é uma atitude ambivalente, aceita o popular, mas não se submete a ele, é mais um posicionamento de deixar de lado a importância de se distinguir e ser apenas mais autêntico.
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*Gisele Bündchen na passarela de Jil Sander – verão/primavera 1999

Alguns exemplos práticos foram vistos na indústria da moda recentemente. Conhecidas pelo estilo coxinha a Abercrombie & Fitch e a Hollister Co., que são do mesmo grupo, anunciaram que irão estrategicamente reduzir os logos de suas roupas, após queda nas vendas no segundo quadrimestre deste ano. Na outra ponta, a hipster Urban Outfitters também foi obrigada a rever seus produtos por conta do mesmo motivo. A marca passa pelo segundo trimestre de perdas e vem sofrendo um revés de imagem após abusar de seu caráter ousado. Camisetas com frases do tipo “coma menos”, e um moletom com o emblema da Universidade de Kent e respingos de sangue, fazendo alusão a um massacre ocorrido na instituição em 1970, vêm causando aversão a seus consumidores.

Não temos mais idade, nem gênero:
A estética minimalista também se casa com outras duas ~tendências~ galopantes. Ou melhor, como eu prefiro ver, duas barreiras que caíram: gênero e idade. Cada vez mais, o que fazemos, consumimos e usamos não é mais determinado por padrões de gênero ou idade. Eu posso usar a mesma roupa do meu irmão ou da minha avó e vice-versa e reversa. Temos visto diversas manifestações nesse sentido, inclusive publicitárias. Sobre o tema gênero, até EU já fiz post hahahaha. Já a idade, quem se importa com isso? A geração Y ouve música do Pharrell Willians, 41 anos, os baby boomers leem a Tavi Gevinson, 18 anos. E todos nós idolatramos a Jessica Lange.
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*Jessica Lange em campanha publicitária da linha de maquiagens de Marc Jacobs

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*Imagem do lookbook de primavera/2015 da marca japonesa Uniqlo: meninas e meninos podem trocar os looks

The unfashion:

Assim como os ultrapassados tutoriais de etiqueta, a seção de “certo e errado” de uma revista de moda não tem mais muita força. Nos últimos anos, a moda tem estado menos engessada por mandamentos das passarelas, enquanto a voz das ruas tem ganhado indiscutível relevância. Dessa forma, o estilo próprio e original nunca foi tão verdadeiro. Mas houve tanta ânsia por buscar uma diferenciação, que surgiram estéticas superpoluídas e vazias de sentido. A facilidade de troca e acesso à informações também alimentou esse processo. Hoje, qualquer um copia qualquer um, inclusive as grandes marcas. Assim, o visual alternativo já vem empacotado e pronto para ser comprado. Não tem mais nada de alternativo nisso. E pode até levar a sérios casos de problemas de interpretação – vide o que aconteceu com a Urban Outfitters. Isso fez com que surgisse uma vontade de ir contra a corrente da diferenciação. Ninguém mais quer agir ou parecer muito “malucão”. Se montar todo parece um grito desesperado por atenção.

O minimalismo, portanto, se torna a forma estética confortável, ou viável, que se encaixa em todos esses aspectos. E o popular deixa de ter caráter pejorativo, de medíocre, ordinário, insosso, para ser apenas aquilo que todos gostam, independente de idade, sexo, nacionalidade.

Conclusão:
Normcore é a atitude de transcender a diferenciação industrial em vez de contrapô-la. Não é se misturar e se dissolver. É ter empatia e conectividade. Criamos vínculos quando temos gostos em comum. Normais. Eu estou de acordo com a definição da Box e da K-Hole: “Normcore se distancia de uma noção de cool baseada na diferença e adota um modelo de pós-autenticidade que opta pela igualdade. Porém, ao invés de se apropriar de uma versão estereotipada do mainstream, faz bom uso de cada situação presente. Para ser verdadeiramente Normcore, é preciso entender que o normal na verdade não existe. (…) A individualidade já foi uma promessa de liberdade pessoal — uma forma de viver a vida nos seus próprios termos. Entretanto, esses termos foram ficando tão específicos que acabamos nos isolando. A ideia de Normcore busca uma liberdade proveniente da não-exclusividade. É a libertação em não ser tão especial e o entendimento de que só a adaptabilidade leva ao pertencimento”.

Normcore na moda
Um dos trabalhos mais emblemáticos que vi foi um editorial da Revista Hot and Cool N. 5 (primavera 2013) feito com fotos do Google Street View. Um tapa na cara dos blogs de street style. Isso sim é a coisa real. Gente com roupas legais, de verdade, na rua.

Se você gosta de moda e tem prazer em montar um look, isso significa só uma coisa: tudo bem usar o que você quiser e também, pelo amor de Deus, algo que seja “sem marca” ou não pareça tirado do armário da Anna Dello Russo. Ainda assim, sair com uma calça jeans e um moletom pode ser gostoso, mas demonstrar estilo é usar peças com bom caimento, é deixar com a sua cara, dobrar uma barrinha, adicionar um colar, colocar um sapato diferente, deixar mais bonito. Por que o que é bonito e interessante vai continuar sendo bonito e interessante até o fim dos tempos, não importa a tendência. Sobretudo, é levar em conta a velha máxima de Coco Chanel “A moda sai de moda, o estilo não”. A GAP fez uma ótima campanha aproveitando o Normcore, afinal, os neutros e os básicos deixam sua personalidade brilhar. E esse filme diz muito:

http://www.youtube.com/watch?v=6FJUSftHfKY

E para os que gostam de ver umas peças de roupas bem combinadas, seguem os três looks que fizeram mais sucesso no meu painel Normcore do Pinterest.

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Fotos: Marc Jacobs, intothegloss.com, Harpers Bazaar/Diego Zuko, Uniqlo